Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/03/2006 - 14h33

Após derrota, Likud inicia processo de "autópsia" política

MARTIN PATIENCE
da BBC, em Tel Avib

Quase imediatamente após a derrota nas eleições israelenses, um processo brutal e impiedoso de autópsia política teve início no partido Likud.

Quando as primeiras pesquisas de boca-de-urna foram anunciadas pela televisão israelense, uma nuvem de silêncio impressionante desceu sobre o grupo de cerca de 200 seguidores do partido reunidos em um centro de convenções.

Maior partido no último Parlamento, o Likud aparecia nas projeções em quarto lugar. O pior viria com a apuração, quando o partido caiu para a quinta posição, com apenas quatro vagas a mais no Knesset do que o GIL, grupo que defende benefícios melhores para aposentados.

Ninguém esperava um desempenho eleitoral brilhante do Likud, mas ninguém imaginava também que o partido iria tão mal assim.

"Esse resultado eleitoral nos mandou 40 anos para trás", disse o gerente da campanha do Likud, Danny Danon, sem disfarçar sua decepção.

Estado de choque

"Estou em estado de choque", disse Yoram Eytan, 47, que trabalhou como voluntária na campanha do Likud.

"Neste momento, os partidários do Likud estão tentando acordar desse pesadelo. Mas, a partir de amanhã, as feridas estarão à mostra", acrescentou.

Desta vez, o líder do Likud, Binyamin Netanyahu, aparentava estar sem palavras.

Os olhos do ex-primeiro-ministro se voltaram para o centro de convenção, repleto de partidários e de um pequeno exército de cinegrafistas e fotógrafos.

O antes poderoso Partido Likud, a força dominante na política israelense por quase 30 anos, estava caído de joelhos.

"Nós não temos dúvida de que o Likud sofreu um duro golpe", disse Netanyahu. "Pretendo continuar no caminho que nós apenas começamos para garantir que esse movimento se reabilite e assuma seu lugar de direito na liderança da nação."

Apoio perdido

A campanha do Likud fracassou por diversos motivos. O maior deles foi a atuação de Netanyahu como ministro das Finanças no último governo.

No cargo, o ex-primeiro-ministro, de 56 anos, impôs grandes cortes de benefícios que prejudicaram os trabalhadores mais pobres de Israel, muitos deles eleitores naturais do Likud.

"Nós não prestamos atenção suficiente no povo", admitiu Reuven Rivlin, parlamentar do Likud.

O partido também ficou gravemente ferido com a decisão do primeiro-ministro Ariel Sharon de deixar o Likud no ano passado para fundar o Kadima, partido de centro que foi o mais votado nas eleições de terça-feira.

"Não podemos ignorar que dez minutos antes do fim do jogo, metade do nosso time partiu e começou a jogar para o outro lado", disse Danon.

O Likud também perdeu um apoio substancial para o partido radical de extrema-direita Israel Beitenu, popular entre os imigrantes russos.

Homem do passado

Depois do discurso no centro de convenções, Netanyahu se isolou na sede do Likud, no edifício Jabotinsky, no centro de Tel Aviv, até as primeiras horas da manhã desta quarta-feira.

Entre doses de uísque e a fumaça de cigarros no 14º andar, Netanyahu teria dito a aliados próximos que não vai deixar a liderança do partido, de acordo com o relato de um antigo membro do Likud.

No entanto, de maneira privada, alguns partidários do Likud têm afirmado que o ex-primeiro-ministro deve partir.

"Ele arruinou o partido", disse um funcionário do Likud. Um outro membro do partido acusou Netanyahu de arrogância.

Durante a campanha eleitoral, cartazes do Likud mostravam uma foto de Netanyahu mais jovem e magro, da época em que ele foi primeiro-ministro de Israel, entre 1996 e 1999.

Mas depois da quinta colocação nas eleições, a impressão é de que Binyamin Netanyahu, assim como o político da foto, é um homem do passado.

Especial
  • Enquete: que partido negociará melhor a crise israelo-palestina?
  • Leia cobertura completa sobre as eleições israelenses
  • Leia o que já foi publicado sobre as eleições israelenses
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página