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07/05/2007 - 09h57

Esquerda pode ter renovação após derrota de Royal

OANA LUNGESCU
da BBC Brasil, em Paris

Ela usava um nariz postiço vermelho e vestia uma camiseta vermelha com o nome de sua heroína.

Aos 16 anos, Elise Poussin é nova demais para votar, mas é uma entre os milhares de jovens que tiveram um primeiro gostinho da política nessa eleição que capturou as atenções dos franceses durante meses, como se fosse uma novela política.

Elise foi à imponente sede do Partido Socialista para tentar ver Ségolène Royal pessoalmente, torcendo pela vitória, mas já temendo a derrota.

Abraçada a um amigo, ela assistiu à candidata socialista admitir a derrota na televisão, vestida com uma de suas características e chiques jaquetas brancas.

"Nós estamos todos muito decepcionados, mas já esperávamos isso", disse Elise. "Não queríamos acreditar, mas agora é real."

Nova líder

Filha de um coronel do Exército, Ségolène Royal lutou até o fim, com uma determinação de aço que poucos esperavam ver na elegante mãe de quatro filhos. Mas a vitória parecia uma missão impossível até mesmo para quem votou nela.

O voto freqüentemente parecia motivado por medo de Nicolas Sarkozy, ao invés de confiança nas políticas e na competência da rival socialista.

A terceira derrota consecutiva dos socialistas em uma eleição presidencial era a história de uma morte anunciada. O velho modelo da esquerda francesa provavelmente morreu nesta noite. Mas uma nova líder dos esquerdistas pode ter surgido.

Enquanto Nicolas Sarkozy pode dizer que recebeu um mandato popular para mudar a França, Ségolène Royal pode afirmar que tem um mandato tão poderoso para modernizar seu partido.

Com mais de 47% dos votos, seu resultado é o mais alto conquistado por um líder socialista desde 1995.

Ao som de aplausos de seus dedicados fãs, ela disse que sua campanha deu início a uma "profunda renovação da vida política e da esquerda", que pode eventualmente levar o partido à vitória.

Aliados tradicionais

Mas ela tem pouco tempo para se preparar para a próxima batalha.

No mês que vem, a França vai às urnas de novo para eleições parlamentares.
François Hollande, líder do partido socialista e marido de Ségolène, admitiu os erros cometidos por ele à frente da legenda, mas pediu união entre os membros.

Muitos acreditam que o partido possa acabar dividido, com alguns líderes (acusados de serem "dinossauros") insistindo que os socialistas deveriam manter seus princípios antiliberais, uma rejeição velada do capitalismo como um todo.

Mas os tradicionais aliados dos socialistas na extrema esquerda foram eliminados nessas eleições.

Centro

A melhor opção, segundo outros membros, é continuar avançando em uma aproximação com o centrista François Bayrou, iniciada por Ségolène.

Bayrou não chegou ao segundo turno, mas conseguiu votos suficientes para lançar um novo movimento político, chamado de Movimento Democrático.

Mas algumas pessoas acham que essa nova aliança já fracassou, pois pouquíssimos eleitores de Bayrou deram apoio a Ségolène no segundo turno.

Independentemente do que possa acontecer, o cenário político francês está mudando rapidamente. E jovens como Elise Poussin serão parte dele.

No final, ela acabou não conseguindo ver Ségolène pessoalmente. Mas a jovem disse que vai continuar se opondo às políticas de Nicolas Sarkozy. E em cinco anos, ela com certeza irá votar.

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