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26/12/2000 - 08h10

Submarino da Marinha afunda no cais

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PEDRO DANTAS
da Folha de S.Paulo

O submarino Tonelero S-21, carregado com quatro torpedos desativados, afundou por volta das 23h de anteontem no cais do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, na ilha das Cobras, próximo à Praça Mauá (centro do Rio).

Segundo o diretor do Serviço de Relações Públicas da Marinha, Luiz Fernando Palmer, em 86 anos de operação de submarinos, esse foi o primeiro acidente na Marinha do Brasil com esse tipo de embarcação.

A Marinha informou que houve um alagamento do submarino após avaria no sistema hidráulico de controle de válvulas.
"Não existe risco de explosão nem haverá danos ao meio ambiente, pois os torpedos estão sem poder de fogo", disse Palmer.

O Tonelero, maior dos cinco submarinos da Marinha do Brasil em comprimento (90 metros), estava atracado havia dois meses para reparos no sistema hidráulico. A previsão era de que o submarino estaria pronto para ser reutilizado daqui a 15 dias.

Sistema hidráulico
De acordo com a Marinha, as avarias que levaram ao afundamento do Tonelero foram detectadas pela tripulação de plantão de Natal, composta por um oficial e oito marinheiros, em torno das 22h de ontem.

Devido à falha no sistema hidráulico de controle de válvulas, responsável pelo controle de comportas, lemes e sustentação do submarino, uma inundação no compartimento de torpedos à ré (veja desenho nesta página) se alastrou pelo Tonelero.

"O sistema hidráulico do controle de válvulas é fundamental para o submarino. Ele aciona os lemes, o suspiro (sistema de sustentação do submarino) e as comportas, por isso a equipe não conseguiu conter a inundação e abandonou o Tonelero", disse Palmer.

Acionadas, as embarcações de resgate da Capitania dos Portos do Rio e do Corpo de Bombeiros do Arsenal da Marinha apenas acompanharam a saída da tripulação.

A pé
"Não houve pânico, eles saíram a pé, já que o submarino estava atracado apenas a 1 metro do cais", declarou Palmer.

A Marinha colocou bóias de contenção de óleo cercando as águas onde o Tonelero afundou, impediu a aproximação de outras embarcações e liberou o acesso da imprensa ao Primeiro Distrito Naval do Rio de Janeiro apenas às 13h. Oficialmente, não houve derramamento de óleo.

O Navio Socorro de Submarinos Felinto Perry chegou ao cais do Arsenal de Marinha às 11h.

A embarcação deve ajudar na reflutuação do Tonelero, apesar de ser destinada ao socorro de tripulantes.
O comando da Marinha abriu inquérito para apurar as causas do acidente. A perícia no submarino poderá ser feita apenas após o Tonelero voltar à tona.

Os tripulantes do Tonelero serão os primeiros a depor no inquérito. A Marinha não informou seus nomes e disse que todos foram liberados após o acidente.

"Seria prematuro e até irresponsável apontar alguma responsabilidade da tripulação. Esse acidente jamais aconteceria em alto mar, pois tem relação direta com os reparos que estavam sendo feitos no sistema hidráulico", declarou o comandante do Estado-Maior da Força de Submarinos, capitão-de-mar-e-guerra João Carlos Resende.

Frota
O Tonelero S-21 é maior dos cinco submarinos da frota da Marinha brasileira. Três deles -o Tamoio S-31, o Timbira S-32 e o Tapajós S-33- são de fabricação nacional. O Tonelero é de fabricação inglesa, e o Tupi S-30, feito na Alemanha, são os modelos de produção estrangeira e os mais antigos da frota. O Tonelero S-21 é o "irmão gêmeo" do Submarino-museu Riachuelo S-22.

O valor de compra, em 1972, foi de US$ 125 milhões, segundo a Marinha, e a embarcação ficou pronta em dezembro de 1977.

A Marinha disse que pretende recuperar o Tonelero. O submarino foi comprado "para negar o uso do mar ao inimigo", segundo Luiz Fernando Palmer, numa referência ao fato de a embarcação ser usada para proteger as águas territoriais brasileiras. O Tonelero deve voltar a ser utilizado para treinamento de oficiais.

 

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