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27/01/2001
-
19h08
CLÓVIS ROSSI
enviado especial a Davos
A economia mundial perderá quase um terço do Brasil (ou algo em torno de US$ 210 bilhões) este ano, como consequência da redução em seu crescimento, provocada essencialmente pela desaceleração da economia norte-americana.
A conta surge da informação de que o FMI (Fundo Monetário Internacional) vai reduzir de 4,2% para algo em torno de 3,5% a sua previsão de crescimento econômico global para 2001. Foi o que disse neste sábado, em Davos, o vice-diretor-gerente do Fundo, Stanley Fischer.
A previsão de um crescimento de 4,2% constava do "Panorama Econômico Mundial", conjunto de estudos e estatísticas lançado em setembro pelo FMI, durante sua assembléia-geral em Praga (República Tcheca).
Ou seja, em quatro meses, o Fundo corta 0,7 ponto percentual do crescimento global, o que mesmo o sempre cauteloso e otimista Fischer considera "significativo".
O que o segundo homem do FMI afastou foi a hipótese de uma recessão global ou mesmo da economia norte-americana. Fischer, assim como a esmagadora maioria dos economistas e das autoridades presentes em Davos, acha que a economia dos EUA passará um primeiro semestre complicado, mas retomará o crescimento na metade final do ano.
Claro que esse relativo otimismo depende de o Fed, o banco central dos EUA, cortar ainda mais os juros, como já o fez no início do mês, quando baixou a taxa básica em meio ponto percentual numa reunião extraordinária.
Para Fischer, há espaço para o Fed cortar até cinco pontos dos juros (que caíram no início de janeiro para 6%), "sem provocar pressões inflacionárias".
Mas o funcionário do FMI teve o cuidado de dizer que não considera necessário um corte dessa extensão. Se não avisasse, poderia ficar a impressão de que o Fundo Monetário Internacional está tão preocupado com a economia norte-americana que gostaria de ver os juros reduzidos a perto de zero.
"A agressiva ação tomada pelo Fed no começo do mês é uma das principais razões para acreditar que a retomada virá razoavelmente depressa, o que significa que a desaceleração terá a forma de um vê" (uma perna apontando para baixo e, a outra, para cima), explica o economista.
Já a terceira grande economia do planeta, a do Japão, continua sendo vista como um caso de coma profundo, a ponto de até o seu primeiro-ministro, Yoshiro Mori, ter dito hoje que os anos 90 foram "uma década perdida" para o seu país.
Bastante perdida, aliás: pelas contas de Mori, os japoneses perderam cerca de 1 quatrilhão de ienes ou US$ 8,55 trilhões, como consequência da queda de preços de ações e da terra. É um valor equivalente ao dobro do tamanho do PIB japonês (Produto Interno Bruto, medida da produção de bens de uma economia).
Fischer, do FMI, reconhece que há pouco espaço de manobra para o governo japonês, para estimular a economia, na medida em que os juros já são zero.
Economia mundial vai crescer menos, diz FMI
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enviado especial a Davos
A economia mundial perderá quase um terço do Brasil (ou algo em torno de US$ 210 bilhões) este ano, como consequência da redução em seu crescimento, provocada essencialmente pela desaceleração da economia norte-americana.
A conta surge da informação de que o FMI (Fundo Monetário Internacional) vai reduzir de 4,2% para algo em torno de 3,5% a sua previsão de crescimento econômico global para 2001. Foi o que disse neste sábado, em Davos, o vice-diretor-gerente do Fundo, Stanley Fischer.
A previsão de um crescimento de 4,2% constava do "Panorama Econômico Mundial", conjunto de estudos e estatísticas lançado em setembro pelo FMI, durante sua assembléia-geral em Praga (República Tcheca).
Ou seja, em quatro meses, o Fundo corta 0,7 ponto percentual do crescimento global, o que mesmo o sempre cauteloso e otimista Fischer considera "significativo".
O que o segundo homem do FMI afastou foi a hipótese de uma recessão global ou mesmo da economia norte-americana. Fischer, assim como a esmagadora maioria dos economistas e das autoridades presentes em Davos, acha que a economia dos EUA passará um primeiro semestre complicado, mas retomará o crescimento na metade final do ano.
Claro que esse relativo otimismo depende de o Fed, o banco central dos EUA, cortar ainda mais os juros, como já o fez no início do mês, quando baixou a taxa básica em meio ponto percentual numa reunião extraordinária.
Para Fischer, há espaço para o Fed cortar até cinco pontos dos juros (que caíram no início de janeiro para 6%), "sem provocar pressões inflacionárias".
Mas o funcionário do FMI teve o cuidado de dizer que não considera necessário um corte dessa extensão. Se não avisasse, poderia ficar a impressão de que o Fundo Monetário Internacional está tão preocupado com a economia norte-americana que gostaria de ver os juros reduzidos a perto de zero.
"A agressiva ação tomada pelo Fed no começo do mês é uma das principais razões para acreditar que a retomada virá razoavelmente depressa, o que significa que a desaceleração terá a forma de um vê" (uma perna apontando para baixo e, a outra, para cima), explica o economista.
Já a terceira grande economia do planeta, a do Japão, continua sendo vista como um caso de coma profundo, a ponto de até o seu primeiro-ministro, Yoshiro Mori, ter dito hoje que os anos 90 foram "uma década perdida" para o seu país.
Bastante perdida, aliás: pelas contas de Mori, os japoneses perderam cerca de 1 quatrilhão de ienes ou US$ 8,55 trilhões, como consequência da queda de preços de ações e da terra. É um valor equivalente ao dobro do tamanho do PIB japonês (Produto Interno Bruto, medida da produção de bens de uma economia).
Fischer, do FMI, reconhece que há pouco espaço de manobra para o governo japonês, para estimular a economia, na medida em que os juros já são zero.
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