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14/02/2001 - 03h45

"Eu não acabei", diz ACM ao esvaziar as gavetas

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

Diante de uma mesa limpa e com a mudança arrumada para seu novo gabinete, Antonio Carlos Magalhães estava visivelmente abatido ontem e tentava reagir à tese de que seu poder político estaria em franco declínio. "Eu não acabei", declarou ACM.

Num plano político ainda indefinido, o cacique pefelista promete viajar pelo Brasil e dar entrevistas fora de Brasília e Salvador. Não descarta uma candidatura à Presidência da República e se diz forte o suficiente para manter a continuidade carlista no governo da Bahia -o que não precisaria ser feito necessariamente com seu próprio nome.

Na tarde de ontem, faltava apenas uma gaveta a esvaziar no gabinete na presidência do Senado. Antonio Carlos Magalhães deixou por último as gravatas. "Elas não estão me fazendo falta."

Desde abril de 1998, depois da morte de seu filho Luís Eduardo Magalhães, ACM usa gravatas escuras. Ontem prometeu voltar às cores vivas -"o vermelho"- a partir de abril, depois de três anos de luto expressos no vestuário.

Depois que entregar a residência oficial da presidência do Senado, localizada no Lago Sul, ACM vai morar num apartamento funcional. Mas só "enquanto a casa não fica pronta", afirmou, numa referência às obras que está fazendo. "Num terreno que comprei em 1962", afirmou.

Na agenda, o compromisso mais significativo na véspera de deixar a presidência foi a visita de um ministro português. Num sorriso forçado, ACM tentava mostrar-se feliz. Lembrou-se de que "neste mesmo dia", 13 de fevereiro, no ano de 1967, ele assumia a Prefeitura de Salvador.

ACM fez declarações de confiança na vitória de Arlindo Porto (PTB-MG), a "terceira via" finalmente construída ontem pelo PFL. Mas não escondeu que idealizava outro cenário: "(José) Fogaça (PMDB-RS) é excelente. Arlindo Porto é um homem digno".

ACM disse que continuará carregando a bandeira da moralidade e pediu uma CPI para apurar a veracidade sobre o conteúdo de gravações trazidas sugerindo que deputados teriam recebido recursos para trocar o PFL pelo PMDB.

Além das gravações, a CPI deveria, segundo ACM, investigar denúncias sobre ele e sobre Jader Barbalho (PMDB-PA).

Num dia de homenagens, ACM despediu-se da presidência sem comandar uma única votação. Encerrou a sessão recebendo e retribuindo agradecimentos pelos quatro anos que esteve na presidência do Congresso.

Numa solenidade pela manhã, de inauguração da sede do instituto Interlegis, de integração de casas legislativas, ACM recebeu vários elogios, mas passou por um constrangimento que simboliza seu isolamento.

Convidado para a cerimônia, o presidente FHC não compareceu e mandou, para representá-lo, o secretário particular José Lucena Dantas, ex-funcionário do Senado. Nenhum ministro compareceu ao evento.
 

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