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22/11/2005 - 14h54

Análise: Com Merkel, futuro da Alemanha é nebuloso

GIANNI CARTA
da BBC Brasil, em Paris

Pela primeira vez na história da Alemanha, o Parlamento alemão votou, nesta terça-feira, dia 22, numa mulher para o cargo de primeiro-ministro, a conservadora democrata-cristã Angela Merkel.

Será, também, a primeira vez que um político do leste alemão ocupará o cargo.

Mas, diante da coalizão de centro-direita e centro-esquerda, a questão que se coloca é esta: esse governo vai durar quatro anos?

Com uma margem de vitória mínima sobre os social-democratas, nas legislativas de setembro, a aliança conservadora de Merkel, de 51 anos, está pisando em ovos.

Sem fazer maiores rodeios, o substituto do ex-chanceler Gerhard Schröder na liderança do Partido Social-Democrata (SPD), Matthias Platzeck, 51 anos, foi categório: "Este será um casamento de fachada".

Com oito ministérios, incluindo os do Exterior, das Finanças e do Trabalho, o SPD de Platzeck terá, de fato, grande poder de manobra.

Por sua vez, o Partido Democrata Cristão (CDU) de Merkel e sua aliada, a União Social Cristã (CSU), contam com oito ministérios, incluindo o de chanceler (premiê), Defesa e Economia.

Nas negociações iniciais, o SPD aceitou o aumento do imposto sobre a circulação de mercadorias, de 16% para 19%. Mas, em troca, os social-democratas conseguiram o aumento, de 42% para 45%, do Imposto de Renda para quem ganha mais de US$ 290 mil ao ano.

Os conservadores também se viram forçados a postergar reformas do mercado do trabalho e do sistema público de saúde.

Porém Merkel impôs certas condições: aqueles com receitas baixas terão de realizar maiores contribuições para as pensões estatais – e perderão certos benefícios na área de impostos.

E patrões terão maiores poderes para contratar e desempregar seus funcionários.

Com um nível alarmante de desemprego, de 11,6%, e crescimento de apenas 0,8% neste ano, a Alemanha precisa urgentemente de reformas.

Há quem diga que a falta de reformas estruturais levará o país a uma recessão.

Política externa

Em termos de política exterior, Merkel será um alívio para George W. Bush. Em 2003, quando Gerhard Schröder se recusava a invadir o Iraque, Merkel apoiava a decisão de Bush.

Merkel defende uma política de aproximação com Washington. Coisa que Schröder jamais quis: sua política externa era voltada para uma aliança com a União Européia (UE), não com os Estados Unidos.

O único ponto em que Schröder e Bush se entendiam era na aceitação da Turquia no seio da UE. Merkel quer dar uma "parceria privilegiada"’ para a Turquia – e nada mais.

Entretanto, mesmo no campo de política exterior, a nova chanceler terá obstáculos no seu próprio governo. Frank-Walter Steinmeier, o braço direito de Schröder, será, na nova coalizão, o ministro do Exterior.

O governo Bush, é evidente, não vê Steinmeier com bons olhos.

Mas, ideologias à parte, há quem diga que Merkel e Platzeck talvez se entendam. Platzeck, atual primeiro-ministro do Estado de Brandenburgo (cargo que pretende manter na liderança do SPD), também nasceu no leste alemão.

Ele pertence à mesma geração de Merkel, embora tenha tomado outro rumo político. Passou pelo Partido Verde, antes de entrar para o SPD, em 1995.

E, embora não seja um neoliberal como Merkel, Platzeck poderá optar pelo pragmatismo para chegar ao cargo de primeiro-ministro.
 

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