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Chile terá de aprender a conviver com "cultura do tsunami", diz especialista
MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires (Argentina)
A diretora do Escritório Nacional de Emergências do Chile (Onemi, na sigla em espanhol), Carmen Fernández, disse na noite de domingo que o país precisa aprender a conviver com a "cultura de tsunamis".
"Pela nossa história, temos a cultura dos terremotos e por isso realizamos simulações frequentes [de socorro] em vários pontos do país. Mas depois do que ocorreu, devemos reconhecer que nos falta a cultura do tsunami", declarou Fernández em entrevista às principais emissoras de televisão do país.
Momentos antes, o ministro da Defesa, Francisco Vidal, afirmou que a Marinha havia "cometido um erro" ao não fazer a previsão do maremoto causado pelo terremoto de magnitude 8,8 que sacudiu o Chile.
"A Marinha cometeu um erro, que foi visível nas regiões onde o maremoto foi registrado", afirmou.
Fernández declarou que o aviso de que o tsunami estava a caminho chegou apenas uma hora após o fato.
"A comunicação chegou, mas uma hora depois. Além disso, o aviso era sobre ondas de dezoito centímetros e elas foram muito maiores", destacou.
Em sua opinião, o Chile não está preparado ainda para detectar e minimizar as consequências de um tsunami.
"As pessoas que estão próximas à orla precisam saber que não podem ficar paradas. [Devido aos tremores], elas têm sete minutos para sair do local, antes que as grandes ondas cheguem".
Fernández entende que tsunamis, e não apenas maremotos, atingiram a região de Maule e o arquipélago de Juan Fernández, que inclui a ilha Robinson Crusoe, no oceano Pacífico.
Nas localidades de Iloca e Pelluhue, em Maule, as ondas arrasaram casas, lojas, restaurantes, carros e ônibus --que, em alguns casos, ficaram de rodas para o ar. Em Iloca, o vagão de um trem, além de canoas, estavam em meio aos escombros nos bairros destruídos.
Muitos se salvaram porque correram para morros próximos, obedecendo ao alerta da polícia militar dizendo que as ondas poderiam surgir logo após o registro do terremoto. Mas, segundo Carmen Fernández, o número de vítimas fatais ainda subirá, principalmente por causa das pessoas que ficaram debaixo d'água.
País com cerca de 16 milhões de habitantes, o Chile é definido como um "país sísmico", com tremores frequentes e o registro de alguns dos piores terremotos do mundo.
Em Santiago, as pessoas costumam dizer que os tremores de terra "são o pão de cada dia" no Chile, uma forma local de dizer que são diários, mesmo sendo, na maioria dos casos, de baixa intensidade.
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