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07/02/2001 - 03h13

Candidato da oposição tem apoio de senador pefelista

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RAQUEL ULHÔA, da Folha de S.Paulo, em Brasília

O senador Jefferson Péres (PDT-AM) conseguiu ontem uma vitória em sua campanha à presidência do Senado. Após formalizar sua candidatura com um discurso no qual pregou "reação cívica" dos colegas para transformar a instituição, Péres ganhou do pefelista Bernardo Cabral (AM) declaração pública de apoio à sua candidatura.

O candidato da oposição silenciou o plenário com um discurso de apenas dez minutos. Ele pediu publicamente apoio aos senadores de todos os partidos e afirmou que tem chance de ganhar a eleição se sua candidatura adquirir caráter suprapartidário.

Cabral surpreendeu o PFL, partido que ainda tenta encontrar uma terceira via para derrotar o candidato do PMDB, Jader Barbalho (PA), sem ter de votar em um candidato de oposição.

"Nenhuma liderança se afirma pela omissão. Vou pedir ao meu partido que me libere porque não posso votar contra alguém do meu Estado", anunciou Cabral. ""Quero ficar em paz com a minha consciência", disse.

"Ao manifestar apoio a mim publicamente, Vossa Excelência demonstra que não é movido a coisas menores. Só os medíocres fazem isso", respondeu Péres.

O candidato da oposição disse que sua proposta de trabalho será elaborada pelos partidos que o apóiam, mas antecipou que ela terá como ""pontos fundamentais o princípio da gestão democrática e o papel de relevo a ser dado ao Conselho de Ética no funcionamento do Senado".
Ele pediu que os votos de todos "sejam fruto de reflexão crítica e de profunda tomada de consciência".

Sem citar Jader, por enquanto seu único adversário, e o atual presidente da Casa, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que têm trocado acusações nos últimos meses, Péres defendeu "um parlamento de novo tipo, transformado por uma revolução de costumes que implique um rompimento com as velhas práticas".

Além de Cabral e de senadores da oposição, dois senadores do PMDB fizeram apartes ao final do discurso de Péres: Pedro Simon (RS) e Roberto Requião (PR), único peemedebista que votou contra Jader na reunião da bancada.

Simon disse ter ficado "profundamente impressionado" com o discurso de Péres. Embora não tenha declarado apoio ao pedetista, Simon elogiou a ""total e absoluta independência" do colega.

Ele criticou o confronto entre ACM e Jader e disse que o candidato da oposição havia acrescentado um fato novo a esse "espetáculo que não soma a ninguém".

Requião disse que Péres, com seu discurso, estabelecera o contraditório na disputa pela sucessão da Mesa do Senado. "A paz do cemitério foi quebrada." Ele propôs a realização de uma sabatina com os candidatos em plenário, para terminar com as discussões "de corredor, de favores e da distribuição das comissões". Para reforçar seu apelo aos colegas, Péres disse que, "contra todas as previsões e expectativas", talvez os senadores votassem inspirados nos ""grandes vultos" que passaram pelo Senado, entre eles o tucano Mário Covas (SP). Além de Covas, a quem classificou como "notável homem público e extraordinária figura humana", ele citou Rui Barbosa, Nereu Ramos, Milton Campos e Afonso Arinos.

O candidato da oposição terminou seu discurso com um verso de Camões: "Honrarias.../Melhor é merecê-las, sem as ter,/ Que possuí-las sem as merecer".
 

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