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07/02/2001 - 03h16

Votação "tensa" traria prejuízo, diz líder do PMDB

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da Folha de S.Paulo

O líder do PMDB e da manobra governista para obstruir as votações no Congresso, Geddel Vieira Lima (BA), diz que "o prejuízo para o Brasil seria maior" se os parlamentares votassem em "clima de tensão". O prejuízo, no caso, seria a possível derrubada de uma medida provisória do Plano Real, que tem sete anos. Para Geddel, a obstrução faz parte do "jogo parlamentar". Ele diz que ACM, seu desafeto, vive um "ocaso político". A seguir, os principais trechos de sua entrevista.
(KENNEDY ALENCAR)

Folha - O sr. não se sente constrangido de ser o líder da obstrução, paralisando votações da convocação extraordinária, apesar de os parlamentares serem pagos para trabalhar?
Geddel -
O Congresso não é uma fábrica de leis. Obstrução é uma posição legítima no Parlamento. Estamos trabalhando. Nossa atividade não é por produtividade. O dr. Ulysses (Guimarães, que presidiu o PMDB e a Câmara) dizia que o tempero do tempo é que faz a lei correta.

Folha - Essa obstrução não tem um custo alto, de R$ 16 mil por parlamentar, para atender aos interesses do governo?
Geddel -
Essa obstrução não diz respeito aos interesses do governo, mas do país. No atual clima de tensão, o prejuízo para o Brasil seria muito maior se uma medida provisória do Plano Real fosse derrubada ou se se limitasse, de afogadilho, o poder das MPs.

Folha - Não é desmoralizador que até hoje haja medidas do Plano Real, que tem sete anos, sendo reeditadas?
Geddel -
Respeito a crítica. Sou a favor de votar as MPs, de limitar o poder delas. Mas não dá para fazer isso num clima em que aliados podem se vingar do governo votando contra o país.

Folha - Não é feio o sr. e o presidente do Congresso trocarem insultos envolvendo familiares?
Geddel -
Quem começou essa briga foi o senador Antonio Carlos. Não gostaria de estar participando do debate nesse nível, mas não pode prevalecer na nação a sensação de que Antonio Carlos intimida a todos. Não aceito esse método, e a cúpula do PMDB está disposta a enfrentá-lo no campo em que ele desejar. O PMDB incomoda ACM porque é um partido unido, que tem objetivos claros. Um desses objetivos é derrotá-lo, porque ele faz mal ao país.

Folha - ACM não tem méritos?
Geddel -
ACM teve méritos na vida pública, senão não teria chegado aonde chegou. Mas tornou-se uma pessoa fora de moda. Os métodos se alteraram. Na intimidação, na brutalidade, na distribuição de dossiês, ele não conseguirá ir mais adiante.

Folha - O sr. quer dizer com "não conseguirá ir mais adiante"?
Geddel -
Ele está perdendo a importância política devido a seus erros. As pessoas passam a ver que ele não é infalível, inexpugnável. E mais, que ele não morde. Ele vive um ocaso político natural, até cronológico.
 

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