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15/12/2005 - 08h46

Presidente diz que atualmente não liga para pesquisas

CAROLINA GLYCERIO
da BBC Brasil, em Bogotá

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse antes deixar a Colômbia nesta quarta-feira que as pesquisas de intenção de voto não lhe interessam neste momento.

"Pesquisa por enquanto interessa aos outros, não a mim", afirmou o presidente, respondendo a uma pergunta sobre a última pesquisa eleitoral divulgada pelo Ibope, indicando que ele perderia para o prefeito José Serra em um eventual segundo turno em 2006.

Lula se recusou a comentar a informação de que a Venezuela teria decidido embargar a carne bovina brasileira por causa da descoberta de focos de febre aftosa no país.

O presidente disse que "não pode comentar boato". Ele afirmou que ,"se tiver problema", discutirá o assunto diretamente com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, durante a sua visita a Pernambuco nesta sexta-feira.

Lula citou um incidente parecido com o Chile, que teria resolvido em discussões informais com o presidente Ricardo Lagos.

Encontro com Uribe

Lula falou com a imprensa depois de deixar o Congresso colombiano, onde foi homenageado e discursou, numa intensa programação oficial, cujo ponto alto foi o encontro com o presidente Álvaro Uribe.

Os dois presidentes assinaram acordos de cooperação policial na fronteira com o objetivo de coibir "delitos praticados pelas organizações criminosas transnacionais, tais como o tráfico ilícito de entorpecentes e substâncias psicotrópicas, o tráfico ilícito de armas, a lavagem de ativos e o terrorismo".

Em discurso após o encontro, o presidente defendeu a integração dos países da América do Sul baseada na parceria e não na hegemonia.

"A única possibilidade de consolidar a integração da América do Sul é acreditar na democracia como instrumento de relações internacionais, sem hegemonia de um país sobre o outro, independentemente de seu tamanho, de sua indústria, do seu PIB. A palavra hegemonia tem que ser abolida e no seu lugar ser colocada a palavra parceria", afirmou.

Lula acrescentou que o Brasil não quer preterir os Estados Unidos, que definiu como um grande parceiro da Colômbia e do Brasil, nem a União Européia ou o Japão, mas defendeu uma ordem mundial sem "assimetrias".

Para o presidente, como maior país da região, o Brasil tem mais responsabilidades com seus vizinhos. Ele citou, por exemplo, o desequilíbrio na balança comercial entre o Brasil e a Colômbia.

"O Brasil não pode ter um superávit de US$ 900 milhões com a Colômbia", disse.

"Acho que devemos vender mais para a Colômbia e tem que comprar mais da Colômbia. Na minha cabeça, o comércio internacional justo é o equilibrado".

OMC

Falando sobre as negociações da OMC em Hong Kong, Lula afirmou que os países ricos, apesar de defenderem o comércio justo no discurso, se negam a conceder uma participação maior dos países em desenvolvimento no comércio mundial. "Não pelo valor econômico, mas pelo valor político", disse.

O presidente disse que, no mundo globalizado, "quem não briga, fica atrás".

"A América do Sul pode fazer no século 21 o que a Europa fez no século 19. Se acreditarmos, o século 21 pode ser o século da América do Sul", afirmou.

Segundo o presidente, a região só será "socialmente justa quando os países ricos ajudarem os mais pobres".

Dirigindo-se a Uribe, Lula disse que os dois não haviam conseguido fazer tudo que queriam e que tanto o mandato dele como o do colombiano acabavam no ano que vem.

Uribe deverá concorrer à reeleição em 2006, mas, ao contrário do presidente Lula, conta com altos índices de popularidade e é visto como favorito.

Lula acrescentou, no entanto, que os dois avançaram em poucos anos o que "poderia ter sido alcançado em 20, 30 anos atrás", mas que esses ganhos podem ser comprometidos se "elegermos dirigentes que não pensam além do seu umbigo".

"Eu tenho muito orgulho das coisas que estamos fazendo e das coisas que estamos colhendo."

Boas notícias

Lula também afirmou ter recebido "boas notícias" durante a sua visita à Colômbia.

Primeiro, ele mencionou a decisão do governo brasileiro de devolver ao FMI US$ 14 bilhões que só deveriam ser pagos em 2007.

O presidente disse que a segunda boa notícia foi saber que o presidente Álvaro Uribe aceitou uma proposta européia de abrir negociações com as Farc para a libertação de reféns em troca da desmilitarização de uma área no sul do país.

A terceira, disse Lula em tom de brincadeira, foi a vitória do São Paulo Futebol Clube sobre o time Al-Ittihad, da Arábia Saudita, no Mundial de Clubes da Fifa, que está sendo disputado no Japão.

O presidente Álvaro Uribe, por sua vez, disse que o Brasil é o melhor exemplo de uma política que combina consolidação de investimentos com políticas sociais.

"Companheiro"

Em um compromisso anterior em Bogotá, Lula teve um encontro com o prefeito de Bogotá, Luis Eduardo Garzón, que manifestou apoio à reeleição do presidente brasileiro.

O prefeito disse "estar torcendo para que (Lula) vá o melhor possível nesta campanha".

O presidente retribuiu os elogios, chamando várias vezes de "companheiro Lucho" e "meu amigo" o prefeito, que foi adversário de Uribe nas eleições de 2002.

"É com profunda emoção que recordo da nossa trajetória comum e das lutas que compartilhamos no movimento sindical", disse Lula.

Em menos de 20 horas na Colômbia, Lula participou de cerimônia oficial no palácio presidencial, visitou o Museu Quinta de Bolívar, encontrou-se com o presidente Uribe e visitou a Suprema Corte e o Congresso.

O presidente deixou a capital colombiana por volta de 18h20 (21h20 em Brasília).

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