Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/10/2006 - 16h50

Entenda o caso dos testes nucleares da Coréia do Norte

da BBC Brasil

A Coréia do Norte anunciou que o país conduziu um teste nuclear.

Confira abaixo a resposta da BBC para algumas das principais perguntas sobre a crise e sobre as ambições nucleares do país asiático.

A questão realmente é importante?

Sim. O braço-de-ferro entre Coréia do Norte e Estados Unidos é, possivelmente, a maior ameaça à segurança do Sudeste Asiático, a curto e longo prazo.

Se o teste anunciado pela Coréia do Norte for verdadeiro, confirmará a existência de ogivas nucleares no país e encerrará as possibilidades de negociações multilaterais entre os seis países envolvidos (EUA, China, Japão, Coréia do Norte, Coréia do Sul e Rússia) em entendimentos sobre o programa nuclear norte-coreano.

Além disso, aumentará muito as chances de uma corrida armamentista nuclear na região, onde países como Coréia do Sul e Japão passariam a considerar o desenvolvimento de um programa nuclear.

Por que a Coréia do Norte decidiu realizar testes nucleares agora?

O recluso líder norte-coreano Kim Jong-il parece ter desistido das negociações.

A imprensa da Coréia do Norte vem divulgando que os EUA pretendem atacar o país, e que o programa nuclear é a única forma de evitar isso.

Kim também pode estar se rebelando contra a China, único aliado da Coréia do Norte, que em julho manifestou apoio a sanções da ONU.

Por fim, isolado, Kim pode estar achando que os testes nucleares são a melhor forma de manter sua autoridade doméstica.

O que se sabe sobre o programa nuclear da Coréia do Norte?

A Coréia do Norte diz que tem armas nucleares e que está trabalhando na construção de um arsenal maior. O problema para o resto do mundo é a dificuldade de verificar estas afirmações.

A maioria dos especialistas em armamentos nucleares acreditava que o país não tinha um programa nuclear ativo – pelo menos até 1994, quando se assinou um tratado de suspensão de pesquisas relativas a esse tipo de armamentos.

Mas, em dezembro de 2002, Pyongyang reativou o seu reator nuclear em Yongbyon e expulsou do país dois monitores nucleares das Nações Unidas.

Desde então, não se sabe ao certo em que estágio está o programa nuclear norte-coreano.

Se o reator estava funcionando, supõe-se que teria sido possível enriquecer plutônio para se construir uma bomba por ano.

Mas segundo a agência de inteligência americana (CIA), um programa nuclear para enriquecimento de urânio estaria produzindo “duas ou mais” bombas por ano até o meio desta década.

Quantas armas nucleares a Coréia do Norte tem?

Sem as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica, a AIEA, é difícil dizer. Os especialistas falam em um pequeno número de bombas, enquanto os Estados Unidos dizem que são “uma ou duas”.

O combustível nuclear armazenado em 1994 poderia ter sido utilizado para fazer as armas, segundo os EUA.

A Coréia do Norte disse que já processou todo o combustível, embora os governos americano e sul-coreano não tenham tanta certeza.

A Coréia do Norte já tem capacidade de jogar uma bomba nuclear?

Apesar de o país ter aparentemente testado com sucesso um dispositivo nuclear, especialistas acreditam que a bomba não deve ser pequena o suficiente para poder ser transportada por um míssil.

Isso indica que a única forma de a Coréia do Norte jogar uma bomba seria usando aviões, que podem ser monitorados por militares de outros países.

No entanto, a Coréia do Norte já trabalha num programa de mísseis de longa distância. Isso pode fazer com que o Japão tenha que desenvolver um programa de defesa balística ou até mesmo um programa nuclear próprio, contra a vontade dos EUA.

Como a crise começou?

Em 2002, Bush incluiu a Coréia do Norte no seu “eixo do mal”, o que fez com que os asiáticos se retirassem do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), do qual eram signatários, criando temores de uma guerra nuclear.

É muito difícil avaliar quais serão os próximos passos do errático líder norte-coreano Kim Jong-il, mas acredita-se que a questão nuclear seja uma tentativa de negociar um pacto de não-agressão e ajuda econômica dos Estados Unidos.

A Coréia do Norte já não fez isso antes?

Em 1993, o país passou por crise semelhante, mas foi convencido a suspender as atividades nucleares no ano seguinte, com o acordo de 1994. Em troca, o país receberia óleo pesado e dois reatores para produção de energia que dificilmente poderiam ser usados para se fazer armas. Os reatores seriam feitos por um consórcio chamado Kedo, mas sua construção estava muito atrasada quando a crise começou.

Que diferença há entre a crise da Coréia do Norte e a do Iraque, por exemplo?

Os casos são diferentes. Os asiáticos são isolados e têm sérios problemas domésticos. Dois aliados americanos – Japão e Coréia do Sul – se esforçam para tentar uma aproximação com o regime de Pyongyang. Além disso, o Iraque, antes da invasão liderada pelos Estados Unidos, não tinha armas nucleares, e a derrubada de Saddam Hussein também visava evitar que ele adquirisse tal poder. Com Pyongyang, a alternativa que resta é gerenciar a situação.

Um acordo firmado em 2005 não tinha resolvido o impasse quanto ao programa nuclear norte-coreano?

O acordo de 2005 parece ter fracassado totalmente.

As questões mais delicadas – como a permissão da Coréia do Sul para que se supervisione seu programa nuclear – não eram mencionadas no acordo. O documento também não determinava o destino das instalações nucleares norte-coreanas nem como seriam feitas verificações futuras.

Todos esses pontos teriam de ser resolvidos em conversações futuras e, dada a falta de confiança dos EUA em Pyongyang, há muito espaço para imprevistos.

O governo norte-coreano não deixará de ver os EUA como ameaça, e Washington, por sua vez, não passará a confiar num país que já quebrou um acordo sobre o tema em 1994.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o programa nuclear da Coréia do Norte
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página