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10/05/2007
-
08h03
da BBC Brasil, em Brasília
Para o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, que durante seu mandato participou de muitos encontros com Tony Blair, o grande erro do primeiro-ministro britânico foi não ter se dado conta de que "Bush não era Clinton" --referindo-se ao presidente americano, George W. Bush, e a seu antecessor, Bill Clinton.
Em entrevista à BBC Brasil, Fernando Henrique disse que o apoio do Reino Unido à guerra no Iraque foi "a Via Crucis" de Blair.
Não ter percebido o quanto os dois presidentes americanos eram diferentes pode ter feito com que o britânico se engajasse na guerra do Iraque, na avaliação do ex-presidente.
Fernando Henrique contou que falou com Blair pela última vez um mês antes da guerra. "Ele estava convencido de que havia armas de destruição em massa", lembrou o ex-presidente.
Segundo Fernando Henrique, mesmo depois de se comprovar que o Iraque não tinha esses armamentos, Blair "não deu meia-volta".
Esperava-se, nos preparativos americanos para a guerra contra o Iraque, que o primeiro-ministro britânico pudesse influenciar o presidente americano e talvez até dissuadi-lo da guerra, lembra Fernando Henrique.
No entanto, o legado do primeiro-ministro britânico não se resume à desastrosa participação na guerra do Iraque, na avaliação do ex-presidente brasileiro.
Sucesso econômico
"As mudanças internas na Inglaterra foram muito positivas", disse, ressaltando a sólida situação econômica do país atualmente e o avanço nas políticas sociais.
"Acho que esse é o legado dele", afirmou. Fernando Henrique disse, porém, que a história também deverá registrar que o primeiro-ministro britânico perdeu a chance de marcar uma posição de diferenciação ao presidente americano, "que daria a ele liderança na Europa".
"Blair poderia ter assumido a liderança do mundo, para liderar um novo pacto global. É isso que está faltando no mundo. Quem é que vai liderar uma renegociação global, respeitando as diferenças, preservando valores fundamentais como direitos humanos, como respeito à ecologia?"
Mas ele diz que, com a perda de prestígio atual do líder britânico, "por causa basicamente das questões internacionais e da ligação tão estreita com o Bush", não há nenhum político conservador que tenha "liderança para substituí-lo".
Fernando Henrique disse que Blair "renovou o ideário" do Partido Trabalhista britânico.
"Ele conseguiu efetivamente discutir as posições anteriores e tomar em consideração a globalização, mas sendo fiel à tradição de ser um partido que tem de atender também as questões sociais", disse.
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DENIZE BACOCCINAda BBC Brasil, em Brasília
Para o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, que durante seu mandato participou de muitos encontros com Tony Blair, o grande erro do primeiro-ministro britânico foi não ter se dado conta de que "Bush não era Clinton" --referindo-se ao presidente americano, George W. Bush, e a seu antecessor, Bill Clinton.
Em entrevista à BBC Brasil, Fernando Henrique disse que o apoio do Reino Unido à guerra no Iraque foi "a Via Crucis" de Blair.
Não ter percebido o quanto os dois presidentes americanos eram diferentes pode ter feito com que o britânico se engajasse na guerra do Iraque, na avaliação do ex-presidente.
Fernando Henrique contou que falou com Blair pela última vez um mês antes da guerra. "Ele estava convencido de que havia armas de destruição em massa", lembrou o ex-presidente.
Segundo Fernando Henrique, mesmo depois de se comprovar que o Iraque não tinha esses armamentos, Blair "não deu meia-volta".
Esperava-se, nos preparativos americanos para a guerra contra o Iraque, que o primeiro-ministro britânico pudesse influenciar o presidente americano e talvez até dissuadi-lo da guerra, lembra Fernando Henrique.
No entanto, o legado do primeiro-ministro britânico não se resume à desastrosa participação na guerra do Iraque, na avaliação do ex-presidente brasileiro.
Sucesso econômico
"As mudanças internas na Inglaterra foram muito positivas", disse, ressaltando a sólida situação econômica do país atualmente e o avanço nas políticas sociais.
"Acho que esse é o legado dele", afirmou. Fernando Henrique disse, porém, que a história também deverá registrar que o primeiro-ministro britânico perdeu a chance de marcar uma posição de diferenciação ao presidente americano, "que daria a ele liderança na Europa".
"Blair poderia ter assumido a liderança do mundo, para liderar um novo pacto global. É isso que está faltando no mundo. Quem é que vai liderar uma renegociação global, respeitando as diferenças, preservando valores fundamentais como direitos humanos, como respeito à ecologia?"
Mas ele diz que, com a perda de prestígio atual do líder britânico, "por causa basicamente das questões internacionais e da ligação tão estreita com o Bush", não há nenhum político conservador que tenha "liderança para substituí-lo".
Fernando Henrique disse que Blair "renovou o ideário" do Partido Trabalhista britânico.
"Ele conseguiu efetivamente discutir as posições anteriores e tomar em consideração a globalização, mas sendo fiel à tradição de ser um partido que tem de atender também as questões sociais", disse.
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