Publicidade
Publicidade
25/10/2005
-
17h42
da BBC Brasil
A maioria que aprovou a Constituição iraquiana parece impressionante – 78,59% contra 21,41% –, mas os resultados escondem uma forte votação contrária da população sunita que não ficou longe de barrar a nova Carta.
No final, os sunitas tiveram dois terços de votos negativos em duas províncias – Salahuddin e Anbar –, mas uma maioria de apenas 55% em uma terceira, Nineveh.
Eles precisavam de dois terços em três províncias para bloquear a Constituição.
A aprovação foi conseguida, portanto, pelos maiores grupos populacionais, os xiitas e os curdos.
Ambos são beneficiados pelo documento, conseguindo governos regionais com um alto grau de autonomia e acesso exclusivo aos futuros campos de petróleo. A atual produção poderia ainda ser dividida entre todas as províncias.
Pelo menos desta vez, muitos dos sunitas votaram, em lugar de sua recusa em fazê-lo nas eleições para a atual Assembléia de Transição em janeiro.
Nesta medida pode-se dizer que eles se integraram no processo político, apesar de sua atitude negativa para a Constituição na qual suas perspectivas não são boas.
Eleições
O resultado do referendo abre o caminho para eleições até 15 de dezembro para um governo constitucional com um mandato de quatro anos.
Porém o resultado não significa o começo de um processo político normal no Iraque. É um marco no caminho, mas não o objetivo final.
O ex-representante britânico na Autoridade da Coalizão, Jeremy Greenstock, enfatizou a necessidade de os sunitas serem incluídos nas eleições de dezembro e depois na Assembléia Nacional.
No momento, eles estão sub-representados porque boicotaram as eleições de janeiro.
"É excelente ver o Iraque passar com sucesso por esse estágio instável. É uma Constituição extraordinária para essa região, e os resultados mostram o quão dispostos estão os iraquianos a chegar ao próximo estágio", disse ele à BBC.
"Mas a forte votação sunita contra o acordo mostra que muito mais negociações são necessárias. As três comunidades precisam caminhar adiante juntas. Todos concordaram em seguir discutindo como garantir a participação sunita nas eleições de dezembro e a representação correta na nova Assembléia Nacional."
Força da insurgência
E claramente todo o tempo, ameaçando o progresso político, há a força da insurgência.
Apenas na segunda-feira três grandes bombas explodiram no coração de Bagdá, do lado de fora dos hotéis usados por funcionários e jornalistas estrangeiros.
Essa foi uma clara demonstração de oposição ao processo constitucional.
Se a política terá qualquer efeito sobre os rebeldes ainda é algo a ser verificado. Até agora, todos os variados estágios que foram proclamados pela coalizão e pelo governo iraquiano como decisivos mostraram-se não ser tão decisivos.
Os resultados funcionarão um pouco como um ânimo moral para o presidente americano, George W. Bush, que enfrenta a perspectiva iminente de ver as mortes de militares dos EUA no Iraque chegar a 2 mil.
Por si só, esse número tem pouco significado. Sua importância é que representa uma crescente taxa de mortes que está cobrando seu preço na política doméstica, além do custo em vidas humanas no conflito.
Aprovação da Carta é um passo, não o objetivo final
PAUL REYNOLDSda BBC Brasil
A maioria que aprovou a Constituição iraquiana parece impressionante – 78,59% contra 21,41% –, mas os resultados escondem uma forte votação contrária da população sunita que não ficou longe de barrar a nova Carta.
No final, os sunitas tiveram dois terços de votos negativos em duas províncias – Salahuddin e Anbar –, mas uma maioria de apenas 55% em uma terceira, Nineveh.
Eles precisavam de dois terços em três províncias para bloquear a Constituição.
A aprovação foi conseguida, portanto, pelos maiores grupos populacionais, os xiitas e os curdos.
Ambos são beneficiados pelo documento, conseguindo governos regionais com um alto grau de autonomia e acesso exclusivo aos futuros campos de petróleo. A atual produção poderia ainda ser dividida entre todas as províncias.
Pelo menos desta vez, muitos dos sunitas votaram, em lugar de sua recusa em fazê-lo nas eleições para a atual Assembléia de Transição em janeiro.
Nesta medida pode-se dizer que eles se integraram no processo político, apesar de sua atitude negativa para a Constituição na qual suas perspectivas não são boas.
Eleições
O resultado do referendo abre o caminho para eleições até 15 de dezembro para um governo constitucional com um mandato de quatro anos.
Porém o resultado não significa o começo de um processo político normal no Iraque. É um marco no caminho, mas não o objetivo final.
O ex-representante britânico na Autoridade da Coalizão, Jeremy Greenstock, enfatizou a necessidade de os sunitas serem incluídos nas eleições de dezembro e depois na Assembléia Nacional.
No momento, eles estão sub-representados porque boicotaram as eleições de janeiro.
"É excelente ver o Iraque passar com sucesso por esse estágio instável. É uma Constituição extraordinária para essa região, e os resultados mostram o quão dispostos estão os iraquianos a chegar ao próximo estágio", disse ele à BBC.
"Mas a forte votação sunita contra o acordo mostra que muito mais negociações são necessárias. As três comunidades precisam caminhar adiante juntas. Todos concordaram em seguir discutindo como garantir a participação sunita nas eleições de dezembro e a representação correta na nova Assembléia Nacional."
Força da insurgência
E claramente todo o tempo, ameaçando o progresso político, há a força da insurgência.
Apenas na segunda-feira três grandes bombas explodiram no coração de Bagdá, do lado de fora dos hotéis usados por funcionários e jornalistas estrangeiros.
Essa foi uma clara demonstração de oposição ao processo constitucional.
Se a política terá qualquer efeito sobre os rebeldes ainda é algo a ser verificado. Até agora, todos os variados estágios que foram proclamados pela coalizão e pelo governo iraquiano como decisivos mostraram-se não ser tão decisivos.
Os resultados funcionarão um pouco como um ânimo moral para o presidente americano, George W. Bush, que enfrenta a perspectiva iminente de ver as mortes de militares dos EUA no Iraque chegar a 2 mil.
Por si só, esse número tem pouco significado. Sua importância é que representa uma crescente taxa de mortes que está cobrando seu preço na política doméstica, além do custo em vidas humanas no conflito.
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice