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03/11/2006 - 20h38

Brasil pode mediar crise com Uruguai se Argentina pedir

DANIEL GALLAS
da BBC Brasil, em Montevidéu

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta sexta-feira que o Brasil pode mediar o conflito entre a Argentina e o Uruguai sobre a fábrica de celulose implementada no Rio Uruguai, na fronteira entre os dois países, caso o governo de Néstor Kirchner peça a participação brasileira no assunto.

"Não podemos impor (a nossa mediação). As duas partes precisam pedir a nossa contribuição", disse Amorim em entrevista a jornalistas brasileiros e agências de notícias na residência do embaixador brasileiro no Uruguai.

Argentina e Uruguai, sócios do Brasil no Mercosul, passam por uma crise diplomática deflagrada pela instalação da fábrica finlandesa Botnia no município uruguaio de Fray Bentos, na divisa com a Argentina. O governo e grupos de ambientalistas da Argentina dizem que a fábrica vai poluir o seu país. Uruguaios negam, e tentam concretizar um dos maiores investimentos estrangeiros feito no país nos últimos anos.

O governo do presidente Tabaré Vázquez já pediu a interferência brasileira no assunto, mas Amorim disse que Brasília não vai participar das negociações sem o aval de Buenos Aires. A Argentina levou o conflito à Corte Internacional de Justiça de Haia, acusando o Uruguai de violar um tratado de gestão compartilhada do rio Uruguai.

Crise

A crise entre Argentina e Uruguai se agravou na véspera da 16º Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado, realizada neste final de semana em Montevidéu, com o bloqueio argentino a pontes sobre o rio Uruguai. Mesmo com a presença de Kirchner na cúpula, Vázquez disse que não negociará a questão enquanto o bloqueio persistir.

Amorim confirmou que recebeu o pedido uruguaio para discutir a crise entre os dois países na próxima reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC), que será realizada em dezembro. Ele negou, no entanto, que a crise seja uma das mais graves do Mercosul.

"Vocês têm a psicologia da crise. Talvez vocês desejem que o Mercosul esteja em crise", disse Amorim aos jornalistas.

Ele destacou que o Mercosul tem avançado recentemente, como na negociação do fim da dupla cobraça da Tarifa Externa Comum (TEC), na criação do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (fundo criado para reduzir as assimetrias entre o tamanho das economias do bloco, beneficiando Uruguai e Paraguai) e na formação do Parlamento do Mercosul.

"O Mercosul está ótimo", disse o ministro.

Amorim está em Montevidéu representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encontro de chefes de Estado. Ele minimizou a ausência de Lula no encontro, que foi destaque na imprensa local. O presidente é um dos oito chefes de Estado que não vieram a Montevidéu.

"O presidente não veio por uma coincidência muito específica", disse Amorim. Lula alegou que tem uma recomendação médica para descansar.
 

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