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08/03/2007 - 14h48

Política externa colocou Brasil e EUA em lados opostos

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Brasília

Apesar do discurso de boas relações entre os presidentes e de interesses comuns em várias áreas, as principais bandeiras de política externa de cada país colocaram Brasil e Estados Unidos em lados opostos nos últimos anos.

Os Estados Unidos não tiveram o apoio do governo brasileiro para a guerra do Iraque e, por sua vez, nunca se sensibilizaram com a demanda brasileira de reforma e ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Caio Guatelli/Folha Imagem
Manifestantes protestam contra Bush na Paulista; protesto acaba em confronto
Manifestantes protestam contra Bush na Paulista; protesto acaba em confronto
A obtenção de uma vaga permanente no Conselho de Segurança é uma das maiores prioridades da política externa do governo Lula, que não conseguiu vencer a resistência dos Estados Unidos nem convencer número suficiente de países a apoiar a mudança.

Os dois países também estiveram em lados opostos das negociações na Rodada Doha da liberalização do comércio mundial.

Uma das bandeiras da criação do G20, o grupo dos países desenvolvidos liderado pelo Brasil, é a resistência à pressão americana para uma maior abertura na área de serviços e o respeito às leis de propriedade intelectual.

Só agora, recentemente, os dois governos estão empenhados em reabrir as negociações e têm uma posição conjunta, para forçar a uma abertura maior da União Européia na área agrícola.

Acordos bilaterais

Também na área comercial, o Brasil conseguiu colocar na geladeira uma Alca que considerava insatisfatória para seus interesses, mas viu os Estados Unidos "tentarem" vários dos países da região com acordos bilaterais que acabaram deixando o Brasil isolado.

Nos últimos anos, fizeram acordos de comércio com os Estados Unidos países da América Central, Peru e Colômbia.

Em janeiro, os EUA assinaram com os uruguaios um acordo de investimento, tornando o país mais próximo de um acordo de livre comércio, que poderia ameaçar a unidade do Mercosul.

Por outro lado, o Brasil venceu na OMC um processo pelo fim do subsídio ao algodão americano e conseguiu evitar que o país cancelasse o SGP (Sistema Geral de Preferências), que garante acesso livre a cerca de 15% das exportações brasileiras.

O ex-embaixador brasileiro em Washington Roberto Abdenur criticou o que considera falta de empenho do governo brasileiro para promover as exportações brasileiras nos Estados Unidos.

Ele diz que a política externa tem um elemento antiamericanista e que a ênfase no comércio sul-sul acontece em detrimento do mercado americano.

A prova, segundo ele, é que o Brasil responde por menos de 1,5% das importações americanas, mesmo nível de 20 anos atrás e menos do que no início dos anos 80.

Nos últimos anos, houve um ligeiro aumento em relação a 2001, quando os produtos brasileiros representaram 1,27% das importações americanas.

Mas os números mostram também que o Brasil está perdendo posição entre os maiores fornecedores para os Estados Unidos. No ano passado a participação caiu para 1,4%, e o Brasil deixou de figurar entre os 15 maiores parceiros comerciais do país, que importou US$ 1,9 trilhão de todo o mundo em 2006.

Disputas políticas

Brasil e Estados Unidos também estiveram em lados diferentes em várias disputas políticas, por posições em organismos multilaterais regionais ou globais.

Em julho de 2005, o ex-ministro do Planejamento João Sayad perdeu a disputa para a presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) depois de passar pouco menos de um ano como um dos diretores da instituição.

Indicado pelo governo brasileiro, ele perdeu para o colombiano Luis Alberto Moreno, apoiado pelos Estados Unidos.

Dois meses antes, os Estados Unidos haviam amargado o que seria sua maior derrota política no continente no governo Bush.

Numa queda-de-braço com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, o governo americano saiu derrotado da eleição para escolher o novo secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos).

O chileno José Miguel Insulza, apoiado abertamente por Chávez e pelo qual o Brasil trabalhou intensamente nos bastidores, foi eleito depois que a secretária de Estado, Condoleezza Rice, costurou a renúncia do mexicano Luiz Derbez, candidato apoiado pelos americanos.

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