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29/08/2006
-
07h43
da BBC Brasil, em Brasília
Os programas de governo dos principais candidatos a presidente estão mais curtos, menos detalhados e estão sendo divulgados muito mais tarde do que em eleições anteriores.
A coligação A Força do Povo (PT, PC do B e PRB) apresentará o programa de governo para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apenas nesta terça-feira, a 33 dias da eleição.
O principal candidato da oposição, Geraldo Alckmin da coligação Por um Brasil decente (PSDB-PFL), só divulgou até agora três dos 30 itens do programa.
Em 2002, Lula apresentou seu programa de governo – um documento de 73 páginas mais outras 20 explicando a concepção e as diretrizes do programa – em 23 de julho, com 75 dias de antecedência em relação ao dia de votação.
Já o programa do tucano de José Serra em 2002, na época candidato do PSDB à Presidência, foi apresentado no dia 7 de agosto e tinha 80 páginas.
Programas enxutos
Mas não são só os líderes nas pesquisas que dão pouca visibilidade aos programas de governo.
O programa de governo "completo" no site de Cristóvam Buarque (PDT) ocupa 16 páginas, mas, descontadas a capa, uma introdução e o índice, o documento resume-se a 11 páginas.
O plano de governo apresentado no site de de Luciano Bivar (PSL) é mais enxuto. São oito páginas, mas o número cai a metade quando se exclui a contracapa, uma página ocupada pela foto do candidato e os perfis biográficos dele e de seu vice, Américo de Souza.
Nos sites de José Maria Eymael, do PSDC, e Heloísa Helena, da coligação Frente de Esquerda (PSol, PCB e PSTU), não há nenhuma referência aos programas de governo dos candidatos. No site do PSDC, há diretrizes de governo do partido, mas não há um programa oficial do candidato.
Lula e Alckmin
O lançamento do programa do PT já foi adiado várias vezes e na semana passada o local foi alterado de Brasília para São Paulo, onde o presidente fará um discurso na hora do almoço.
O documento tem 24 páginas e aborda os assuntos de forma bem mais superficial do que o programa de 2002.
Mas de acordo com a coordenação da campanha, outros “quatro ou cinco” temas ainda estão sendo discutidos com mais profundidade e podem ser incorporados ao programa no próximo mês.
No caso do PSDB, o programa está sendo divulgado por temas, à medida em que o candidato fala sobre os assuntos nos seus discursos da campanha.
“Esta foi a estratégia definida pelo Geraldo e pelos partidos aliados, para chamar mais a atenção para um ponto de cada vez e permitir um debate mais concentrado”, disse o coordenador do programa de governo, João Carlos Meirelles.
Meirelles diz que espera que nos próximos 12 a 15 dias todos os 30 itens do programa já tenham sido divulgados aos eleitores através do site do candidato.
“Vamos então debater todo o programa no primeiro e no segundo turno”, afirmou.
Ausência de programas
De acordo com o historiador e cientista político Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos, “a ausência de programas é uma triste constatação de que eles são feitos durante a campanha”.
Ele diz que, desde a primeira eleição para governador, em 1982, esta é a primeira vez que os programas desapareceram da disputa eleitoral.
“Isso mostra o esgotamento de um ciclo depois da redemocratização, que pode significar o esgotamento de idéias desta elite política que está aí”, analisa ele. “É necessário renovar.”
O cientista político Marcelo Simas, do Centro de Pesquisa e Documentação e História Contemporânea (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas, acha que os programa de governo perderam completamente a importância no processo político brasileiro.
“Programa de governo é letra morta”, afirma. “O que importa é a propaganda de TV”, diz ele.
Na propaganda eleitoral, ele acha que Lula é mais bem-sucedido porque apresenta as propostas de maneira mais superficial, enquanto Alckmin é muito mais específico.
“Nosso sistema político não permite a discussão de idéias. A ausência dos programas é sintomático”, afirma.
O cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília, acha que a não divulgação dos programas de governo é uma tática para o candidato não se expor.
“Não tem programa de governo, mas já há discussões para a composição do governo”, ironiza ele.
