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30/09/2005 - 17h13

Polícia quis bloquear investigação do caso Jean

BRUNO GARCEZ
da BBC Brasil

O comandante da Polícia Metropolitana de Londres, Ian Blair, pediu a suspensão da lei britânica que obrigaria a polícia a dar informações sobre a morte de Jean Charles de Menezes à Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês), o órgão que assumiu a investigação independente sobre a morte do eletricista.

A revelação foi feita nesta sexta-feira após a divulgação de cartas trocadas entre Blair e um representante do Ministério do Interior no dia da morte do brasileiro.

A correspondência foi divulgada dentro do chamado Freedom of Information Act --a lei britânica que estabelece o direito à liberdade de informação.

No dia da morte, o chefe de polícia afirmou pede "para que a (investigação da) morte que acaba de acontecer em Stockwell não seja encaminhada ao IPCC e que eles não tenham, por enquanto, acesso ao local em que o incidente ocorreu".

Blair afirmou ainda em sua carta que havia por parte da polícia "muito receio em revelar (ao IPCC) as nossas táticas e as fontes de informação com as quais estamos operando".

A investigação do IPCC acabou começando com dias de atraso.

Contraterrorismo

Na correspondência, o comissário de polícia afirmou que a investigação seria realizada por uma divisão da Polícia Metropolitana e que ela seria "rigorosa, mas sujeita às necessidades da operação de contraterrorismo".

Blair acrescentou ainda que em "uma situação urgente, em que terroristas atuam em diversos locais, nos quais militantes suicidas contam com grandes oportunidades, um oficial de polícia deveria poder suspender o Ato de Reforma Policial de 2002, que exige que nós passemos todas as informações que o IPCC exigir".

Segundo o comissário, a missão do IPCC de "dar o máximo de informações à família da vítima, pode colocar vidas em risco".

Blair solicitou ainda a "maximização da proteção legal a oficiais que lidam com supostos homens-bomba". De acordo com o chefe de polícia, não havia a intenção de eximir os policiais ou impedir uma "investigação (e um indiciamento, caso se chegue por fim à conclusão de que eles tiveram uma conduta ilegal). Mas estou confiante que as autoridades da promotoria levarão em conta as pressões sob as quais a polícia está operando dentro do contexto do terrorismo".

Resposta

A carta de Blair foi enviada a um representante do Ministério do Interior, com uma cópia destinada a Nick Hardwick, o diretor do IPCC.

Na resposta a Blair, o secretário permanente do Ministério do Interior, John Gieve, diz "compreender a pressão que ele (Blair) e seus subordinados estão sofrendo e os perigos que estão enfrentando", mas ele acrescenta não acreditar ser possível suspender o Ato de Reforma da Polícia, como sugerido por Blair.

Alex Pereira, um dos primos de Jean Charles de Menezes, disse à BBC Brasil que a ação da polícia britânica "parece a política brasileira", porque eles "estão fazendo uma bagunça para confundir a cabeça da gente, para que a gente não saiba quem tem culpa, quem fez a coisa errada".

E ele acrescentou: "Para trapacear com brasileiro, tem que ser muito bom. E eles parecem não ser tão bons no que fazem. Estão tentando fugir por uma porta que não existe. Eles ainda estão tentando fazer tudo o que podem para bagunçar a coisa".

Mas ele acrescentou que o pai, a mãe e o irmão de Jean Charles ainda não estavam a par da correspondência e acrescentou que a família precisa ler os textos com atenção para chegar a uma conclusão sobre tudo.
 

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