Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/06/2006 - 04h29

Calderón aposta na continuidade para atrair eleitores

CLÁUDIA JARDIM
da BBC Brasil

Em nome da estabilidade econômica e da tranquilidade dos mercados, o candidato presidencial Felipe Calderón, do conservador Partido Ação Nacional (PAN), convocou os mexicanos às urnas no próximo domingo, quando o futuro mandatário do país será eleito.

Calderón, que se autodenomina o “candidato do emprego” promete dar continuidade ao projeto do atual presidente Vicente Fox. E faz uma proposta arriscada.

Clique aqui para ver o perfil de Felipe Calderón

Uma das marcas do atual governo foi o elevado número de mexicanos que deixaram o país nos últimos seis anos. Quatro milhões de mexicanos emigraram para os Estados Unidos em busca de emprego e melhores condições de vida.

Os índices econômicos do último ano tampouco foi alentador. Em 2005, a economia mexicana cresceu apenas 3% - superando apenas as economias de Brasil, Haiti e El Salvador.

Empregos

De acordo com dados oficiais, o governo Fox gerou 576.599 novos empregos. A demanda anual exige a criação de pelo menos 1,2 milhão de novos postos de trabalho de acordo com analistas.

Entre os trabalhadores economicamente ativos, cerca de 60% estão inseridos na economia informal, de acordo com o Instituto Nacional de Geografia, Estatística e Informática (INEGI).

Ainda assim, a fórmula que Calderón pretende implementar para gerar emprego dá continuidade ao projeto de liberalização da economia aprofundado durante o governo de Vicente Fox.

O candidato do PAN acredita que cortar impostos deverá atrair a inversão privada, o que, na sua avaliação, promoverá a geração de novos empregos, conforme explicou o deputado do PAN Juan Molinar.

“Vamos praticar impostos competitivos para os empresários. Controlar a inflação e apostar nas políticas de investimento”, explicou Molinar à BBC Brasil.

A estratégia de Calderón é justamente inversa à do seu principal rival, Andrés Manuel López Obrador. O candidato do PRD diz que acabará com os privilégios do setor privado.

Quem vai com Calderón?

Quem caminha pelas ruas da capital mexicana se dá conta de que o apoio aos candidatos presidenciais está segmentado pela classe social a que pertencem.

Os cartazes de apoio ao candidato Felipe Calderón estão concentrados nos setores mais nobres da cidade. Quanto mais periférico o bairro, menor é o apoio ao candidato do governo.

O candidato a deputado pelo PAN Jorge Segura, representante do partido no bairro Exército do Oriente, município Iztapalapa, periferia do Distrito Federal, responsabiliza o candidato rival pela falta de apoio a Calderón nos bairros populares.

“O PRD apela para o ressentimento das pessoas pobres quando diz que vai acabar com os privilégios dos ricos. Infelizmente quando as pessoas estão necessitadas, acabam comprando essas idéias”, comentou Segura, em frente à sede da campanha do PAN, a única em todo o bairro onde há propaganda política de Felipe Calderón.

Na avaliação de Ana Esther Ceceña, diretora do Laboratório Latino-Americano de Geopolítica, a explicação está em que a continuidade do governo do PAN favorece fundamentalmente a cúpula empresarial e não os setores populares.

“Os empresários foram os principais beneficiados durante o governo Fox. Essa é a base de apoio da candidatura de Calderón”, disse Ceceña à BBC Brasil.

Conservadores assustados

Além dos empresários, a classe média conservadora e os setores ligados à igreja católica também tendem a votar no candidato panista.

Para Ceceña, a classe média não foi diretamente beneficiada pelo atual governo. No entanto, a seu ver, o discurso de inclusão dos pobres à cena política incentivado por López Obrador assusta os setores mais conservadores.

“A classe média tem medo da presença das massas nas ruas no caso de um descontentamento popular. Preferam manter e defender os bons costumes. Apostam na capacidade do Estado em reprimir, diante da possibilidade de que as coisas saiam do caminho”, afirma.

Felipe Calderon afirma que pretende estabelecer uma política de “pulso firme” para combater a delinqüência e garantir segurança pública.

No que se refere à política exterior, a diretora do Laboratório Latino-Americano de Geopolítica afirma que se Calderón sair vitorioso, o México “continuará sendo a entrada dos Estados Unidos para a América Latina”.

“Fox foi bastante agressivo com a América Latina. Facilitou a penetração dos EUA em temas como a militarização nas fronteiras e o combate ao narcotráfico. Se Calderón ganhar, o México estará longe da política de integração impulsionada pelos demais países latino-americanos”, afirma Ana Esther Ceceña.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página