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03/08/2006 - 22h25

Cubanos exilados em Miami planejam retorno à ilha

ANDREA WELLBAUM
da BBC Brasil, em Miami

Os ânimos em Miami acalmaram-se após as manifestações de alegria que encheram as ruas de Little Havana provocadas pelo anúncio da passagem provisória de poder do presidente Fidel Castro para seu irmão, Raúl.

Porém, à festa seguem-se preparativos para o que os exilados cubanos esperam ser uma nova era em Cuba.

“O poder em Cuba está começando a entrar em colapso. Raúl Castro não é admirado pelo povo cubano, nem por muitos que apóiam Fidel. Por isso, acreditamos que ele não vá ser capaz de manter a atual estrutura na ilha durante muito tempo”, disse Ramon Saul Sanchez, presidente do Movimento Democracia, uma organização sediada em Miami que luta pela democracia em Cuba.

O grupo diz estar preparado para voltar ao mar pela 17ª vez rumo a Cuba para juntar-se ao movimento oposicionista existente na ilha e para levar ajuda humanitária ao povo cubano.

Se a nova tentativa acabar como das últimas 16 vezes, o grupo de Sanchez não será bem-sucedido: até hoje eles nunca conseguiram atracar em Cuba.

“Ainda não conseguimos chegar à ilha, mas o dia vai chegar. Vamos continuar lutando até ver o nosso povo reunido, sem barreiras, na nossa terra natal”, afirmou Sanchez.

"Intolerância"

A nova missão rumo a Cuba será obrigada a enfrentar o mesmo que as anteriores: a oposição de dois governos - o cubano e o americano.

“Como se não bastasse a intolerância de Fidel também temos de lidar com a intolerância dos Estados Unidos, que tentam controlar o nosso direito, como cubanos, de entrar em nossa terra natal.”

Em uma das tentativas anteriores de chegar a Cuba – que começaram há 11 anos -, a pequena frota foi alvejada por tiros provenientes de navios cubanos e várias pessoas ficaram feridas.

Em 1998, os Estados Unidos apreenderam um dos navios da tropa, o “Democracia” e Sanchez realizou uma greve de fome até ter o navio devolvido.

“Em todas as vezes que tentamos chegar a Cuba fomos presos pelo governo americano e levados à Justiça, onde tentaram nos condenar a dez anos de prisão. Mas o júri, formado pelo povo, sempre decidiu por nossa inocência”, conta Sanchez.

Recentemente, o Movimento Democracia fez um novo pedido de permissão para navegar para Cuba, que, mais uma vez, foi negado.

Segundo o governo americano, “a entrada (da frota do Movimento Democracia) em território cubano é vista como uma potencial ameaça ou distúrbio das relações internacionais dos Estados Unidos”.

“Os Estados Unidos têm o direito de impedir com que cubanos entrem aqui - afinal este é o país deles – mas eles não têm o direito legal de dizer ao cubano que ele ou ela não podem entrar em sua terra natal”.

Guarda costeira

A guarda costeira americana está preparada para uma possível imigração em massa rumo ao sul da Flórida e pretende mobilizar navios, botes de patrulha, aviões e helicópteros caso registre a entrada de um grande número de cubanos no estado.

Neste sábado, o Movimento Democracia realiza um protesto e uma vigília para rezar pelos oposicionistas ao governo de Fidel em Cuba, “para que nada aconteça com eles durante este período”.

Sanchez também não titubeia em realizar mais sacrifícios pela causa do movimento: “Nós vamos navegar rumo a Cuba mais uma vez e se eu for preso, imediatamente vou iniciar uma nova greve de fome”.

Diferentemente de muitos exilados cubanos em Miami, Sanchez acredita que Fidel ainda esteja vivo e que ele possa até voltar a assumir o poder “por um curto período”.

Porém, com Raúl Castro no poder, a expectativa é de que as mudanças da ilha não demorem. “Se dependesse de Raúl Castro, elas demorariam outros 47 anos. Mas agora depende do povo cubano.”

Segundo o exilado, que chegou a Cuba em 1967, com 10 anos de idade, Raúl não tem o carisma de Fidel. “Por isso não vemos Raúl como um líder e sim como apenas um general do Exército. Raúl também está doente e fragilizado, além de não ser um bom administrador. A única vantagem que tem é ser irmão do ditador. Por isso acreditamos que este é o início do fim, mesmo se Fidel ainda estiver vivo”.
 

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