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24/03/2006 - 19h23

Partidos ortodoxos prometem até o paraíso em Israel

GUILA FLINT
da BBC Brasil, em Tel Aviv

Os partidos religiosos ortodoxos de Israel preparam-se para as eleições da próxima terça-feira promtendo resolver os problemas do país com base no judaísmo e até mesmo oferecendo o paraíso aos eleitores.

A promessa de garantia de um lugar no paraíso para aqueles que votarem no partido ultra-ortodoxo Shas despertou polêmica no país.

A juíza da Suprema Corte israelense e presidente do Comitê Eleitoral, Dorit Beinish, proibiu dias atrás a transmissão no horário eleitoral de um discurso do líder espiritual do partido, o rabino Ovadia Yossef, em que ele ofereceu o paraíso em troca de votos.

De acordo com a juíza, a lei em Israel proíbe a promessa de benefícios em troca de votos e considera esse tipo de promessas "subornos eleitorais".

A decisão revoltou o líder do Shas, Eli Ishai. "Aconteceu uma coisa terrível e sem precedentes na história de Israel, o Comitê Eleitoral proibiu as palavras da Torá (texto sagrado da religião judaica)", disse Ishai.

"Como pode ser que no Estado Judeu as palavras da Torá sejam proibidas? Eles permitem que vários partidos defendam o casamento civil e todos os tipos de heresias, mas quando nós, do Shas, defendemos a Torá de Israel, o Estado Judeu, a identidade judaica, as escolas rabínicas, eles proibem?".

O partido Shas tem 11 das 120 caderias do Parlamento atual e, de acordo com as pesquisas, deverá manter sua força nas eleições da próxima terça-feira.

O slogan principal da campanha do Shas, que representa a população sefaradita (judeus de origem oriental, provenientes dos países árabes) ultra-ortodoxa, é "restituir a coroa (glória) do passado". Ou seja, devolver aos judeus sefaraditas a sua "honra".

O partido protesta contra o que consideram a discriminação dos judeus sefaraditas em Israel, que foi fundado por judeus provenientes da Europa.

Apesar de terem se passado 58 anos desde a fundação do Estado, as elites em Israel ainda são de origem européia, e a população sefaradita pertence as camadas sócio-econômicas menos abastadas da população e se sente discriminada.

Por intermédio de um discurso teológico, o Shas conquistou o apoio de grande parte dos moradores de bairros pobres das grandes cidades e das regiões da periferia, no sul e no norte do país.

"Quem quiser ir a Deus, venha comigo", diz o rabino Ovadia Yossef na propaganda eleitoral do Shas.

Origem européia

Os judeus ultra-ortodoxos de origem européia também têm sua representação no Parlamento, o partido Yahadut Hatorah (Judaísmo da Torá). No parlamento atual, ele tem cinco cadeiras e, segundo as pesquisas, nas próximas eleições deverá subir para seis.

A campanha do Yahadut Hatorah se concentra principalmente na "garantia do caráter judaico" de Israel.

Em seu programa, o partido promete "agir pela união do povo de Israel e resolver todas as questões do dia-a-dia do povo de acordo com o espírito da Torá e da tradição, tanto as questões espirituais como as econômicas e políticas".

Apesar da divisão étnicas, os dois partidos ultra-ortodoxos têm muito em comum. Ambos consideram seus líderes espirituais, os rabinos, como fonte de autoridade máxima, acima das instituições do Estado.

Até 1996 os partidos ultra-ortodoxos eram vistos como o fiel-da-balança da política israelense e faziam parte de coalizões tanto de direita como de esquerda, contanto que fossem assegurados os interesses do setor representado por eles.

Porém, desde as eleições de 1996, quando Biniamin Netaniahu, do Likud, foi eleito primeiro-ministro, os partidos ultra-ortodoxos passaram a se alinhar claramente com a direita. Eles se opuseram aos acordos de paz de Oslo e à retirada israelense dos territórios ocupados.
 

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