Partidos atrasam e esvaziam programa de governo
DENIZE BACOCCINAda BBC Brasil, em Brasília
Os programas de governo dos principais candidatos a presidente estão mais curtos, menos detalhados e estão sendo divulgados muito mais tarde do que em eleições anteriores.
A coligação A Força do Povo (PT, PC do B e PRB) apresentará o programa de governo para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apenas nesta terça-feira, a 33 dias da eleição.
O principal candidato da oposição, Geraldo Alckmin da coligação Por um Brasil decente (PSDB-PFL), só divulgou até agora três dos 30 itens do programa.
Em 2002, Lula apresentou seu programa de governo – um documento de 73 páginas mais outras 20 explicando a concepção e as diretrizes do programa – em 23 de julho, com 75 dias de antecedência em relação ao dia de votação.
Já o programa do tucano de José Serra em 2002, na época candidato do PSDB à Presidência, foi apresentado no dia 7 de agosto e tinha 80 páginas.
Programas enxutos
Mas não são só os líderes nas pesquisas que dão pouca visibilidade aos programas de governo.
O programa de governo "completo" no site de Cristóvam Buarque (PDT) ocupa 16 páginas, mas, descontadas a capa, uma introdução e o índice, o documento resume-se a 11 páginas.
O plano de governo apresentado no site de de Luciano Bivar (PSL) é mais enxuto. São oito páginas, mas o número cai a metade quando se exclui a contracapa, uma página ocupada pela foto do candidato e os perfis biográficos dele e de seu vice, Américo de Souza.
Nos sites de José Maria Eymael, do PSDC, e Heloísa Helena, da coligação Frente de Esquerda (PSol, PCB e PSTU), não há nenhuma referência aos programas de governo dos candidatos. No site do PSDC, há diretrizes de governo do partido, mas não há um programa oficial do candidato.
Lula e Alckmin
O lançamento do programa do PT já foi adiado várias vezes e na semana passada o local foi alterado de Brasília para São Paulo, onde o presidente fará um discurso na hora do almoço.
O documento tem 24 páginas e aborda os assuntos de forma bem mais superficial do que o programa de 2002.
Mas de acordo com a coordenação da campanha, outros “quatro ou cinco” temas ainda estão sendo discutidos com mais profundidade e podem ser incorporados ao programa no próximo mês.
No caso do PSDB, o programa está sendo divulgado por temas, à medida em que o candidato fala sobre os assuntos nos seus discursos da campanha.
“Esta foi a estratégia definida pelo Geraldo e pelos partidos aliados, para chamar mais a atenção para um ponto de cada vez e permitir um debate mais concentrado”, disse o coordenador do programa de governo, João Carlos Meirelles.
Meirelles diz que espera que nos próximos 12 a 15 dias todos os 30 itens do programa já tenham sido divulgados aos eleitores através do site do candidato.
“Vamos então debater todo o programa no primeiro e no segundo turno”, afirmou.
Ausência de programas
De acordo com o historiador e cientista político Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos, “a ausência de programas é uma triste constatação de que eles são feitos durante a campanha”.
Ele diz que, desde a primeira eleição para governador, em 1982, esta é a primeira vez que os programas desapareceram da disputa eleitoral.
“Isso mostra o esgotamento de um ciclo depois da redemocratização, que pode significar o esgotamento de idéias desta elite política que está aí”, analisa ele. “É necessário renovar.”
O cientista político Marcelo Simas, do Centro de Pesquisa e Documentação e História Contemporânea (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas, acha que os programa de governo perderam completamente a importância no processo político brasileiro.
“Programa de governo é letra morta”, afirma. “O que importa é a propaganda de TV”, diz ele.
Na propaganda eleitoral, ele acha que Lula é mais bem-sucedido porque apresenta as propostas de maneira mais superficial, enquanto Alckmin é muito mais específico.
“Nosso sistema político não permite a discussão de idéias. A ausência dos programas é sintomático”, afirma.
O cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília, acha que a não divulgação dos programas de governo é uma tática para o candidato não se expor.
“Não tem programa de governo, mas já há discussões para a composição do governo”, ironiza ele.
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