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08/12/2005
-
10h36
da BBC Brasil, em Santiago (Chile)
A poucas horas do final da campanha eleitoral, nesta quinta-feira, os candidatos da oposição à Presidência do Chile acertaram uma aliança, já pensando no segundo turno do pleito.
O empresário Sebastián Piñera, do RN, e Joaquín Lavín, da UDI, fizeram um "acordo de cavalheiros", como confirmou o cientista político Manuel Antonio Garretón, da Universidade do Chile.
Os dois, definidos como representantes da direita, estão na expectativa de que a ex-ministra da Saúde e da Defesa Michelle Bachelet, líder nas pesquisas de opinião, não vencerá as eleições neste domingo (11).
"O sentimento geral dos chilenos e nos comandos das campanhas é o de que haverá segundo turno, mas ainda tenho minhas dúvidas", disse Garretón.
Ele acredita que a candidata socialista, que tem o apoio do presidente Ricardo Lagos, também socialista, reunirá os votos necessários (50% mais um) para assumir o Palácio presidencial de La Moneda, em março de 2006.
Maioria
Na noite desta quarta-feira, quando se preparava para entrar no palco de seu último comício, no Estádio Nacional, na capital chilena, o presidenciável Joaquín Lavín disse à BBC Brasil: "Vai haver segundo turno. E será entre Michelle Bachelet e Joaquín Lavín".
Quando perguntado sobre a informação, divulgada pela imprensa chilena, de que pretende formar uma aliança com Piñera, o ex-prefeito de Santiago, Lavín respondeu: "Não tenho a menor dúvida de que no segundo turno, no dia 15 de janeiro, Sebastián Piñera e os que hoje o apóiam vão estar comigo".
O acordo entre eles, segundo assessores das campanhas, é que o candidato que sair na frente no domingo receberá apoio do outro, em caso de segundo turno.
Durante o comício de Lavín, foram distribuídos panfletos dele, defendendo "mano dura contra la delincuencia" (mão dura contra a delinqüência).
O candidato disse que essa eleição "tranqüila" é a prova de que o Chile vive um momento de "respeito à democracia". Hoje, segundo algumas pesquisas de opinião, como o CEP e o IPSOS, Lavín e Piñera estão tecnicamente empatados, com cerca de 20% dos votos.
Mas o empresário Piñera, dono da companhia aérea Lan, está à frente por 2%, 4% ou até mais votos, dependendo do levantamento. Bachelet aparece com cerca de 38%, 6% a 9% pontos menos que há um mês.
Líder
Na contagem regressiva para o pleito de domingo, ela cancelou seu último comício, marcado para esta quarta-feira, devido a um acidente de ônibus que deixou cinco de seus seguidores mortos.
Médica, separada e elogiada por sua gestão nas duas pastas que ocupou durante o governo Lagos, Bachelet disse à revista Caras, do Chile, que não vê problema algum em ter que enfrentar um segundo turno.
"No primeiro ou no segundo turno, acho que vencerei e serei a primeira mulher a ser presidente do Chile", afirmou.
Nesta semana, Ricardo Lagos, que deixará o governo após seis anos no cargo, disse, num programa da TV chilena, que "Bachelet vencerá duas vezes", referindo-se a domingo próximo e ao dia 15 de janeiro.
Bachelet, de acordo com diferentes analistas, conquistou o eleitorado de esquerda e de centro, a partir da sua base política, a Concertación - Partido Socialista e Democracia Cristã. Se vencer, representará o quarto governo desta frente que nasceu com a volta da democracia em 1989.
Como Lagos, Bachelet foi contra a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Mas seus opositores são acusados, como recordou Garretón, ou de não terem atuado para combater a repressão ou de terem sido simpatizantes a ela.
"Lavín é da UDI, partido que representa a direita pinochetista. Ele tentou se separar desta imagem, dizendo que desconhecia as contas bancárias de Pinochet, recentemente descobertas no exterior, e que também não sabia dos crimes de direitos humanos", afirmou o analista político.
"Mas ele votou 'sim' no plebiscito de 88." Aquele plebiscito foi realizado para saber se a população queria ou não a continuidade da ditadura de Pinochet, que chegara ao poder após ataque sangrento contra o governo de Salvador Allende, em 1973. Naquele plebiscito, Lagos ganhou protagonismo ao defender, na TV, seu voto pelo "não".
O empresário Sebastián Piñera, um dos mais ricos do Chile e da região, tem a simpatia do eleitorado das classes mais altas. "Mas ele votou pelo 'não' naquele plebiscito e agora está tentando conquistar também o voto de centro", destacou Garretón.
O voto de centro é reconhecido, principalmente, pela Democracia Cristã, partido que vem encolhendo à medida que o socialismo cresce.
Neste domingo, além de votar para presidente, os chilenos darão voto para a renovação da Câmara dos Deputados e metade do Senado.
Nas ruas de Santiago, chamam a atenção os diferentes cartazes dos postulantes. "Estoy contigo" é a frase que acompanha a foto de Bachelet; "Confianza", de Lavín, e "Um país mejor", de Piñera.
Outro cartaz destacado é o da ex-presidenciável Soledad Alvear, da Democracia Cristã. Ela quase disputou as internas (convenção) com Bachelet, mas preferiu candidatar-se a senadora.
O resultado da campanha eleitoral deverá ser conhecido neste domingo.
