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17/01/2007
-
16h21
da BBC Brasil, em Buenos Aires
A proposta de concessões que o Brasil quer discutir durante a reunião do Mercosul --que começa nesta quinta-feira no Rio de Janeiro-- para tentar compensar o desequilíbrio de forças dentro do bloco causa divergências entre os sócios.
Com diferentes argumentos, as idéias apresentadas pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, foram criticadas pelos governos de Paraguai, no Uruguai e na Argentina.
O chanceler brasileiro propôs eliminar a dupla cobrança de tarifa externa comum aos produtos de fora do bloco que entram por Paraguai e Uruguai, mas que têm o Brasil como destino.
Além disso, Amorim aceitou que produtos paraguaios e uruguaios possuam componentes de países de fora do Mercosul.
O secretário de Relações Econômicas Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, embaixador Alfredo Chiaradia, e o vice-ministro das Relações Exteriores para Assuntos Econômicos e Integração do Paraguai, Emílio Jimenez, discordaram das sugestões do ministro brasileiro.
Para Chiaradia, o "relaxamento" das chamadas regras de origem (conteúdo importado dos produtos fabricados no Paraguai e no Uruguai) pode abrir espaço para a entrada, no Mercosul, de componentes da China ou de outro país asiático.
"Setores sensíveis como calçados, linha branca (fogões e geladeiras) e bicicletas, fabricados pelos países do Mercosul, poderão sofrer com esta abertura anunciada pelo Brasil", ressaltou o negociador argentino.
Chiaradia disse ainda que o fim da cobrança dupla de tarifas ainda é visto "com muita cautela". A idéia estaria em discussão há pelo menos dois anos, de acordo com outros negociadores do bloco.
Uruguai e Paraguai
Em Montevidéu, o ministro da Economia, Danilo Astori, disse à imprensa local que a eliminação da dupla cobrança "não é uma solução e não resolve o problema de fundo" --que seria, segundo ele, a falta de acesso aos mercados dos outros membros do bloco.
País com três milhões de habitantes, o Uruguai tem se sentido --assim como o Paraguai-- discriminado pelos dois sócios maiores, Brasil e Argentina. E, recentemente, acelerou seu interesse por maior aproximação com Estados Unidos --numa relação fora do bloco.
De Assunção, o vice-ministro das Relações Exteriores, Emilio Jimenez, agradeceu a iniciativa do governo brasileiro. Mas ressalvou: "É um avanço importante, mas não podemos considerar que estas medidas são suficientes para concluir o processo de assimetria no bloco".
Para Jimenez, o Mercosul deve lutar para conquistar sua "meta número um": o livre trânsito de bens dentro do bloco. "Que nossas mercadorias entrem no Mercosul sem nenhum tipo de barreira." País com cerca de seis milhões de habitantes, o Paraguai, recordou o vice-ministro, exporta 50% de sua produção para os sócios do bloco.
Fundo de Convergência
A autoridade paraguaia acredita que o equilíbrio de forças no bloco começará a surgir, de fato, a partir do Fundo de Convergência Estrutural.
Este Fundo já conta, como informou o subsecretário de integração econômica da Argentina, Eduardo Sigal, com US$ 120 milhões. E deverá servir, principalmente, para ajudar aos dois menores sócios e socorrer na hora dos problemas conjuntos do bloco.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o Mercosul
Concessões do Brasil a sócios menores dividem Mercosul
MARCIA CARMOda BBC Brasil, em Buenos Aires
A proposta de concessões que o Brasil quer discutir durante a reunião do Mercosul --que começa nesta quinta-feira no Rio de Janeiro-- para tentar compensar o desequilíbrio de forças dentro do bloco causa divergências entre os sócios.
Com diferentes argumentos, as idéias apresentadas pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, foram criticadas pelos governos de Paraguai, no Uruguai e na Argentina.
O chanceler brasileiro propôs eliminar a dupla cobrança de tarifa externa comum aos produtos de fora do bloco que entram por Paraguai e Uruguai, mas que têm o Brasil como destino.
Além disso, Amorim aceitou que produtos paraguaios e uruguaios possuam componentes de países de fora do Mercosul.
O secretário de Relações Econômicas Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, embaixador Alfredo Chiaradia, e o vice-ministro das Relações Exteriores para Assuntos Econômicos e Integração do Paraguai, Emílio Jimenez, discordaram das sugestões do ministro brasileiro.
Para Chiaradia, o "relaxamento" das chamadas regras de origem (conteúdo importado dos produtos fabricados no Paraguai e no Uruguai) pode abrir espaço para a entrada, no Mercosul, de componentes da China ou de outro país asiático.
"Setores sensíveis como calçados, linha branca (fogões e geladeiras) e bicicletas, fabricados pelos países do Mercosul, poderão sofrer com esta abertura anunciada pelo Brasil", ressaltou o negociador argentino.
Chiaradia disse ainda que o fim da cobrança dupla de tarifas ainda é visto "com muita cautela". A idéia estaria em discussão há pelo menos dois anos, de acordo com outros negociadores do bloco.
Uruguai e Paraguai
Em Montevidéu, o ministro da Economia, Danilo Astori, disse à imprensa local que a eliminação da dupla cobrança "não é uma solução e não resolve o problema de fundo" --que seria, segundo ele, a falta de acesso aos mercados dos outros membros do bloco.
País com três milhões de habitantes, o Uruguai tem se sentido --assim como o Paraguai-- discriminado pelos dois sócios maiores, Brasil e Argentina. E, recentemente, acelerou seu interesse por maior aproximação com Estados Unidos --numa relação fora do bloco.
De Assunção, o vice-ministro das Relações Exteriores, Emilio Jimenez, agradeceu a iniciativa do governo brasileiro. Mas ressalvou: "É um avanço importante, mas não podemos considerar que estas medidas são suficientes para concluir o processo de assimetria no bloco".
Para Jimenez, o Mercosul deve lutar para conquistar sua "meta número um": o livre trânsito de bens dentro do bloco. "Que nossas mercadorias entrem no Mercosul sem nenhum tipo de barreira." País com cerca de seis milhões de habitantes, o Paraguai, recordou o vice-ministro, exporta 50% de sua produção para os sócios do bloco.
Fundo de Convergência
A autoridade paraguaia acredita que o equilíbrio de forças no bloco começará a surgir, de fato, a partir do Fundo de Convergência Estrutural.
Este Fundo já conta, como informou o subsecretário de integração econômica da Argentina, Eduardo Sigal, com US$ 120 milhões. E deverá servir, principalmente, para ajudar aos dois menores sócios e socorrer na hora dos problemas conjuntos do bloco.
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