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25/06/2006 - 08h55

Lula inicia campanha forçando comparação com FHC

ASDRÚBAL FIGUEIRÓ
da BBC Brasil, em Brasília

O discurso de lançamento da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição foi dominado pela valorização do que o candidato julga conquistas sociais e econômicas de seu governo e por comparações com a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Lula deu poucas informações detalhadas sobre o que pretende fazer em um eventual segundo mandato, embora tenha levantado como prioridades as áreas de educação e segurança, além da reforma política.

A principal tese do discurso foi que, ao contrário da gestão FHC, o governo Lula teria conseguido conciliar estabilidade econômica com avanços na área social graças sobretudo a programas de "transferência de renda".

Para sustentar seu argumento, Lula citou diversos indicadores econômicos que teriam melhorado em sua gestão: da dívida externa e sua relação com o PIB até o volume de reservas internacionais e o saldo da balança comercial.

O objetivo do argumento --que deve se repetir ao longo da campanha eleitoral-- é forçar a identificação de seu principal adversário, o também tucano Geraldo Alckmin, com o governo Fernando Henrique, e tentar neutralizar o discurso de competência administrativa do ex-governador de São Paulo.

O próprio Lula deixou a estratégia explícita em um trecho do seu discurso deste sábado na Convenção Nacional do PT em Brasília.

"Uma delas (das armas da militância) é a comparação do que eles fizeram em oito anos de governo com o que nós estamos fazendo em apenas três anos e meio."

Para ilustrar sua política social, Lula convidou ao palco da convenção seis beneficiários de "programas de transferência de renda", como o Bolsa Família e o Pronaf.

Lula também citou estatísticas de redução da desigualdade social e de aumento do poder de salário mínimo.

"Eu me sentiria frustrado se, nesta altura do meu governo, só pudesse mostrar bons indicadores macroeconômicos, sem que eles se refletissem na melhoria da vida do cidadão comum", disse Lula.

A escolha dos programas sociais como bandeira de campanha tem uma razão óbvia: a intenção de votos do petista é maior justamente nas camadas da população (as mais pobres) e nas regiões geográficas (Norte e Nordeste) mais beneficiadas pelo plano.

Além disso, no aumento dos investimentos na área social é onde Lula pode tentar se diferenciar de Fernando Henrique Cardoso --ainda que boa parte dos programas do petista tenha origem em projetos iniciados no governo tucano.

Na economia, o máximo que o petista pode dizer é que aplicou a receita de Fernando Henrique com mais competência, ou pelo menos, com resultados mais positivos.

Lula também dedicou um bom trecho de sua fala à segurança, com cuidado de iniciar a sua referência ao assunto lembrando que, segundo a Constituição, a área é de responsabilidade dos Estados.

Mas disse que não quer usar isso como um "álibi legal" para se afastar "do dever de considerar este um dos mais sérios problemas do Brasil".

O tema segurança é sempre um dos que mais preocupa eleitores, mas é bom lembrar que o evento espetacular mais recente na área --os ataques do PCC em São Paulo-- ocorreu justamente no Estado que até pouco tempo estava sob controle de Alckmin.

Por fim, Lula também discorreu sobre a necessidade de uma reforma política que tenha "por base a fidelidade partidária".

"Muitas das crises que o Brasil tem enfrentado, ao longo destes anos, não teriam ocorrido se já houvéssemos modernizado nosso sistema eleitoral, nosso sistema partidário e algumas particularidades do nosso sistema representativo."

Ao trecho acima, prevista no discurso escrito distribuído a imprensa, Lula acrescentou de improviso que gostaria de tratar do assunto já no primeiro ano de seu mandato.

Lula, é claro, não disse que umas das "crises que o Brasil tem enfrentado" é a acusação de pagamento a partidos aliados por apoio no Congresso investigada na CPI do Bingo.

Mesmo antes do discurso de Lula, vários petistas, como o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) e o governador do Acre, Jorge Viana, também defenderam a necessidade urgente da reforma política.

Durante a campanha, a tese pode servir como uma resposta propositiva à crise que o partido enfrentou durante os últimos meses.

Além disso, em caso de vitória, Lula poderá ter de conviver com uma base de apoio no Congresso menor do que a teve no primeiro mandato, e, nessa situação, a reforma política ganharia ainda mais importância.
 

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