Oposição no Chile já faz aliança para 2º turno
MARCIA CARMOda BBC Brasil, em Santiago (Chile)
A poucas horas do final da campanha eleitoral, nesta quinta-feira, os candidatos da oposição à Presidência do Chile acertaram uma aliança, já pensando no segundo turno do pleito.
O empresário Sebastián Piñera, do RN, e Joaquín Lavín, da UDI, fizeram um "acordo de cavalheiros", como confirmou o cientista político Manuel Antonio Garretón, da Universidade do Chile.
Os dois, definidos como representantes da direita, estão na expectativa de que a ex-ministra da Saúde e da Defesa Michelle Bachelet, líder nas pesquisas de opinião, não vencerá as eleições neste domingo (11).
"O sentimento geral dos chilenos e nos comandos das campanhas é o de que haverá segundo turno, mas ainda tenho minhas dúvidas", disse Garretón.
Ele acredita que a candidata socialista, que tem o apoio do presidente Ricardo Lagos, também socialista, reunirá os votos necessários (50% mais um) para assumir o Palácio presidencial de La Moneda, em março de 2006.
Maioria
Na noite desta quarta-feira, quando se preparava para entrar no palco de seu último comício, no Estádio Nacional, na capital chilena, o presidenciável Joaquín Lavín disse à BBC Brasil: "Vai haver segundo turno. E será entre Michelle Bachelet e Joaquín Lavín".
Quando perguntado sobre a informação, divulgada pela imprensa chilena, de que pretende formar uma aliança com Piñera, o ex-prefeito de Santiago, Lavín respondeu: "Não tenho a menor dúvida de que no segundo turno, no dia 15 de janeiro, Sebastián Piñera e os que hoje o apóiam vão estar comigo".
O acordo entre eles, segundo assessores das campanhas, é que o candidato que sair na frente no domingo receberá apoio do outro, em caso de segundo turno.
Durante o comício de Lavín, foram distribuídos panfletos dele, defendendo "mano dura contra la delincuencia" (mão dura contra a delinqüência).
O candidato disse que essa eleição "tranqüila" é a prova de que o Chile vive um momento de "respeito à democracia". Hoje, segundo algumas pesquisas de opinião, como o CEP e o IPSOS, Lavín e Piñera estão tecnicamente empatados, com cerca de 20% dos votos.
Mas o empresário Piñera, dono da companhia aérea Lan, está à frente por 2%, 4% ou até mais votos, dependendo do levantamento. Bachelet aparece com cerca de 38%, 6% a 9% pontos menos que há um mês.
Líder
Na contagem regressiva para o pleito de domingo, ela cancelou seu último comício, marcado para esta quarta-feira, devido a um acidente de ônibus que deixou cinco de seus seguidores mortos.
Médica, separada e elogiada por sua gestão nas duas pastas que ocupou durante o governo Lagos, Bachelet disse à revista Caras, do Chile, que não vê problema algum em ter que enfrentar um segundo turno.
"No primeiro ou no segundo turno, acho que vencerei e serei a primeira mulher a ser presidente do Chile", afirmou.
Nesta semana, Ricardo Lagos, que deixará o governo após seis anos no cargo, disse, num programa da TV chilena, que "Bachelet vencerá duas vezes", referindo-se a domingo próximo e ao dia 15 de janeiro.
Bachelet, de acordo com diferentes analistas, conquistou o eleitorado de esquerda e de centro, a partir da sua base política, a Concertación - Partido Socialista e Democracia Cristã. Se vencer, representará o quarto governo desta frente que nasceu com a volta da democracia em 1989.
Como Lagos, Bachelet foi contra a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Mas seus opositores são acusados, como recordou Garretón, ou de não terem atuado para combater a repressão ou de terem sido simpatizantes a ela.
"Lavín é da UDI, partido que representa a direita pinochetista. Ele tentou se separar desta imagem, dizendo que desconhecia as contas bancárias de Pinochet, recentemente descobertas no exterior, e que também não sabia dos crimes de direitos humanos", afirmou o analista político.
"Mas ele votou 'sim' no plebiscito de 88." Aquele plebiscito foi realizado para saber se a população queria ou não a continuidade da ditadura de Pinochet, que chegara ao poder após ataque sangrento contra o governo de Salvador Allende, em 1973. Naquele plebiscito, Lagos ganhou protagonismo ao defender, na TV, seu voto pelo "não".
O empresário Sebastián Piñera, um dos mais ricos do Chile e da região, tem a simpatia do eleitorado das classes mais altas. "Mas ele votou pelo 'não' naquele plebiscito e agora está tentando conquistar também o voto de centro", destacou Garretón.
O voto de centro é reconhecido, principalmente, pela Democracia Cristã, partido que vem encolhendo à medida que o socialismo cresce.
Neste domingo, além de votar para presidente, os chilenos darão voto para a renovação da Câmara dos Deputados e metade do Senado.
Nas ruas de Santiago, chamam a atenção os diferentes cartazes dos postulantes. "Estoy contigo" é a frase que acompanha a foto de Bachelet; "Confianza", de Lavín, e "Um país mejor", de Piñera.
Outro cartaz destacado é o da ex-presidenciável Soledad Alvear, da Democracia Cristã. Ela quase disputou as internas (convenção) com Bachelet, mas preferiu candidatar-se a senadora.
O resultado da campanha eleitoral deverá ser conhecido neste domingo.
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