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15/05/2007 - 14h24

Entenda a crise política no Paquistão

da BBC Brasil

Dois dias de violência na cidade paquistanesa de Karachi deixaram 41 mortos. São os piores confrontos de rua registrados no país nos últimos anos.

Os confrontos ocorreram entre partidários e opositores do presidente Pervez Musharraf na cidade que é a capital comercial do Paquistão.

A segurança foi reforçada e as manifestações foram proibidas desde que o mais importante juiz do país, Iftikhar Chaudhry do Supremo Tribunal, foi retirado do cargo.

Quais são as raízes dos confrontos?

Tudo começou no dia 9 de março, quando o presidente Pervez Musharraf suspendeu o mais importante juiz do país, Iftikhar Chaudhry, a quem o presidente acusou de uso impróprio do cargo para ganho pessoal.

Advogados e partidos de oposição afirmam que esta medida foi uma tentativa de prejudicar a independência do Judiciário. Eles dizem que Musharraf quer que o juiz fique fora do caminho, pois Chaudhry é visto como um obstáculo aos planos do presidente de continuar sendo chefe do Exército enquanto ocupa a Presidência.

Desde a suspensão de Chaudhry, um grupo de advogados tem realizado protestos regulares --desafiando as restrições de segurança e as barricadas com arame farpado-- em todas as grandes cidades do Paquistão.

O que começou como uma demonstração pequena contra o esforço do presidente para "domar" o Judiciário logo se transformou em enormes protestos --com a participação dos principais partidos de oposição-- contra o governo militar.

Em uma destas demonstrações no dia 6 de maio em Lahore, Chaudhry disse a uma multidão de milhares de pessoas que ditaduras que ignoram a lei enfrentam a "destruição".

O que exatamente o juiz teria feito de errado?

Autoridades do governo afirmam que várias pessoas entraram com reclamações junto à Presidência acusando Chaudhry de usar o cargo de forma inapropriada e receber favores.

Em particular, ele teria tentado conseguir um cargo importante na polícia para seu filho.

Mas os críticos afirmam que existem preocupações mais importantes atualmente no país, como apropriação ilegal financeira e fraude no setor de propriedades contra outros juízes importantes do país.

Eles também apontam para o gabinete federal, pois muitos de seus membros eram acusados de corrupção em casos ainda não resolvidos no Escritório Nacional de Prestação de Contas até que decidiram se juntar ao governo.

Os partidários do juiz afirmam que a razão verdadeira por ele ter sido suspenso foi devido ao seu desempenho passado, que criou preocupação em círculos oficiais, e ao seu possível papel nas futuras batalhas legais antes das eleições nacionais, no final de 2007.

Quais são as opções do presidente Musharraf para neutralizar a crise?

A correspondente da BBC em Islamabad Barbara Plett afirma que o terreno para manobra do presidente é limitado. Mas, segundo ela, o consenso no país é que existem quatro opções.

- Atravessar a crise na esperança que os protestos percam o ímpeto e diminuam. As manifestações em Karachi e Lahore sugerem que isto não funciona.

- Aceitar que ele foi aconselhado de forma errada, fazer com que o juiz volte ao cargo e procurar um bode expiatório. Mas muitos afirmam que é tarde demais para isto.

- Declarar estado de emergência e impor lei marcial. Isto pode levar à violência nas ruas e à condenação internacional, incluindo de seu aliado estratégico, os Estados Unidos.

- Se aproximar do Partido do Povo do Paquistão (PPP), de Benazir Bhutto, visto como a força política mais popular do país. Segundo boatos a respeito de tal acordo, acusações de corrupção contra Bhutto seriam arquivadas e ela teria permissão de voltar do exílio, se o PPP desse apoio à Presidência de Musharraf. Mas, o PPP afirma que não vai aceitar o presidente se ele permanecer como chefe do Exército.

Qual é o perigo destes protestos para o governo de Musharraf?

A maioria dos analistas afirma que os atuais protestos representam a mais grave ameaça ao presidente Musharraf desde que tomou o poder em um golpe militar em 1999.

E julgando pela reação das forças de segurança --que a maioria dos analistas afirma ser pesada junto com as restrições que o governo impôs para as informações a respeito do caso --calcula-se que o presidente está levando os protestos a sério.

Dias depois da suspensão do juiz, a polícia em Islamabad usou gás lacrimogêneo contra manifestantes e destruiu equipamento do canal de televisão particular Geo TV, que mostrava imagens do protesto. Musharraf pediu desculpas pelo incidente depois.

O que vai acontecer no país?

Tudo indica que os protestos vão continuar.

O pior cenário para o presidente Musharraf seria abrir mão de parte de seu poder como resultado dos protestos. Enquanto isso parece improvável no momento, partidos de oposição estão cada vez mais confiantes.

Eles já pediram a saída de Musharraf da Presidência e também sua saída como chefe do Exército.

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