Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
02/06/2006 - 11h50

García defende pena de morte e cita Lula em comício no Peru

MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Lima

No seu último discurso de campanha, o ex-presidente e atual candidato peruano às eleições deste domingo, Alan García, citou Lula como exemplo e disse que se for eleito, pedirá a "pena de morte" para assassinos de crianças. O público aplaudiu.

Nesta semana, em outra declaração polêmica, García afirmou que "dissolverá o Congresso Nacional", convocando novas eleições – ele diz que isso está previsto na Constituição –, caso os legisladores não apóiem projetos de seu possível governo.

Os parlamentares eleitos serão empossados com o próximo presidente no dia 28 de julho.

Num longo discurso de fim de campanha, na noite desta quinta-feira, García afirmou que entre as suas primeiras medidas, se for eleito, estarão a redução em 50% do seu próprio salário e dos legisladores e o fim das "colas" (filas que marcaram o fim da sua primeira gestão, entre 1985-1990, para comprar alimentos, numa época de hiperinflação).

"Amigo Lula"

A lista de promessas do candidato, que está à frente nas pesquisas de opinião, incluiu ainda a revisão dos preços das tarifas públicas, a reforma agrária, melhoria no abastecimento de água, concessões para obras de infra-estrutura e criação do "Fome Zero e Analfabetismo Zero".

"Essa idéia (do Fome Zero) peguei do meu amigo Lula", disse diante da multidão.

O comício de García terminou com o povo dançando ao som de Célia Cruz – "La vida es un carnaval" --na Praça "Passeio dos Heróis Navais", no centro de Lima.

"A vida é um carnaval, para que chorar", cantou, do palanque, acompanhando a gravação e a chuva de papéis e bolas brancas e vermelhas – cores do seu partido político, o Apra (Partido Aprista Peruano).

O fim da campanha de García reuniu milhares de seguidores. A noite esteve úmida, mas ninguém arredou pé enquanto o candidato não deixou o palanque de campanha.

"Militarismo"

O ex-presidente voltou a dizer que esta é a eleição da democracia contra o militarismo, numa referência ao ex-militar e seu concorrente nesta disputa Ollanta Humala.

"Votem contra o militarismo", pediu. "Alan, presidente", gritavam.

Na reta final para as eleições, Alan García passou a citar com mais freqüência os países que ele crê que serão aliados do seu possível governo – caso do Brasil e do Chile, principalmente.

Na quinta-feira à noite, ele citou o "exemplo chileno", pelo menos cinco vezes. "Não olho para os chilenos com inveja, mas quero que eles admirem nosso desenvolvimento. E isso vai acontecer no fim dos nossos cinco anos de governo", prometeu.

Como o Peru, o Chile produz, principalmente, minério, frutas e peixes. Com uma diferença de quase dez milhões de habitantes entre os dois países – o Peru tem cerca de 26 milhões e o Chile, 15 milhões--, a economia chilena passou a ser referência para García.

"Me ajudem"

Ele acredita que a semelhança entre as duas economias confirma que é possível aumentar as exportações e a distribuição interna do crédito.

"Me ajudem que farei um governo melhor", disse, fazendo mea culpa pela administração anterior. "Peço a Deus que me ilumine".

Nas últimas horas, na tentativa de convencer os mercados de que mudou e é confiável aos olhos dos investidores, Alan García também passou a citar o presidente Lula como exemplo a ser seguido.

"Nós acreditamos no efeito Lula. Essa é a verdade", disse o chefe da equipe econômica de Garcia, Enrique Cornejo. "Lula era sindicalista e muitos desconfiavam da sua eleição. Mas ele optou pelo pragmatismo e conquistou a confiança dos investidores. E é isso que faremos."

No meio empresarial peruano e estrangeiro, a maioria preferia a eleição da então candidata Lourdes Flores, descrita como "pró-mercado", mas, como ela não chegou ao segundo turno, a preferência do setor, segundo analistas econômicos, passou a ser Alan García.

Expectativas

Nas palavras de um empresário com investimentos estrangeiros no país, no entanto, o "momento ainda é de expectativas" até que o eleito revele, em detalhes, suas medidas.

García e seu concorrente nesta disputa, Ollanta Humala, do UPP, sugerem, por exemplo, a nacionalização do gás. Mas nos dois casos garantem que não haverá confisco.

Apesar das linhas políticas aparentemente diferentes, eles entendem que um país produtor de gás não pode ter o preço interno baseado no preço internacional.

"Não é competitivo e não é justo com o consumidor peruano", repetem, cada um por seu lado. Mas a palavra nacionalização tem causado incertezas, já que muitos pensam que poderia chegar a ser adotado algo semelhante ao que fez o presidente boliviano Evo Morales.

Dúvida que, pelo jeito, só será resolvida depois da eleição.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Ollanta Humala
  • Leia o que já foi publicado sobre Alan García
  • Leia o que já foi publicado sobre Lourdes Flores
  • Leia o que já foi publicado sobre as eleições peruanas
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página