Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/01/2001 - 05h13

Davos teme protestos e "força" de Anti-Davos

Publicidade

CLÓVIS ROSSI, da Folha de S.Paulo

O primeiro encontro do século do Fórum Econômico Mundial começa na retranca, hoje, na cidadezinha de Davos, encravada nos Alpes suíços e hoje duplamente sitiada.

Sitiada, no próprio local, pela ameaça de manifestações de grande porte, a exemplo do que tem ocorrido em todos os eventos internacionais importantes, desde que, em dezembro de 1999, os críticos da globalização conseguiram bloquear a Conferência Ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), em Seattle, nos Estados Unidos.

Sitiada, de muito longe, pela perspectiva de que o Fórum Social Mundial, que também começa hoje, mas às margens do rio Guaíba, em Porto Alegre, se torne um foco de atração para a mídia internacional pelo menos próximo ao que Davos representa.

A retranca é visível a olho nu na Promenade, a rigor a única avenida de Davos, na qual fica o Centro de Congressos, o quartel-general há 31 anos dos encontros anuais do WEF (as iniciais, em inglês, do Fórum Econômico Mundial).

O trânsito está sendo desviado muito antes e muito depois do Centro de Congressos, policiais em penca montam guarda, com armas à mostra, no que Peter Aliesch, chefe de polícia do Cantão de Grisons (onde fica Davos), diz ser "a maior e mais complexa operação da polícia na Suíça em muitas décadas".

Não é dizer pouco: usualmente, a segurança em Davos já é muito reforçada quando dos encontros anuais, pela enorme quantidade de chefes de Estado e de governo que reúne, além de outras altas autoridades e grandes executivos de multinacionais.

É tal o ambiente que o título da contracapa de ontem do "Financial Times", leitura obrigatória para os frequentadores do fórum em Davos, era: "Elite do poder em Davos pode ser eclipsada pelos que protestam".

Porto Alegre
Mas a retranca aparece também de modo mais sutil, na disputa surda com Porto Alegre e seu Fórum Social Mundial, que pretende ser o "anti-Davos".

O encontro no Sul brasileiro aparece com frequência em vários dos textos
da da primeira edição do "Forum News Daily", um jornal criado pelo Fórum Econômico Mundial para circular apenas durante os seis dias de duração do encontro (25 a 30).

O texto do jornal especificamente dedicado ao encontro de Porto Alegre afirma que a "missão dos milhares de ativistas que acorrerão a Porto
Alegre, Brasil, de 25 a 31 de janeiro, é muito simples: mudar o mundo".
Mais: "E, de acordo com o organizador, eles podem ter gente em número quase suficiente para fazê-lo".

Os organizadores do Fórum de Davos, aliás, mantiveram contato com o pessoal do Fórum Social Mundial gaúcho usando o argumento, rejeitado, de que estavam todos no mesmo barco e deveriam, portanto, cooperar em vez de competir.

Cooperação
"Nós acreditamos que moldar nosso futuro comum significa trabalhar juntos, não gritar uns com os outros", diz o suíço Klaus Schwab, criador e até hoje presidente do Fórum Econômico Mundial.

Há quem compre a tese da cooperação, como Thilo Bode, uma das mais importantes lideranças do grupo ecológico Greenpeace. Em entrevista a um jornal local, Bode, que estará em Davos, diz que as mudanças que tantos cobram podem ser alcançadas por uma estratégia que combine "pressão de fora" (as manifestações) e "diálogo dentro" (do Centro de Congressos).

Desaquecimento
Há um outro fator, que nada tem a ver com o Fórum Social Mundial de Porto Alegre ou as manifestações de rua em Davos, para a retranca em que se inaugura o encontro anual de 2001 do Fórum Econômico Mundial: o desaquecimento da economia norte-americana, porta-estandarte da globalização e menina dos olhos nos encontros mais recentes do WEF.

"Estou muito preocupado com a deterioração que temos visto no ambiente econômico global em recentes semanas e meses", admite Klaus Schwab.

É sintomático, a propósito, que a principal sessão de atualização prevista para hoje, antes mesmo da inauguração oficial (marcada para 18h30, 15h30 em Brasília), tenha como objetivo discutir se a economia dos Estados Unidos terá um "pouso suave ou duro" e qual será "o impacto sobre a economia mundial".
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página