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30/01/2001
-
03h42
WILLIAM FRANÇA, da Folha de S.Paulo
O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem o tratamento dado ao tema globalização tanto pelo fórum de Porto Alegre como pelo que se realiza em Davos. O principal alvo de sua crítica foi o que classificou de "separação estanque entre o enfoque econômico e o social".
Para ele, o confronto entre Davos e Porto Alegre é a "pior das simplificações" que pode ocorrer em debates sobre o tema. "O econômico sem o social é desumano. O social sem o econômico é mera veleidade, voluntarismo inócuo", teorizou FHC, durante discurso na posse do novo chanceler brasileiro, Celso Lafer.
E completou: "Em suma, é preciso construir uma globalização que não seja assimétrica, mas solidária", do que nenhum dos dois fóruns discorda. FHC citou Marx: "Os homens fazem a história, mas a fazem em condições que não são escolhidas por eles".
Críticas
Semana passada, FHC havia criticado a realização do primeiro Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, afirmando que o governo do Rio Grande do Sul não deveria investir recursos em sua realização. Mas não fez críticas a mais uma edição do Fórum Econômico Mundial, que acontece anualmente em Davos.
Ontem, o presidente insistiu em que "o Brasil tem de continuar a lidar com as tendências da globalização" e recomendou a Lafer, o novo ministro das Relações Exteriores, que se dedique ao tema da inserção do Brasil no mundo globalizado.
"Esse é um debate que está enriquecendo, embora sofra ainda com algumas simplificações", afirmou, citando a separação de temas entre os dois fóruns.
Sobre o tema globalização, FHC defendeu: "O que é preciso não é uma discussão ideológica, mas um exame efetivo das formas pelas quais os mecanismos da economia globalizada podem ser utilizados para o objetivo de maior justiça, de melhor distribuição de renda e das oportunidades, de maior criação de emprego".
O presidente citou como exemplo desses mecanismos "as consequências diretas das revoluções tecnológicas nos transportes e na transmissão de informações".
Interesse nacional
Na sequência do discurso que preparou para a posse de Lafer, FHC apontou ao novo chanceler qual o caminho a seguir diante desse quadro de assimetria do processo de globalização. "A resposta é clara. É a defesa dos melhores interesses nacionais nas negociações multilaterais de comércio", disse FHC.
O presidente deu exemplos de como realizar a defesa desses interesses. "É compartilhar o avanço tecnológico. É a busca de mecanismos mais eficazes de "governance" no âmbito do sistema financeiro internacional. E, no plano político, vamos continuar a reforçar a presença do Brasil no exterior, em nossa região e além dela."
Segundo FHC, "cabe-nos consolidar uma agenda madura de cooperação e diálogo com os principais parceiros do Brasil no mundo". E, citando o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia, completou: "Sem pirotecnia, mas com firmeza na defesa de nossos interesses".
Para o presidente, "O Brasil tem credenciais de sobra para desempenhar um papel construtivo nos mais altos foros internacionais". Citou como exemplo de ações a serem desempenhadas nesse contexto as discussões sobre os direitos humanos, sobre o meio ambiente e sobre desarmamento.
Ao falar da sua recente viagem à Ásia, o presidente disse que teve a "satisfação" de comprovar a capacidade do Brasil de dar contribuição efetiva a um processo de construção nacional e citou o caso do Timor Leste. "O Timor é bem o exemplo do desafio de uma globalização solidária."
Davos e anti-Davos estão errados, diz FHC
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O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem o tratamento dado ao tema globalização tanto pelo fórum de Porto Alegre como pelo que se realiza em Davos. O principal alvo de sua crítica foi o que classificou de "separação estanque entre o enfoque econômico e o social".
Para ele, o confronto entre Davos e Porto Alegre é a "pior das simplificações" que pode ocorrer em debates sobre o tema. "O econômico sem o social é desumano. O social sem o econômico é mera veleidade, voluntarismo inócuo", teorizou FHC, durante discurso na posse do novo chanceler brasileiro, Celso Lafer.
E completou: "Em suma, é preciso construir uma globalização que não seja assimétrica, mas solidária", do que nenhum dos dois fóruns discorda. FHC citou Marx: "Os homens fazem a história, mas a fazem em condições que não são escolhidas por eles".
Críticas
Semana passada, FHC havia criticado a realização do primeiro Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, afirmando que o governo do Rio Grande do Sul não deveria investir recursos em sua realização. Mas não fez críticas a mais uma edição do Fórum Econômico Mundial, que acontece anualmente em Davos.
Ontem, o presidente insistiu em que "o Brasil tem de continuar a lidar com as tendências da globalização" e recomendou a Lafer, o novo ministro das Relações Exteriores, que se dedique ao tema da inserção do Brasil no mundo globalizado.
"Esse é um debate que está enriquecendo, embora sofra ainda com algumas simplificações", afirmou, citando a separação de temas entre os dois fóruns.
Sobre o tema globalização, FHC defendeu: "O que é preciso não é uma discussão ideológica, mas um exame efetivo das formas pelas quais os mecanismos da economia globalizada podem ser utilizados para o objetivo de maior justiça, de melhor distribuição de renda e das oportunidades, de maior criação de emprego".
O presidente citou como exemplo desses mecanismos "as consequências diretas das revoluções tecnológicas nos transportes e na transmissão de informações".
Interesse nacional
Na sequência do discurso que preparou para a posse de Lafer, FHC apontou ao novo chanceler qual o caminho a seguir diante desse quadro de assimetria do processo de globalização. "A resposta é clara. É a defesa dos melhores interesses nacionais nas negociações multilaterais de comércio", disse FHC.
O presidente deu exemplos de como realizar a defesa desses interesses. "É compartilhar o avanço tecnológico. É a busca de mecanismos mais eficazes de "governance" no âmbito do sistema financeiro internacional. E, no plano político, vamos continuar a reforçar a presença do Brasil no exterior, em nossa região e além dela."
Segundo FHC, "cabe-nos consolidar uma agenda madura de cooperação e diálogo com os principais parceiros do Brasil no mundo". E, citando o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia, completou: "Sem pirotecnia, mas com firmeza na defesa de nossos interesses".
Para o presidente, "O Brasil tem credenciais de sobra para desempenhar um papel construtivo nos mais altos foros internacionais". Citou como exemplo de ações a serem desempenhadas nesse contexto as discussões sobre os direitos humanos, sobre o meio ambiente e sobre desarmamento.
Ao falar da sua recente viagem à Ásia, o presidente disse que teve a "satisfação" de comprovar a capacidade do Brasil de dar contribuição efetiva a um processo de construção nacional e citou o caso do Timor Leste. "O Timor é bem o exemplo do desafio de uma globalização solidária."
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