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11/06/2000 - 03h06

Conde nega risco em ruptura com Maia

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da Folha de S.Paulo

O prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde (PFL), não acredita que o rompimento com Cesar Maia (PTB) possa prejudicá-lo junto ao eleitorado, repetindo histórias de fracassos sofridas por outros políticos que traíram seus padrinhos.

Maia deixou a prefeitura, em dezembro de 1996, com 52% de avaliação ótimo ou bom, segundo pesquisa Datafolha. Em levantamento de maio passado, Conde aparece com 41% de aprovação.

A boa avaliação de Maia ao final do governo foi fundamental para ele ter conseguido fazer de Conde seu sucessor. Em julho de 1996, quando a campanha começou, Conde, que havia sido o secretário de Urbanismo da gestão de Maia, tinha só 4% das intenções de voto.

O empenho de Maia, que praticamente monopolizou o horário eleitoral gratuito, fez o candidato saltar para 24%, um mês depois.

Na eleição deste ano, Conde alça vôo de um patamar mais alto e acredita que já criou asas para construir a própria vitória. Ele tem 13% das intenções de voto, segundo a pesquisa do Datafolha realizada nos dias 23 e 24 de maio.

Cesar Maia tem 20%, indicando que, mesmo fora da prefeitura há quatro anos, ele ainda mantém prestígio, apesar da derrota que sofreu para Anthony Garotinho (PDT), quando tentou disputar o governo do Estado, em 1998.

"Não fui eu que briguei com Cesar Maia, foi ele que brigou comigo", afirma o prefeito, para quem as cidades que têm melhor qualidade de vida são aquelas com governos de continuidade.

"O problema dele ou do (Celso) Pitta, em São Paulo, é que fizeram apenas isso, governos de continuidade, sem acrescentar uma marca própria", afirma Maia.

O ex-prefeito diz que Conde só trouxe como novidade a imagem de homem conciliador. "Mas, na hora do jogo, o povo gosta é do Romário, polêmico, que faz gol", provoca o ex-prefeito.

Conde considera que a imagem de conciliador é justamente uma das suas qualidades mais apreciadas pelo eleitor. "Não sou brigão, não fico trocando de partidos, minha cabeça não consegue entrar nesse sistema político onde um dia você apóia alguém e no outro faz alianças contra ele", diz.

O prefeito, novato na política, mostra que vem aprendendo rápido as regras do jogo. Na semana passada, ele novamente protagonizou cenas de aproximação com Garotinho, anunciando projetos integrados entre a prefeitura e o governo estadual. Desempenhou o seu papel de conciliador, que age em benefício da cidade, sem pensar em coloração partidária.

Quando Conde se aproxima do governador, além de projetos, também leva em conta a boa avaliação que Garotinho tem nas pesquisas. Inclusive nas pesquisas que ele mesmo encomenda a Ibope, Sample e Retrato e Gerp, os institutos que trabalham para a prefeitura e para o PFL.

Essas pesquisas são mensais desde março de 1999, e por elas o prefeito identifica a satisfação em relação ao seu governo. Além dele, as pesquisas também avaliam o desempenho de Garotinho e Fernando Henrique Cardoso.

Outros dados que são apurados são os relativos à intenção de voto. Com eles nas mãos, Conde escolheu como seu coordenador de campanha o jornalista Luiz Alberto Bettencourt, seu assessor na prefeitura. Bettencourt diz que seu trabalho será reforçar na campanha os atributos de Conde.

"Ele é reconhecido como um político de centro-esquerda, apesar de estar no PFL. É um homem que nasceu para ser prefeito e não vai usar a prefeitura como trampolim", afirma o jornalista, para quem Conde está disputando o mesmo eleitorado de Cesar Maia.

O cientista político Nelson Carvalho, professor da Universidade Cândido Mendes, assessora Maia desde 1992. Segundo ele, o eleitorado típico de seu candidato é o morador do Rio empregado formalmente, com renda em torno de R$ 1.300 mensais, que vive na região do Méier, zona norte.

Carvalho diz que a campanha de Maia parte do pressuposto de que o processo político brasileiro criou uma extrema racionalidade no comportamento do eleitorado, mesmo nas camadas mais pobres. "A época da campanha é de informação, por isso não há como enganar o eleitor", afirma.

É ele que analisa as pesquisas mensais encomendadas por Maia junto ao instituto GPP, desde agosto de 1999. Carvalho diz que esses levantamentos apontam que o eleitor reconhece em Maia a imagem do realizador e que Conde seria visto como um continuador das obras do ex-prefeito.

O coordenador do instituto Data UFF, Alberto Carlos Almeida, afirma que as eleições do Rio começam com os candidatos em patamares semelhantes de intenção de voto e que a disputa se divide em dois blocos, governo (Conde e Maia) e oposição -Benedita da Silva (PT), Leonel Brizola (PDT) e Sérgio Cabral (PMDB).

Conde e Maia dizem que não farão ataques durante a disputa, mantendo o nível dos programas de TV. Segundo o juiz Antônio Jayme Boente, responsável pela fiscalização da campanha eleitoral, não houve representação contra eles até agora. A campanha oficial começa em 6 de julho.
(ANTONIO CARLOS DE FARIA)

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