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04/10/2006
-
07h26
da BBC Brasil
Em um só dia, os Estados Unidos e seus aliados assistiram às crises envolvendo os programas nucleares da Coréia do Norte e do Irã se deteriorarem.
O anúncio norte-coreano de que pretende testar o seu arsenal nuclear é o mais recente desdobramento de uma crise que parece não ter fim nem solução.
Uma autoridade britânica disse que está claro agora que o Irã não vai suspender as suas atividades de enriquecimento de urânio e, portanto, que as movimentações para a imposição de sanções começarão no Conselho de Segurança (CS) da ONU.
A única esperança que pode ser vislumbrada na declaração da Coréia do Norte é o que ela não diz, ou seja, não se trata de um anúncio de que um teste já foi feito.
Portanto, existe uma possibilidade de que, ao fazer o alerta com antecedência, os norte-coreanos estejam apenas tentando atrair os Estados Unidos para um diálogo direto.
Pyongyang quer principalmente que Washington abandone seus esforços para isolar o país, supostamente com o objetivo de impedir que a Coréia do Norte comercialize armas e suspenda atividades econômicas ilegais.
No entanto, o histórico das ambições nucleares da Coréia do Norte mostra que é realista levar suas declarações a sério e esperar que um teste ocorra em algum momento.
O país já se retirou do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e já anunciou que construiu armas nucleares. Um teste seria o passo seguinte mais óbvio.
Qualquer teste causaria extrema preocupação na região e poderia levar tanto a Coréia do Sul quanto o Japão a também seguirem o caminho das armas nucleares.
A reação dos Estados Unidos a um teste obviamente não será favorável, mas é pouco provável que inclua ação militar.
O risco de a Coréia do Norte lançar um ataque contra a Coréia do Sul (cuja capital, Seul, fica muito próxima da fronteira) em retaliação é muito alto, provavelmente alto demais para arriscar.
Os EUA têm grandes esperanças de que a China seja capaz de conter os norte-coreanos, que dependem muito da ajuda chinesa, mas até agora isso não ocorreu.
Se o Norte não puder ser, ou não for, contido, então o mundo talvez tenha que conviver algum dia com a bomba norte-coreana.
Nesse caso, a política seria isolar o Norte ainda mais. O país já está sujeito a sanções contra seu programa nuclear e de mísseis, por meio de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU aprovada neste ano.
A esperança é que, com o tempo, o regime desmorone internamente, como ocorreu com outros regimes comunistas, e deixe de ser uma ameaça.
Mas para que isto ocorra, os Estados Unidos teriam de aceitar que uma das partes do que o presidente George W. Bush chama de "Eixo do Mal" continue a funcionar.
Linha dura
Quanto ao Irã, não é surpresa que as negociações agora pareçam ter estacionado.
Elas estavam sendo lideradas pelo chefe de política externa da União Européia, Javier Solana, e sua conclusão, levada aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e à Alemanha, é pessimista.
Segundo seu relatório, o Irã não irá suspender o enriquecimento de urânio, como exige o Conselho de Segurança.
O próximo passo, conforme um alto funcionário do governo britânico, será uma tentativa de fazer com que o Conselho de Segurança imponha sanções ao Irã.
Isso é mais fácil falar do que fazer. E, mesmo que ocorra, são poucas as chances de que essas sanções façam o Irã interromper suas atividades neste estágio.
Os EUA já impuseram um embargo ao Irã por mais de 25 anos e isso não fez a menor diferença para a política iraniana.
"Eles são todos linhas duras em Teerã no momento", disse o funcionário britânico.
Já houve ameaça de sanções na resolução que exigia a suspensão das atividades, que foi aprovada em 31 de julho e precisa de uma decisão separada do conselho.
Até agora, a Rússia e a China se opuseram a sanções, e a França recentemente expressou suas dúvidas a respeito do assunto.
Talvez eles estejam preparados para dar passos limitados, mas o efeito disso não deve ser grave no Irã.
A possibilidade de um ataque militar ao Irã não está na agenda.
