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30/06/2006
-
03h57
da BBC Brasil, em Nova York
Alguns contrastes pessoais e políticos são muito visíveis entre os dois principais candidatos às eleições presidenciais mexicanas de domingo, mas no final das contas o que valerá nas relações com os Estados Unidos é a proximidade e a dependência do gigante ao norte.
A corrida será suada entre o direitista Felipe Calderón, do governista Partido Ação Nacional (PAN) do presidente Vicente Fox, e o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México, do Partido da Revolução Democrática (PRD).
Na tradição de tantos antecessores recentes, Calderón estudou em universidade americana (Harvard) e fala bem inglês. É um arauto da globalização. López Obrador, ex-líder comunitário, confessou que não sabe inglês e raramente viaja ao exterior.
No poder, ele promete um governo insular e uma diplomacia discreta, ao contrário da do presidente Fox, que implantou uma ambiciosa política externa, muita ativa dentro das Nações Unidas, no padrão do governo Lula, e que, igualmente, muitos críticos consideram incompatível com os interesses e necessidades do México.
Hugo Chávez
Mas é inegável que o mundo lá fora interfere profundamente na campanha mexicana. Uma pedra de toque do discurso de Calderón é acusar López Obrador de se inspirar no presidente venezuelano Hugo Chávez e sonhar em implantar a receita de populismo messiânico. Já López Obrador acusa o principal rival eleitoral de ser um "marionete" americano.
De ambas as partes, são exageros de campanha. Calderón, de fato, promete incrementar os laços com os Estados Unidos e o Canadá, os parceiros mexicanos no Nafta, o Tratado de Livre Comércio da América do Norte.
Ademais, apesar de formalmente neutro, o governo Bush prefere a vitória do candidato conservador. Quanto a López Obrador, de fato, existe a promessa de revisar alguns componentes do Nafta. Ele quer reverter a cláusula que permite a livre importação de milho e feijão dos Estados Unidos a partir de 2008, o que pode devastar plantadores locais.
No entanto, o PAN de Calderón nem sempre se comporta como um "marionete" americano. Basta ver que o governo Bush ficou irritado quando o México se recusou a apoiar a invasão do Iraque quando tinha uma cadeira rotativa no Conselho de Segurança da ONU em 2003.
E López Obrador está na defensiva, fazendo o que pode para se distanciar de Hugo Chávez na campanha e se mostra pragmático em relação a Washington e investidores estrangeiros. Jonathan Heath, economista-chefe do Banco HSBC no México, observa que, como Lula na sua campanha presidencial de 2002, López Obrador "convenceu o mercado que não será um populista radical".
América Latina
Em termos realistas, nenhum presidente mexicano tem condições de se desvencilhar dos Estados Unidos.
O país está atado ao gigante do norte pela fronteira, a importância estratégica do Nafta e milhões de mexicanos e seus descendentes (legais e ilegais) que vivem nos Estados Unidos.
Rossana Fuentes, editora da versão em espanhol da revista Foreign Affairs, enfatiza que "López Obrador não é tolo para parecer que é um radical diante dos Estados Unidos". Ela acrescenta que o candidato esquerdista, se eleito, no entanto, olhará mais para o sul, na direção da América Latina.
Na questão de imigração ilegal, Calderón e Obrador têm posturas similares. Eles lamentam o enfoque meramente de lei e ordem de congressistas americanos (que estão travados nas negociações sobre o tema) e advertem que somente um México mais próspero irá conter a corrida para a fronteira.
Em comum com o presidente Fox, o sucessor muito provavelmente será impotente para influenciar o debate sobre imigração nos Estados Unidos.
Eleição no México confirma dependência dos EUA
CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
Alguns contrastes pessoais e políticos são muito visíveis entre os dois principais candidatos às eleições presidenciais mexicanas de domingo, mas no final das contas o que valerá nas relações com os Estados Unidos é a proximidade e a dependência do gigante ao norte.
A corrida será suada entre o direitista Felipe Calderón, do governista Partido Ação Nacional (PAN) do presidente Vicente Fox, e o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México, do Partido da Revolução Democrática (PRD).
Na tradição de tantos antecessores recentes, Calderón estudou em universidade americana (Harvard) e fala bem inglês. É um arauto da globalização. López Obrador, ex-líder comunitário, confessou que não sabe inglês e raramente viaja ao exterior.
No poder, ele promete um governo insular e uma diplomacia discreta, ao contrário da do presidente Fox, que implantou uma ambiciosa política externa, muita ativa dentro das Nações Unidas, no padrão do governo Lula, e que, igualmente, muitos críticos consideram incompatível com os interesses e necessidades do México.
Hugo Chávez
Mas é inegável que o mundo lá fora interfere profundamente na campanha mexicana. Uma pedra de toque do discurso de Calderón é acusar López Obrador de se inspirar no presidente venezuelano Hugo Chávez e sonhar em implantar a receita de populismo messiânico. Já López Obrador acusa o principal rival eleitoral de ser um "marionete" americano.
De ambas as partes, são exageros de campanha. Calderón, de fato, promete incrementar os laços com os Estados Unidos e o Canadá, os parceiros mexicanos no Nafta, o Tratado de Livre Comércio da América do Norte.
Ademais, apesar de formalmente neutro, o governo Bush prefere a vitória do candidato conservador. Quanto a López Obrador, de fato, existe a promessa de revisar alguns componentes do Nafta. Ele quer reverter a cláusula que permite a livre importação de milho e feijão dos Estados Unidos a partir de 2008, o que pode devastar plantadores locais.
No entanto, o PAN de Calderón nem sempre se comporta como um "marionete" americano. Basta ver que o governo Bush ficou irritado quando o México se recusou a apoiar a invasão do Iraque quando tinha uma cadeira rotativa no Conselho de Segurança da ONU em 2003.
E López Obrador está na defensiva, fazendo o que pode para se distanciar de Hugo Chávez na campanha e se mostra pragmático em relação a Washington e investidores estrangeiros. Jonathan Heath, economista-chefe do Banco HSBC no México, observa que, como Lula na sua campanha presidencial de 2002, López Obrador "convenceu o mercado que não será um populista radical".
América Latina
Em termos realistas, nenhum presidente mexicano tem condições de se desvencilhar dos Estados Unidos.
O país está atado ao gigante do norte pela fronteira, a importância estratégica do Nafta e milhões de mexicanos e seus descendentes (legais e ilegais) que vivem nos Estados Unidos.
Rossana Fuentes, editora da versão em espanhol da revista Foreign Affairs, enfatiza que "López Obrador não é tolo para parecer que é um radical diante dos Estados Unidos". Ela acrescenta que o candidato esquerdista, se eleito, no entanto, olhará mais para o sul, na direção da América Latina.
Na questão de imigração ilegal, Calderón e Obrador têm posturas similares. Eles lamentam o enfoque meramente de lei e ordem de congressistas americanos (que estão travados nas negociações sobre o tema) e advertem que somente um México mais próspero irá conter a corrida para a fronteira.
Em comum com o presidente Fox, o sucessor muito provavelmente será impotente para influenciar o debate sobre imigração nos Estados Unidos.
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