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29/09/2006 - 11h03

Reforma agrária esteve fora de campanha eleitoral, diz jornal

da BBC Brasil

Um dos principais jornais europeus, o espanhol "El País", diz que o tema da reforma agrária esteve ausente na campanha eleitoral do país "com os maiores latifúndios do mundo" e que terá pouco peso na eleição presidencial de domingo.

O diário afirma que "o tema da distribuição de terras não foi mencionado por nenhum dos principais candidatos".

A reportagem, com o título "Camponeses sem-terra dão as costas a Lula", descreve como famílias ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST) acampadas em uma periferia de São Paulo estão desanimadas com as votações. "Não me importa quem seja o próximo presidente", diz uma acampada, segundo o jornal.

O El País diz que o peso político dos sem-terra é pequeno e que, por isso, "o tema (da reforma agrária) não está no debate político".

Desafios

Outros jornais deram destaque aos principais desafios que serão enfrentados pelo próximo governo.

O argentino "Clarín" chama atenção para o problema da desigualdade, partindo da "paisagem assombrosa dos heliportos" dominando o topo dos prédios em São Paulo, que o visitante vê da janela do avião que sobrevoa a cidade.

"Não creia que é puro esnobismo da aristocracia de um país subdesenvolvido", diz o enviado do diário argentino. "Aqui há um nível espetacular de fortunas pessoais de tal tamanho que os olhos dos argentinos não estamos acostumados a ver, que pressiona por uma qualidade de vida com todos os tons do que há de mais exclusivo no primeiro mundo, e um pouco mais."

Para o "Clarín", o "Brasil opulento" dos bairros ricos de São Paulo "compete com o outro, das favelas e da fome".

Violência

Parte deste Brasil está não muito longe, nos presídios espalhados pela mesma capital paulista, recorda o francês "Libération". O diário escolheu o tema da violência e da superlotação das prisões para retratar os desafios do Brasil.

Especialistas ouvidos na reportagem dizem que "as condições de detenção explicam os motins freqüentes e a violência que cresce entre os prisioneiros". A corrupção policial e a lentidão judiciária agravam o problema.

Como resultado, organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) criam ramificações nos presídios brasileiros, em especial em São Paulo.

Pobreza

Outros jornais francófonos e o italiano "Corriere della Sera" destacam a fidelidade da população pobre ao presidente Lula, por conta de programas sociais de redução da pobreza, como o Bolsa Família.

"Bolsa Família de Lula devolve esperança às favelas", titula o francês "L'Expansion". "Votarei em Lula porque ele enche minha barriga", destaca o suíço "Le Temps", reproduzindo a frase de uma moradora da área rural de Terezinha, no interior de Pernambuco.

Da capital do estado, Recife, a reportagem do "Corriere" destaca a conexão do presidente Lula com a população mais pobre, simbolizada pela frase "ele é um de nós" que o repórter ouviu durante sua apuração.

A favela de Brasília Teimosa --cujos moradores foram transferidos para um conjunto residencial popular-- é dada como exemplo das melhorias do governo Lula para a população carente das cidades.

Economia

Já em tom de preocupação, uma em reportagem do britânico "Financial Times", alerta para o crescimento tímido da economia brasileira.

O "efeito bem-estar" ("feelgood factor") que amenizou os efeitos eleitorais dos escândalos de corrupção pode desaparecer se a economia continuar se expandindo na casa de 3% ao ano, afirma a reportagem.

"O maior problema, dizem os críticos, é a impossibilidade de Lula de seguir adiante em reformar o setor público, cortando o gasto público com pessoal ativo e com aposentados", diz o FT. "Condições mundiais favoráveis contribuíram (até o momento) para a falta de urgência em solucionar tais questões."

Às vésperas das eleições presidenciais de domingo, a imprensa internacional destaca vários dilemas que o próximo presidente brasileiro terá de enfrentar.

"Volta ao Mundo"

O espanhol "La Vanguardia" utiliza um personagem de Júlio Verne, o inventor Phileas Fogg, de "Volta ao Mundo em Oitenta Dias", para brincar com as mais de cem viagens oficiais realizadas pelo presidente Lula durante seu governo.

"Há quatro anos, ninguém esperava a trepidante 'volta ao mundo de Lula Fogg'", graceja o repórter Bernardo Gutiérrez.

Para o jornalista, "as viagens de Lula colocaram o Brasil na primeira linha da diplomacia mundial".

Ele enumera: "Em menos de quatro anos, o país se tornou líder da integração política latino-americana. Peça-chave para a moderação política da esquerda da região. Cabeça indiscutível do G20 que luta contra os subsídios agrários do primeiro mundo. Impulsor do G3, que representa as potências em desenvolvimento".
 

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