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13/01/2006 - 03h27

Candidatos fazem últimos comícios antes de 2º turno

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Santiago

No seu último comício antes do segundo turno das eleições presidenciais no domingo, a candidata Michelle Bachelet reiterou que será a primeira mulher presidente do país.

Cercada por ministros do governo do presidente Ricardo Lagos, parlamentares, do espanhol Felipe González, artistas e da família, ela apelou aos eleitores nesta quinta-feira.

"Os que não votaram em mim no primeiro turno, podem confiar e ter esperanças e querem um país mais justo" disse ela.

Num discurso de cerca de quinze minutos, Bachelet voltou a elogiar o governo do atual presidente Ricardo Lagos, provocando aplausos na multidão, mas imprimiu sua própria marca.

"No meu governo direi sempre o que penso. Palavra de mulher". A platéia voltou a aplaudir.

Mas foram alguns dos raros os momentos de entusiasmo durante sua fala, marcada também pelo desabafo da candidata. "A ditadura foi a época mais dura do país e da minha vida", afirmou referindo-se aos anos de governo de Augusto Pinochet, entre 1973 e 1989. Ela ainda citou vítimas daqueles anos, provocando comoção.

Foi uma das poucas vezes em que a ex-ministra da Defesa e da Saúde do governo Lagos citou, tão explicitamente, ao público, sobre os dias em que foi presa, com a mãe, Ângela Jeria, agora com 79 anos, e quando seu pai, o general da Força Aérea, Alberto Bachelet, morreu na prisão.

Segundo a própria Bachelet, o general foi preso e torturado após negar-se a colaborar com o governo Pinochet.

Com a família

Ao lado da mãe e de dois dos três filhos, a candidata socialista, mãe solteira, agnóstica, médica que viveu o exílio na então Alemanha Oriental falou, uma vez mais, sobre o Chile que deseja.

"Um país onde ninguém esteja condenado a viver na pobreza e onde todo trabalhador terá direito a salário decente, onde ninguém fique sem aposentadoria e onde as mulheres recebam o mesmo que os homens."

Numa clara estocada ao candidato adversário, nesta disputa eleitoral, o empresário Sebastián Piñera, ela afirmou que não fez promessas de campanhas, mas assumiu "compromissos" que cumprirá.

Sentados logo atrás da candidata, vestida de calça comprida e blazer verde claro, estavam, além de ministros, como o da Fazenda, Nicolas Eyzaguirre, o ex-presidente Patrício Alwin, da Democracia Cristiana, a deputada Isabel Allende, filha do ex-presidente socialista Salvador Allende, morto no golpe liderado por Augusto Pinochet, em 1973, além de artistas chilenos, argentinos e espanhóis, como os cantores Ana Belén e Miguel Bosé.

O comício terminou com algumas eleitoras emocionadas, bolas brancas no céu e nenhum registro de incidente.

Piñera

Quase no mesmo horário, na noite de quinta-feira, em Valparaíso, cidade a 120 quilômetros da capital chilena, foi realizado o final da campanha do candidato Sebastián Piñera, da frente chamada "Alianza", formada por seu partido Renovação Nacional e UDI (União Democrata Independente), que apoiou o governo Pinochet.

Piñera também prometeu um país mais igualitário, caso chegue a ocupar o Palácio presidencial de La Moneda. E reiterou que a frente governista Concertación "já ficou dezesseis anos no governo e não resolveu problemas como o desemprego".

E então perguntou à platéia, segundo a imprensa chilena: "Merecem ficar mais quatro anos no governo?" Ao que o público teria respondido "não".

Antes do comício, acompanhado por artistas chilenos, ele liderou uma caminhada que saiu da casa do escritor Pablo Neruda – também citado no discurso de Bachelet.

Piñera é um dos homens mais ricos do Chile, um dos principais acionistas de empresas aéreas e de comunicação, e prometeu vender seus negócios, caso seja eleito.

Na tentativa de conquistar o voto feminino, ele insistiu na criação de um projeto que dará aposentadoria para as donas de casa, falando e explicando a proposta na sua propaganda mostrada pelas emissoras de televisão do país.

Segundo diferentes pesquisas de opinião, os homens preferem o candidato enquanto as mulheres, em sua maioria, votariam por Bachelet. O que foi batizado por alguns analistas, em tom de ironia, de "a guerra dos sexos".
 

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