Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
27/11/2009 - 08h16

Hugo Chávez, um herói de nossos dias

IVAN LESSA
colunista da BBC Brasil

Impossível não deixar de simpatizar com o presidente venezuelano, Hugo Chávez. Pouco importa a posição política. Dele e de quem dele fica sabendo.

O homem --o homenzarrão, a bem dizer-- chegou a dar nos nervos do Rei Juan Carlos, de Espanha, uma figura reconhecidamente educada e paciente. Em uma dessas reuniões entre líderes mundiais e chefes de Estado, que nunca resultam em nada de positivo, ficou ao menos para a posteridade a irritação do rei espanhol com a infindável peroração de Chávez, ao ponto de, diante de câmaras de televisão de todas as partes do globo terrestre, ter exclamado em alto, bom som e castelhano castiço a frase que, durante uns tempos, chegou até a virar dizeres em camisetas populares, "Por qué no te callas?" Chávez calou. Algum tempo depois. Rei e presidente se abraçaram e riram muito do sucedido. Para algo serviu a tal reunião.

Chávez cria caso e os mais diferentes amigos. Para não falar em inimigos. Outro dia mesmo vi um longo documentário sobre o Maradona em que este se abraça com Chávez, trocam beijinhos e, felizmente, as coisas pararam por aí.

Chávez e Lula nem preciso dizer nada. Os brasileiros sabem muito mais dos casos. Pena que não me contem.

Agora, lá está de novo, nos noticiários, o bom, por assim dizer, Hugo Chávez. Cultiva a controvérsia como Maradona cultivava o controle da redonda, para citar a figura de algumas linhas atrás. Chávez veio de público --ele existe de, para e com o público-- defender seu conterrâneo o terrorista Carlos, o Chacal, ou Ilich Ramirez Sánchez, para usar seu nome de paz, ora servindo pena de prisão perpétua na França por liderar ou participar de uma série de atentados à bomba, assassinatos e sequestros.

O Chacal, nos pouco saudosos anos 70 e 80, acabou se juntando à Organização de Libertação Palestina e à Facção do Exército Vermelho da Alemanha na época Ocidental. Acabou sequestrado em Khartoum, em 1994, e levado para Paris, onde cumpre sentença de prisão perpétua principalmente pelo assassinato em 1975 de dois secretas franceses e um informante libanês. Convenhamos, boa bisca Carlos não era. Ninguém é apelidado de "O Chacal" em vão.

Ora, pois, pois. Chávez acaba de dizer, no mesmo tom de voz que feriu os ouvidos do soberano espanhol, que Carlos (por que não o chamou de Carlito?) era um indivíduo dedicado ao combate em nome da liberdade. Além do mais, considerou uma injustiça sua condenação por assassinato. Disse Chávez:

"Eu o defendo. Pouco me importa o que digam na Europa".

Sua excelência não parou aí.

Entusiasmado distribuiu loas e elogios como quem distribui medalhas e condecorações logo ali pelo resto da América Latina. Pegando pressão, Chávez seguiu em frente. Louvou, sem ser por ordem alfabética, figuras controvertidas, para dizer o mínimo. Foi em frente com o presidente Robert Mugabe, do Zimbábue, e, jogando mais lenha na fogueira que já começava a queimar suas sobrancelhas, citou esse que ainda há pouco esteve entre nós, causando movimentos de ruas e praças, contra e a favor, o ora muito em voga Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã.

Todos eles eram "seus irmãos" ululou, no sentido figurado, Hugo Chávez. E para encerrar com chave de ouro seu pronunciamento foi buscar, num passado ainda recente, para nós mais velhos, o ditador Idi Amim, de Uganda, figura simultaneamente tétrica e cômica.

Amin para Chávez, foi "um patriota incompreendido". Ora, muito bem. Enquanto não sair um pau feio, viva o presidente Hugo Chávez que ao menos dá um pouco de molho a essa sem-graceza ou trágica paisagem política mundial. Discordo do Rei, conforme um velho hábito republicano meu, e, daqui, faço meu pedido: "Porqué no hablas más, Chávez?" Por favor, vá?

Comentários dos leitores
Noel Samways (126) 02/02/2010 19h02
Noel Samways (126) 02/02/2010 19h02
Chavez gastou os petrodólares em propaganda, eleições dos vizinhos, armas e bobagens. Agora colhe o resultado de sua inépcia, imprevidência e desvio de recursos, pois não consegue nem ajudar o Haiti; torce pelo aumento do barril de petróleo, o que nos prejudicaria. De que lado das ruas de Caracas vamos ficar então? Ajudando Chavez? Ora... sem opinião
avalie fechar
leilah alves (11) 02/02/2010 18h29
leilah alves (11) 02/02/2010 18h29
Gente essa coisa que os governantes aspirantes a ditadores estão bebendo é o mesmo que essa sr.Eduardo faz uso...Ha muito não vejo tanta asneira nos blogs,O que tem haver Israel,EEUU com o que chaves está fazendo? Meu Deus ,o que é que é isso? sem opinião
avalie fechar
Daniel X (1) 02/02/2010 10h51
Daniel X (1) 02/02/2010 10h51
Ô Eduardo, em vez de escrever tanta besteira vê se volta para a escola. "Ofenciva" é demais, parece que estudou nas cátedras bolivarianas! 4 opiniões
avalie fechar
Comente esta reportagem Veja todos os comentários (829)
Termos e condições
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página