Leia mais
Entenda o caso dos testes nucleares da Coréia do Norte
Entenda o caso do programa nuclear iraniano na ONU
Saiba mais sobre a crise nuclear com o Irã
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o programa nuclear da Coréia do Norte
Leia o que já foi publicado sobre o programa nuclear iraniano
Análise: Coréia do Norte e Irã infligem duplo golpe à política nuclear dos EUA
PAUL REYNOLDSda BBC Brasil
Em um só dia, os Estados Unidos e seus aliados assistiram às crises envolvendo os programas nucleares da Coréia do Norte e do Irã se deteriorarem.
O anúncio norte-coreano de que pretende testar o seu arsenal nuclear é o mais recente desdobramento de uma crise que parece não ter fim nem solução.
Uma autoridade britânica disse que está claro agora que o Irã não vai suspender as suas atividades de enriquecimento de urânio e, portanto, que as movimentações para a imposição de sanções começarão no Conselho de Segurança (CS) da ONU.
A única esperança que pode ser vislumbrada na declaração da Coréia do Norte é o que ela não diz, ou seja, não se trata de um anúncio de que um teste já foi feito.
Portanto, existe uma possibilidade de que, ao fazer o alerta com antecedência, os norte-coreanos estejam apenas tentando atrair os Estados Unidos para um diálogo direto.
Pyongyang quer principalmente que Washington abandone seus esforços para isolar o país, supostamente com o objetivo de impedir que a Coréia do Norte comercialize armas e suspenda atividades econômicas ilegais.
No entanto, o histórico das ambições nucleares da Coréia do Norte mostra que é realista levar suas declarações a sério e esperar que um teste ocorra em algum momento.
O país já se retirou do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e já anunciou que construiu armas nucleares. Um teste seria o passo seguinte mais óbvio.
Qualquer teste causaria extrema preocupação na região e poderia levar tanto a Coréia do Sul quanto o Japão a também seguirem o caminho das armas nucleares.
A reação dos Estados Unidos a um teste obviamente não será favorável, mas é pouco provável que inclua ação militar.
O risco de a Coréia do Norte lançar um ataque contra a Coréia do Sul (cuja capital, Seul, fica muito próxima da fronteira) em retaliação é muito alto, provavelmente alto demais para arriscar.
Os EUA têm grandes esperanças de que a China seja capaz de conter os norte-coreanos, que dependem muito da ajuda chinesa, mas até agora isso não ocorreu.
Se o Norte não puder ser, ou não for, contido, então o mundo talvez tenha que conviver algum dia com a bomba norte-coreana.
Nesse caso, a política seria isolar o Norte ainda mais. O país já está sujeito a sanções contra seu programa nuclear e de mísseis, por meio de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU aprovada neste ano.
A esperança é que, com o tempo, o regime desmorone internamente, como ocorreu com outros regimes comunistas, e deixe de ser uma ameaça.
Mas para que isto ocorra, os Estados Unidos teriam de aceitar que uma das partes do que o presidente George W. Bush chama de "Eixo do Mal" continue a funcionar.
Linha dura
Quanto ao Irã, não é surpresa que as negociações agora pareçam ter estacionado.
Elas estavam sendo lideradas pelo chefe de política externa da União Européia, Javier Solana, e sua conclusão, levada aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e à Alemanha, é pessimista.
Segundo seu relatório, o Irã não irá suspender o enriquecimento de urânio, como exige o Conselho de Segurança.
O próximo passo, conforme um alto funcionário do governo britânico, será uma tentativa de fazer com que o Conselho de Segurança imponha sanções ao Irã.
Isso é mais fácil falar do que fazer. E, mesmo que ocorra, são poucas as chances de que essas sanções façam o Irã interromper suas atividades neste estágio.
Os EUA já impuseram um embargo ao Irã por mais de 25 anos e isso não fez a menor diferença para a política iraniana.
"Eles são todos linhas duras em Teerã no momento", disse o funcionário britânico.
Já houve ameaça de sanções na resolução que exigia a suspensão das atividades, que foi aprovada em 31 de julho e precisa de uma decisão separada do conselho.
Até agora, a Rússia e a China se opuseram a sanções, e a França recentemente expressou suas dúvidas a respeito do assunto.
Talvez eles estejam preparados para dar passos limitados, mas o efeito disso não deve ser grave no Irã.
A possibilidade de um ataque militar ao Irã não está na agenda.
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