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27/03/2006
-
08h40
da BBC Brasil, em Nova York
Quando os resultados das eleições palestinas, em janeiro, ficaram claros, houve uma sensação que se aproximou do pânico no alto escalão do governo Bush.
A reação da secretária de Estado Condoleezza Rice foi descrita como de choque. Ela admitiu ao presidente que a vitória do grupo radical islâmico Hamas fora uma surpresa e que a análise pré-eleitoral dentro do Departamento de Estado falhara.
Já em relação às eleições israelenses desta terça-feira os sentimentos são mornos. A única dúvida é sobre o tamanho da vitória do Kadima, o partido definido no espectro político como de centro, criado por Ariel Sharon ao desertar do direitista Likud semanas antes do seu derrame cerebral em janeiro, e que agora é liderado pelo primeiro-ministro provisório Ehud Olmert.
Existe antecipação do triunfo do Kadima, o que ajuda a explicar até uma certa ausência de interesse do governo e da imprensa nos EUA em relação às eleições da terça-feira.
Vácuo
Os americanos acompanharam a revoada da sociedade israelense na direção do Kadima. Em Washington, o líder trabalhista Amir Peretz e o novo dirigente do Likud, Benjamin Netanyahu, nunca foram vistos como capazes (ou convenientes) para preencher o vácuo deixado por Sharon.
A falta de excitação em Washington é curiosa não apenas devido ao que está em jogo na votação, mas à dramática mudança que se avizinha do cenário político de Israel e da região.
É verdade que a vitória do Hamas nas eleições palestinas fechou as portas para qualquer iniciativa diplomática significativa tanto da parte dos EUA como de outros paises.
Mas a promoção definitiva de Olmert como o político encarregado de levar adiante o legado de Sharon traz novos desafios para o processo de paz no Oriente Médio.
Kadima em hebraico significa adiante e Olmert efetivamente estará aprofundando as idéias do seu mentor Sharon.
Cada vez mais despojado da ambiguidade que Sharon calculou que necesssitava nas tratativas com a sociedade israelense e com os interlocutores americanos, Olmert está cimentando o projeto de desengajamento, ou seja, criando um senso de momento histórico para separar Israel dos palestinos e criar fronteiras permanentes nos termos israelenses.
Olmert estima que este patamar histórico será alcançado se ele obtiver um claro mandato eleitoral na terça-feira. Com este mandato, ele terá condições de desmantelar uma parte dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, um passo muito mais controvertido do que Sharon fez em Gaza, e mais ou menos estabelecer as fronteiras definitivas ao longo das barreiras de segurança que estão sendo construídas.
O jornal israelense 'Jerusalem Post' diz que os planos de Olmert serão aceitos pelo governo Bush, "embora sem entusiasmo".
As autoridades americanas enfatizaram diversas vezes que seu apoio ao desengajamento em Gaza não deveria ser considerado um endosso escancarado a novos passos unilaterais de Israel.
Mas no momento não existe outra opção na mesa. O negócio é seguir adiante com Ehud Olmert.
Sem opções, EUA seguem com apoio a Olmert
CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
Quando os resultados das eleições palestinas, em janeiro, ficaram claros, houve uma sensação que se aproximou do pânico no alto escalão do governo Bush.
A reação da secretária de Estado Condoleezza Rice foi descrita como de choque. Ela admitiu ao presidente que a vitória do grupo radical islâmico Hamas fora uma surpresa e que a análise pré-eleitoral dentro do Departamento de Estado falhara.
Já em relação às eleições israelenses desta terça-feira os sentimentos são mornos. A única dúvida é sobre o tamanho da vitória do Kadima, o partido definido no espectro político como de centro, criado por Ariel Sharon ao desertar do direitista Likud semanas antes do seu derrame cerebral em janeiro, e que agora é liderado pelo primeiro-ministro provisório Ehud Olmert.
Existe antecipação do triunfo do Kadima, o que ajuda a explicar até uma certa ausência de interesse do governo e da imprensa nos EUA em relação às eleições da terça-feira.
Vácuo
Os americanos acompanharam a revoada da sociedade israelense na direção do Kadima. Em Washington, o líder trabalhista Amir Peretz e o novo dirigente do Likud, Benjamin Netanyahu, nunca foram vistos como capazes (ou convenientes) para preencher o vácuo deixado por Sharon.
A falta de excitação em Washington é curiosa não apenas devido ao que está em jogo na votação, mas à dramática mudança que se avizinha do cenário político de Israel e da região.
É verdade que a vitória do Hamas nas eleições palestinas fechou as portas para qualquer iniciativa diplomática significativa tanto da parte dos EUA como de outros paises.
Mas a promoção definitiva de Olmert como o político encarregado de levar adiante o legado de Sharon traz novos desafios para o processo de paz no Oriente Médio.
Kadima em hebraico significa adiante e Olmert efetivamente estará aprofundando as idéias do seu mentor Sharon.
Cada vez mais despojado da ambiguidade que Sharon calculou que necesssitava nas tratativas com a sociedade israelense e com os interlocutores americanos, Olmert está cimentando o projeto de desengajamento, ou seja, criando um senso de momento histórico para separar Israel dos palestinos e criar fronteiras permanentes nos termos israelenses.
Olmert estima que este patamar histórico será alcançado se ele obtiver um claro mandato eleitoral na terça-feira. Com este mandato, ele terá condições de desmantelar uma parte dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, um passo muito mais controvertido do que Sharon fez em Gaza, e mais ou menos estabelecer as fronteiras definitivas ao longo das barreiras de segurança que estão sendo construídas.
O jornal israelense 'Jerusalem Post' diz que os planos de Olmert serão aceitos pelo governo Bush, "embora sem entusiasmo".
As autoridades americanas enfatizaram diversas vezes que seu apoio ao desengajamento em Gaza não deveria ser considerado um endosso escancarado a novos passos unilaterais de Israel.
Mas no momento não existe outra opção na mesa. O negócio é seguir adiante com Ehud Olmert.
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