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29/03/2006
-
09h36
Sob o título “Brasil: sexo e suborno abalam o governo Lula” (Basile: Sesso e tangenti bufera sul governo Lula), o jornal italiano "La Repubblica" destaca em sua edição desta quarta-feira a “telenovela política” que provocou a demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
O jornal comenta o fato de que no centro do escândalo estava uma casa supostamente usada pelo ministro para reuniões onde se negociavam subornos e onde seriam realizadas festas de confraternização com a presença de prostitutas.
A reportagem do "Repubblica" afirma, porém, que não foi essa a razão que levou à queda de Palocci, afinal “entre as 17h (hora de fechamento dos escritórios) e as 20h (hora do jantar em família), as casas de prostituição estão cheias de clientes”.
“Palocci caiu porque ao tentar defender-se ele usou seu poder para enviar aos jornais a movimentação bancária da pessoa que o acusava, violando o segredo bancário, um dos crimes federais mais sérios no Brasil”, diz a reportagem. “Assim o ex-ministro demonstrou que seu acusador havia recebido pagamentos de alguém, mas também determinou sua própria sentença.”
Em um outro texto, o "Repubblica" destaca o perfil do novo ministro, Guido Mantega, lembrando o fato de ele ter nascido em Gênova, na Itália, e ter mudado ao Brasil com três anos de idade, e também de ter recebido em 2004 uma condecoração das mãos do prefeito de sua cidade natal, Giuseppe Pericu.
Para o jornal, sua indicação “reforça uma tradição de presença ligúria [de originários da região da Ligúria, ao noroeste da Itália] nos governos da América Latina”.
Futuro político
O diário espanhol "El País", que já havia noticiado a queda de Palocci na véspera, voltou ao tema nesta quarta-feira, ao dizer que sua saída “complica o futuro político de Lula”.
Para o jornal, a demissão do “superministro” Palocci, um dos homens mais influentes do governo Lula, “abre uma grave crise política a pouco mais de seis meses das eleições presidenciais de 1º de outubro”.
A reportagem comenta que “os mercados receberam a renúncia de Palocci com cautela e certo ceticismo, ante uma possível mudança da política econômica a cargo do novo ministro, Guido Mantega, um partidário de um aumento no gasto público e de taxas de juros mais baixas para aumentar o crescimento”.
O também espanhol "ABC" segue linha semelhante, observando que “com a renúncia, Palocci perde o foro privilegiado frente à Justiça brasileira e corre o risco de ser processado e preso por corrupção, o que pode trazer dores de cabeça a Lula, que busca sua reeleição neste ano”.
O francês "Libération" diz que “a seis meses das eleições gerais, o último fusível de Lula acaba de queimar”. O jornal lembra que, “depois de José Dirceu, o braço direito de Lula, Palocci é o segundo ministro do PT encurralado pelo escândalo de corrupção a deixar suas funções, sem contar quatro altos quadros do partido igualmente envolvidos”.
O americano "The Wall Street Journal" observa que “o Brasil trocou seu guardião da política econômica, o acusado ministro da Fazenda Antonio Palocci, por um crítico aberto da estrita política monetária do Banco Central”, mas comenta que “ainda assim, o novo ministro rapidamente prometeu manter o rumo de seu antecessor”.
Analistas ouvidos pelo jornal também afirmam que pouco deve mudar na política econômica com Mantega em um ano eleitoral como este. “Os riscos são enormes, e os benefícios [de uma mudança] são muito incertos”, diz um analista.
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Erramos: "Sexo e suborno abalam o governo Lula", diz jornal
"Sexo e suborno abalam o governo Lula", diz jornal
da BBC BrasilSob o título “Brasil: sexo e suborno abalam o governo Lula” (Basile: Sesso e tangenti bufera sul governo Lula), o jornal italiano "La Repubblica" destaca em sua edição desta quarta-feira a “telenovela política” que provocou a demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
O jornal comenta o fato de que no centro do escândalo estava uma casa supostamente usada pelo ministro para reuniões onde se negociavam subornos e onde seriam realizadas festas de confraternização com a presença de prostitutas.
A reportagem do "Repubblica" afirma, porém, que não foi essa a razão que levou à queda de Palocci, afinal “entre as 17h (hora de fechamento dos escritórios) e as 20h (hora do jantar em família), as casas de prostituição estão cheias de clientes”.
“Palocci caiu porque ao tentar defender-se ele usou seu poder para enviar aos jornais a movimentação bancária da pessoa que o acusava, violando o segredo bancário, um dos crimes federais mais sérios no Brasil”, diz a reportagem. “Assim o ex-ministro demonstrou que seu acusador havia recebido pagamentos de alguém, mas também determinou sua própria sentença.”
Em um outro texto, o "Repubblica" destaca o perfil do novo ministro, Guido Mantega, lembrando o fato de ele ter nascido em Gênova, na Itália, e ter mudado ao Brasil com três anos de idade, e também de ter recebido em 2004 uma condecoração das mãos do prefeito de sua cidade natal, Giuseppe Pericu.
Para o jornal, sua indicação “reforça uma tradição de presença ligúria [de originários da região da Ligúria, ao noroeste da Itália] nos governos da América Latina”.
Futuro político
O diário espanhol "El País", que já havia noticiado a queda de Palocci na véspera, voltou ao tema nesta quarta-feira, ao dizer que sua saída “complica o futuro político de Lula”.
Para o jornal, a demissão do “superministro” Palocci, um dos homens mais influentes do governo Lula, “abre uma grave crise política a pouco mais de seis meses das eleições presidenciais de 1º de outubro”.
A reportagem comenta que “os mercados receberam a renúncia de Palocci com cautela e certo ceticismo, ante uma possível mudança da política econômica a cargo do novo ministro, Guido Mantega, um partidário de um aumento no gasto público e de taxas de juros mais baixas para aumentar o crescimento”.
O também espanhol "ABC" segue linha semelhante, observando que “com a renúncia, Palocci perde o foro privilegiado frente à Justiça brasileira e corre o risco de ser processado e preso por corrupção, o que pode trazer dores de cabeça a Lula, que busca sua reeleição neste ano”.
O francês "Libération" diz que “a seis meses das eleições gerais, o último fusível de Lula acaba de queimar”. O jornal lembra que, “depois de José Dirceu, o braço direito de Lula, Palocci é o segundo ministro do PT encurralado pelo escândalo de corrupção a deixar suas funções, sem contar quatro altos quadros do partido igualmente envolvidos”.
O americano "The Wall Street Journal" observa que “o Brasil trocou seu guardião da política econômica, o acusado ministro da Fazenda Antonio Palocci, por um crítico aberto da estrita política monetária do Banco Central”, mas comenta que “ainda assim, o novo ministro rapidamente prometeu manter o rumo de seu antecessor”.
Analistas ouvidos pelo jornal também afirmam que pouco deve mudar na política econômica com Mantega em um ano eleitoral como este. “Os riscos são enormes, e os benefícios [de uma mudança] são muito incertos”, diz um analista.
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