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08/03/2007 - 09h49

"Beleza foi feita para o marido", diz brasileira que usa véu no Egito

ANDREA WELLBAUM
da BBC Brasil, no Cairo

As diferenças entre o comportamento de homens e mulheres --e as desigualdades entre os dois sexos na sociedade-- podem ser notadas ao se andar nas ruas da capital egípcia, Cairo.

Existem cafés exclusivamente para homens fumarem e tomarem chá, durante as cinco orações diárias apenas homens podem ser vistos em público rezando e, um dos fatores mais evidentes para o mundo ocidental, apenas as mulheres cobrem a maior parte de seus corpos.

As vestimentas vão desde um simples véu na cabeça até a túnica preta que só deixa os olhos à mostra, a burca. Como a mulher deveria se cobrir é tema de incansáveis debates, já que o Alcorão, o código moral e religioso dos muçulmanos, fala apenas que a mulher não deve usar decote e deve se vestir de forma discreta para não chamar a atenção dos homens.

"Isso faz parte de todo um movimento de renovação crescente, é uma tendência religiosa que está atingindo todo o Oriente Médio. Mas o véu não representa de forma nenhuma falta de liberdade", diz a socióloga Madiha el Safty, professora da Universidade Americana do Cairo.

Liberdades

Porém, muitos defensores dos direitos das mulheres consideram a retomada das vestimentas conservadoras uma forma de voltar também aos velhos tempos, quando as mulheres tinham menos liberdades.

A consultora Ilza Almeida, que adotou o nome de Yasmin El Talawy, discorda. Ela se mudou do Brasil para o Egito há cerca de dois anos e acha que tem muito mais liberdade no Egito do que tinha no país de origem.

"Aqui você pode fazer qualquer coisa. Trabalhar é só você querer. Querer e o marido autorizar. Mas se a mulher não precisa trabalhar, porque o marido pode prover tudo, por quê ela vai trabalhar?", afirma Ilza.

Há alguns meses, ela também adotou o véu para esconder os cabelos. "A beleza da mulher foi feita para mostrar para o marido dela e para mais ninguém. Por quê o outro vai xeretar? Por quê o outro tem de saber o comprimento ou a cor do meu cabelo ou se está tudo em cima? Isso é da conta só do meu marido."

Ilza também diz que não considera as tradicionais vestimentas femininas muçulmanas um símbolo de perda de direitos. "Você acha que eu me sinto punida? Isso não representa opressão, a mulher não precisa usar se ela não quiser. Você quer maior liberdade do que usar o nikab (burca), estar completamente coberta, apenas com seus olhos aparecendo e ninguém saber quem você é?"

Algumas mulheres no Egito optaram por não usar o véu e, apesar de esta ser uma opção possível, muitas delas têm de enfrentar o assédio incessante dos homens.

"Bom, homem é homem, né?! Não pode ver nada e quando vê uma coisinha fica doido. Mas isso é da natureza do homem, lamento dizer isso. Você vai fazer o quê? Matar o cara?", diz Ilza.

 

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