Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
03/11/2000 - 03h28

Candidatura de Lula já não é unânime entre petistas

Publicidade

da Folha de S.Paulo

A quarta candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República já não é uma unanimidade dentro do PT. Prefeitos eleitos no segundo turno pelo partido consideram Lula um bom candidato à Presidência, já que ele conta hoje com 27% das intenções de voto, mas ressaltam que isso depende da disposição dele em disputar e das alianças com outros partidos da oposição.

A prefeita eleita de São Paulo, Marta Suplicy, avalia que Lula não é mais o candidato natural do partido, em razão de suas próprias hesitações: "Ele mesmo abriu espaço para outros nomes".

"Se ele dissesse que era, acho que no partido dificilmente alguém iria fazer essa disputa. Mas ele colocou a possibilidade de alternância, e outros podem pleitear." Marta ainda não definiu seu candidato para 2002.

A objeção com maior peso político pode vir de Porto Alegre, cidade que elegeu o quarto mandatário petista consecutivo. O escolhido, Tarso Genro, enfatizou que Lula é, "até agora", o nome "mais indicado para ser nosso candidato à Presidência". Mas tem ressalvas. "Ele parte de um patamar de 27%. Se será o candidato e, se o partido vai recomendar que ele seja, é um processo que começa agora. Nós vamos debater sobre isso e avaliar de maneira profunda esse panorama, para que cheguemos em março, abril ou maio com uma definição mais ou menos tomada."

Sobre eventuais alianças para 2002, Tarso disse que "é muito cedo para dizer" se as composições são possíveis ou não. Ele rejeita a aproximação com Ciro Gomes: "Ele não abre mão de sua candidatura".

Uma das maiores surpresas da eleição, o prefeito eleito de Recife, João Paulo, defende a manutenção da aliança de esquerda para as eleições presidenciais de 2002. Apesar de dizer que Lula é o seu candidato a presidente, ele acredita que o PT não deve se preocupar com o assunto
agora: "É cedo".

Outro "azarão", o eleito em Goiânia, Pedro Wilson, faz coro ao respeito
ao nome de Lula, mas acha que a discussão pode levar a outra candidatura. "O candidato será avaliado com todas as críticas. Pode ser o Lula, mas pode surgir outro nome."

Para o reeleito em Belém, Edmilson Rodrigues, Lula é incontestável. "Não vejo outro nome mais forte no PT", afirmou ele, que não descarta, porém, o apoio a outro nome. "Lógico que vai depender da decisão do partido."

O mesmo raciocínio é aplicado por Marcelo Déda, que ganhou a corrida eleitoral em Aracaju. "Lula é o candidato natural do partido. Porém isso não quer dizer que ele será o nome do PT para 2002. isso vai depender das discussões dentro do partido."

Oswaldo Dias, prefeito reeleito de Mauá (SP), "acha" que Lula deve ser candidato, mas pondera: "Sempre considerei duas coisas: uma é o que o partido e a sociedade acha, outra coisa é o que o candidato acha. Ele tem de estar sintonizado".

O prefeito eleito de Diadema (SP), José de Filippi Júnior, defende a candidatura Lula: "Não só o Lula é um candidato viável, como o PT, agora tendo uma votação incrível nessa última eleição, cria e consolida uma base de apoio político muito importante que Lula não tinha nas eleições anteriores. Eu defendo o Lula como nome do partido à Presidência".

Sua candidatura, porém, não está isenta de dificuldades: "Sabemos que Lula tem um índice de rejeição alto. Nós temos que trabalhar com esse índice de rejeição com a ajuda dos prefeitos eleitos, dos vereadores, da Marta".

Para Filippi, Lula ainda terá de confirmar seu favoritismo em uma disputa interna: "Agora, não tenha dúvida de que o PT é democrático, ele vai fazer uma consulta interna. Vai ter prévia, pode ser que o Lula não seja um nome de consenso". Ele cita, entre outros possíveis candidatos, os deputados José Genoino, Aloizio Mercadante e José Dirceu, mas todos esses acham Lula o melhor nome.

O deputado estadual Elói Pietá, eleito prefeito de Guarulhos (SP) também apóia Lula: "Eu sempre defendi o Lula para presidente da República e continuo defendendo o nome dele para presidente, porque ele é a nossa maior liderança e conhece o país sob todos os aspectos". Mas
observa: "Graças a Deus, nós temos muitos nomes bons para disputar, inclusive dentro do PT, a indicação para presidência da República, como Genoino, Mercadante, José Dirceu, Olívio Dutra e Suplicy. Agora, eu acho que eles não disputariam com o Lula, mas são pessoas que teriam todo o preparo para concorrer à Presidência caso o Lula não quisesse ser candidato".

"É até chato para o Lula, porque no fundo a decisão cabe a ele. A decisão tem um peso enorme por refletir em todo o partido, vai ser um momento difícil para ele."

Já o deputado federal José Machado, prefeito eleito em Piracicaba (SP), defende a indicação do nome do ex-governador do Distrito Federal Cristovam Buarque como potencial candidato à presidência pelo PT em 2002.

Para Machado, o nome natural do partido deve ser mesmo o do presidente de honra Luiz Inácio Lula da Silva, mas disse que sua escolha pessoal seria outra: "O Cristovam tem, na minha opinião, a característica mais propositiva do PT atual e, durante seu governo em Brasília, mostrou bom desempenho com projetos emblemáticos", disse Machado.

"O partido ainda não parou de fato para discutir essa questão a fundo", disse. Machado citou cinco nomes bem cotados: Lula, José Genoino, Aloizio Mercadante, José Dirceu e Buarque.

"Acho que o nome de Buarque deve aparecer em todas as listas de pesquisa interna sobre o melhor candidato", afirmou.

Outras cidades

Em outras cidades médias onde o PT levou a prefeitura no segundo turno, a defesa da candidatura Lula-2002 é constante, mas há algumas divergências.

O prefeito reeleito de Caxias do Sul (RS), Pepe Vargas, disse que "Lula continua sendo o principal nome" do partido, pois "ninguém tem a largada que ele tem". "Não há como negar que ele é o nome mais forte hoje."
Para o vencedor em Pelotas (RS), Fernando Marroni, Lula é o "candidato natural". Mas também cita os eleitos Tarso e Marta, além do governador Olívio Dutra e o deputado Genoino, como nomes para discussão.

Os prefeitos eleitos do PT nos dois maiores colégios do interior do Paraná divergem. Nédson Micheleti, eleito em Londrina, defende uma coalizão de centro-esquerda que pode não ter Lula como cabeça de chapa. José Cláudio, eleito em Maringá, acredita em candidatura própria -e de Lula. Acho que existe segundo turno para se formar alianças."

  • Leia mais no especial Eleições Online.

    Clique aqui para ler mais sobre política na Folha Online.
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página