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26/01/2006 - 14h29

Veja perfil do grupo palestino Hamas

da BBC Brasil

O grupo extremista palestino Hamas, a principal organização islâmica militante palestina, parece ter traduzido a popularidade de sua luta em votos, vencendo as primeiras eleições parlamentares palestinas desde 1996, realizadas na quarta-feira.

Considerada uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Européia, o grupo é visto por seus correligionários como uma força legítima de luta defendendo os palestinos da brutal ocupação militar israelense.

O grupo, criado em 1987 no início da primeira Intifada, tem como objetivo, a curto prazo, expulsar as forças israelenses dos territórios ocupados através de ataques contra os soldados e os colonos judeus e - mais controversialmente - contra civis israelenses.

O Hamas insiste que a retirada israelense da faixa de Gaza no ano passado foi uma vitória de sua política.

Longo prazo

O Hamas também tem o objetivo de, a longo prazo, estabelecer um Estado islâmico em todos os territórios palestinos, cuja maior parte permanece dentro das fronteiras de Israel desde sua criação, em 1948.

Desde a morte do líder palestino Iasser Arafat, o Hamas vem participando de eleições locais e conquistou várias cadeiras em áreas como Gaza, Qalqilya e Nablus.

A organização, formada por um braço político e outro militar, tem um número desconhecido de integrantes mas conta com dezenas de milhares de correligionários e simpatizantes.

O grupo se divide em duas principais esferas de operação: programas sociais, que incluem a construção de escolas, hospitais e instituições religiosas; e operações militantes lideradas pelas Brigadas Izzedine al Qassam, um grupo clandestino.

O Hamas também tem um setor no exílio, no Qatar.

Oposição

O grupo ganhou fama depois da primeira Intifada como o principal opositor palestino aos Acordos de Oslo --o processo de paz liderado pelo governo americano que previa a remoção gradual e parcial das tropas israelenses nos territórios ocupados, em troca de compromissos das autoridades palestinas de proteger a segurança de Israel.

Apesar das várias operações israelenses contra o Hamas, e também das tentativas de repressão da própria Autoridade Nacional Palestina (ANP), o Hamas descobriu que tem um efetivo poder de veto sobre o processo de paz, com os atentados suicidas.

Em fevereiro e março de 1996, o Hamas cometeu uma série de atentados suicidas, causando a morte de quase 60 israelenses, em retaliação contra o assassinato um de seus membros em dezembro de 1995.

Atribui-se a esses atentados a decisão de Israel de se retirar do processo de paz e a eleição do linha-dura Binyamin Netanyahu, um claro oponente dos acordos de Oslo.

Apoio crescente

Com o fim dos acordos de Oslo, e principalmente depois da fracassada tentativa de retomada do processo de paz no encontro de Camp David, em meados do ano 2000 e a segunda Intifada, iniciada meses depois, o Hamas ganhou força e influência enquanto Israel destruía sistematicamente a infraestrutura da secular Autoridade Palestina.

Nas cidades e campos de refugiados sitiados pelas tropas israelenses, o Hamas organizou clínicas e escolas para os palestinos, que se sentem totalmente decepcionados com a corrupta e ineficiente ANP.

O grupo também executou sumariamente colaboradores palestinos e adotou punições para "comportamento imoral".

Muitos palestinos concordam que as operações suicidas são a melhor maneira de se vingar de Israel e, apesar das inúmeras tentativas de unir as várias facções palestinas, o Hamas sempre se esquivou de assinar um cessar-fogo permanente enquanto Israel ocupar os territórios palestinos.

"A morte de civis tem que ser punida com a morte de civis", disse Mahmoud al Zahhar, alto integrante do Hamas.

Asassinatos

Apesar de ser um dos maiores algozes de Israel, com atentados normalmente melhor planejados e executados do que os de outros grupos militantes, o Hamas já perdeu muitos de seus líderes em assassinatos cometidos por Israel.

O fundador do grupo, Sheikh Yassin, foi morto em um ataque de mísseis em março de 2004 e seu sucessor, Rantissi, foi assassinado menos de um mês depois.

Khaled Meshaal, agora baseado na Síria e no Líbano, é o principal líder do grupo.

Por outro lado, o Hamas tem se mostrado disposto a, de tempos em tempos, suspender seus ataques em favor da diplomacia palestina, se julgar adequado.

"O principal objetivo da Intifada é a liberação da faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém, e nada mais. Não temos força para liberar toda a nossa terra" disse Rantissi à BBC em 2002.

"Em nossa religião, é proibido abrir mão de parte de nossa terra, portanto, não podemos reconhecer Israel de forma alguma. Mas podemos aceitar uma trégua com eles e viver lado a lado, deixando que essas questões sejam decididas pelas próximas gerações."

Enfrentando o eleitorado

A decisão de concorrer nas eleições palestinas foi importante para o Hamas.

Os principais membros afirmam que isso reflete a importância do movimento e a necessidade de desempenhar um papel na decadente esfera política palestina afetada pela corrupção, ineficiência e perda de credibilidade.

Mas, grupos políticos como o Fatah afirmam que, na prática, a mudança significa que o Hamas aceita os acordos de Oslo e o reconhecimento do direito de Israel de existir --descrição rejeitada pelo Hamas.

Mas o braço armado do grupo permanece sendo o símbolo da "infraestrutura terrorista" que a Autoridade Palestina deve desbaratar segundo o acordo internacional conhecido como "Mapa para a Paz".
 

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