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26/06/2006 - 19h51

Lula segue política econômica de FHC, diz diretor do FMI

ANGELA PIMENTA
da BBC Brasil, em Nova York

O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI) , Anoop Singh, disse nesta segunda-feira em Nova York que a política macro-econômica do governo Lula representa uma continuidade em relação ao governo Fernando Henrique Cardoso.

"O que esse governo tem feito é preservar a continuidade ao mesmo tempo em que aumenta os gastos sociais," disse Singh à BBC Brasil, depois de participar de um debate sobre o cenário político e econômico da América Latina.

O evento foi promovido pelo Conselho de Relações Internacionais (CFR, na sigla em inglês).

"Acho que no começo deste governo houve dúvidas do ponto de vista fiscal, mas elas foram abordadas corretamente," acrescentou Singh, que demonstrou-se otimista em relação ao Brasil.

"Acredito que dentro de cinco a dez anos, o que o Brasil fizer vai ser crítico para o continente. Nós precisamos prestar atenção ao Brasil, porque ele será uma importante chave para a América Latina nos próximos anos," afirmou.

Bolsa Família

De acordo com Singh, o próximo governo brasileiro, independentemente de quem ganhe a eleição presidencial, poderá manter os gastos sociais com programas de redistribuição de renda, como o Bolsa Família, desde que mantenha uma política fiscal conservadora.

"O Brasil continuará podendo expandir o Bolsa-Família e seus gastos sociais enquanto mantiver seu superávit primário no nível entre 4% e 4,25% do PIB," disse.

"Não vejo nenhuma dificuldade para o país continuar com essa política nos próximos anos."

Mas Singh recusou-se a comentar se o Banco Central brasileiro ainda teria espaço para continuar cortando a taxa de juros em meio a um cenário de turbulência nos mercados globais.

"Isso nós precisamos ver. Eu não gostaria de questionar o Banco Central, que está no controle disso. Eles é quem devem decidir."

Ele observou também que hoje as taxas de juros brasileiras “estão muito abaixo do que estavam em 2002."

"Além disso, a inflação também voltou a cair para onde deveria estar. Do ponto de vista macro-econômico o Brasil se encontra numa posição muito forte," concluiu.

Eleições no

Mas se o Brasil foi motivo para elogios, à exceção do Chile, os demais países latino-americanos, como o México e os países andinos, despertaram dúvidas e apreensões entre os panelistas.

Um dos principais tópicos do debate foi a próxima eleição presidencial mexicana, no dia 2 de julho.

Candidato do Partido da Revolução Nacional (PRD), de esquerda, Manuel López Obrador, lidera as pesquisas eleitorais, à frente do candidato conservador Felipe Calderón, do Partido da Ação Nacional (PAN).

"Se López Obrador ganhar, ele poderá demonstrar hostilidade ao sistema democrático liberal," disse o historiador e jornalista mexicano Enrique Krauze.

"Apesar do governo (do presidente Vicente) Fox ter muitos defeitos, este é um governo que tem oferecido um equilíbiro de forças entre os três poderes, além de eleições limpas e liberdade de expressão," acrescentou.

Segundo Krauze, "Obrador não é um Hugo Chávez, mas não é um Lula tampouco".

Krauze definiu Obrador como um "populista que tem prometido coisas absurdas, como cortar o salários dos altos funcionários públicos do país e distribuí-los aos pobres," além de construir um "trem de alta velocidade entre o México e os Estados Unidos."

O fluxo de imigrantes ilegais mexicanos para os EUA é hoje o principal ponto de atrito entre os dois países.

Mas segundo Krauze, Felipe Calderón "também tem seus problemas: ele não tem muita experiência política, e por ser um aliado do (presidente Vicente) Fox, carrega este peso".

Sem influência

De acordo com a cientista-política Julia Sweig, diretora do programa de América Latina do CFR, apesar dos EUA verem com apreensão o crescimento do populismo na América Latina, o país de George Bush "não tem influência sobre o cenário político na região."

"Devido ao ambiente global e à própria política externa americana, hoje a credibilidade (dos EUA) na América Latina é muito baixa."

Já a cientista política Deborah Yashar, da Universidade de Princeton disse que "os EUA não devem se envolver na política interna destas nações. Esta é uma questão de soberania doméstica."

Yashar associou a emergência de movimentos de povos indígenas em países como a Bolívia, México, Equador e Guatemala, com "o declínio dos sindicatos".

"Depois de 500 anos de dominação, as populações indígenas estão exigindo que o Estado reconheça seus direitos coletivos, comunitários, suas identidades e seus sistemas geo-políticos."

Ela concluiu dizendo que "o Chile tem sido um país modelo para a América Latina, mas que ao contrário da maioria dos países latino-americanos, o Chile tem um verdadeiro sistema partidário e que o capital humano também é alto no Chile, atraindo investimentos externos”.
 

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