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23/02/2001
-
12h15
da Folha Online
Saiba mais sobre as acusações de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), os bastidores de sua derrota no Congresso e as personalidades envolvidas:
As investigações sobre Eduardo Jorge:
. Relação com FHC: Assessorou Fernando Henrique Cardoso de 1983, quando este se tornou senador, até 1998, quando deixou o cargo de secretário-geral da Presidência para coordenar a campanha da reeleição. Depois, não voltou mais ao governo
Como EJ virou alvo do Ministério Público:
. As investigações da CPI do Judiciário, em 99, chegaram ao Fórum do TRT-SP e ao juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto
. Foram então descobertas centenas de ligações entre EJ e Nicolau. A partir daí, os procuradores centraram as investigações em EJ
. O ex-assessor de FHC depôs no Senado no início de agosto do ano passado. Negou todas as acusações
. Em setembro, EJ entregou documentos ao Ministério Público, a maioria referindo-se ao período de 1º de janeiro de 95 a 14 de abril de 98
. Neste mês, a Folha publicou que, após meses de investigação, ainda não há provas contra EJ. O ex-secretário mandou carta, publicada no jornal, criticando os procuradores
. Contestando EJ, o procurador da República Guilherme Schelb disse que há três frentes de investigação relacionadas a ele: irregularidades no Serpro, interferência em fundos de pensão e o caixa-dois nas campanhas do presidente FHC
. Na segunda-feira, ACM teria dito a procuradores que os dados que comprometem EJ ainda não foram entregues
Os casos
- Ligação com Nicolau e a obra do TRT
. Há quase 200 ligações de EJ para o ex-presidente do TRT Nicolau dos Santos Neto. EJ diz que as conversas serviam para definir juízes classistas afinados com a defesa do Real e contra a indexação. Ex-presidentes do TRT contestam a importância de classistas nessas decisões
. Segundo EJ, muitas ligações não eram concretizadas. Porém, pelos critérios dele, cada discussão sobre nomeações teria durado apenas 1min27
Caixa-dois da reeleição
. No ano passado, a Folha publicou que planilhas eletrônicas sigilosas do comitê eleitoral de FHC revelam que sua campanha pela reeleição, em 1998, foi abastecida por um caixa-dois, expediente ilegal. EJ era o coordenador do comitê
. No mínimo R$ 53,1 milhões entraram no caixa. R$ 43 milhões foram registrados no TSE. Pelo menos R$ 10,12 milhões deixaram de ser declarados
Interesse em licitação para o Denatran
EJ teria demonstrado interesse pela licitação para a escolha da empresa de serviços de informática para o Denatran, segundo depôs o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Antônio Anastasia. Ele foi exonerado este ano
Tentativa de lobby na Receita Federal
O escritório de dois irmãos e de uma sobrinha de EJ pediu R$ 5,045 milhões à Organização das Cooperativas Brasileiras, para tentar beneficiá-la na Receita
Negociação no Ministério dos Transportes
EJ teria atuado no Ministério dos Transportes em favor da empresa Transroll, que faz transporte de contêneieres e que tem sede no Rio
Interferência em empresa do BB
O Ministério Público investigou suposta interferência de EJ na Aliança do Brasil, empresa de seguros do Banco do Brasil, para ajudar a Delphos, empresa da qual faz parte do conselho
Cobrança no BNDES sobre frigorífico de SC
EJ fez uma cobrança a André Lara Resende, então no BNDES, sobre operação envolvendo o frigorífico Chapecó. Depois, houve um aporte de R¹ 54 milhões para salvar a empresa
Irregularidade na Encol
EJ era sócio de um ex-diretor do BB, Edson Soares Ferreira, acusado de liberar empréstimos irregulares para a construtora Encol. A sociedade era na empresa DTC-Direct To Company S/A, com sede em Curitiba
As relações tumultuadas entre FHC e ACM
Com declarações a procuradores, situação entre senador e presidente se deteriora
CPI do Judiciário
O senador levantou em março de 99 a bandeira de uma CPI para investigar o Judiciário. Foi ela que chegou ao caso TRT e a EJ
CPI dos Bancos
Para rivalizar com a CPI de ACM, o PMDB de Jader Barbalho criou a CPI dos Bancos. A comissão chegou à ajuda de R$ 1,6 bilhão do Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam
Caso EJ
Quando surgiu documento com a assinatura de FHC liberando verbas para o fórum do TRT, o senador ACM, apesar de defender FHC, declarou que "o presidente tem que saber o que assina"
Malan
ACM passou a atacar sistematicamente o ex-protegido Pedro Malan (Fazenda). Disse que o ministro "nunca recebeu um pobre em seu gabinete''. Afirmou também que falta "sensibilidade social'' a Malan _que, por enquanto, "ainda'' mereceria respeito. O ministro é um dos cotados para suceder o presidente
Fundo de Combate à Pobreza
Mesmo após dizer que não criaria mais impostos, o presidente do Congresso propôs a criação de um Fundo de Combate à Pobreza. ACM passou semanas defendendo a criação de seu fundo, que teve forte oposição, e dizendo que "a pobreza o constrange" e que "não acabou com a miséria porque não foi presidente da República"
Salário mínimo
No começo do ano passado, o presidente do Senado incomodou os aliados com sua bandeira de combate à pobreza e com a defesa de um salário mínimo de US$ 100. O governo defendia um mínimo menor, alegando que um aumento muito grande elevaria o déficit da Previdência
Teto do funcionalismo
Em meio a discussões sobre o mínimo, estava outro assunto delicado, o teto do funcionalismo. Após FHC ter acertado com o Judiciário o valor de R$ 11,5 mil, ACM "sabotou" o acordo, defendendo um valor menor. À época, o presidente avaliou a atitude do senador como uma manobra para desgastá-lo
Derrota nas eleições
Após as eleições, questionado sobre a "recomendação" do senador para que fosse feita uma reforma do ministério, como resposta ao quadro político surgido das eleições, FHC afirmou: 'Ninguém recomenda ao presidente da República nada. Nem pessoas que se crêem muito poderosas"
Em resposta, ACM rebateu: "Quando ele (FHC) diz que não aceita que se recomende nada ao presidente da República, ele se coloca numa posição autoritária, que não está à altura do seu passado. Mas o poder, às vezes, inebria as pessoas. E as pessoas pensam que podem tudo. Mas ele não pode tudo"
Disputa no Senado
ACM vê o dedo de FHC na derrota que sofreu contra o inimigo Jader Barbalho. Em discurso no Senado, atacou ministros peemedebistas, atingindo, indiretamente, o governo FHC
Entenda os bastidores das acusações de ACM e os envolvidos
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Saiba mais sobre as acusações de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), os bastidores de sua derrota no Congresso e as personalidades envolvidas:
. Relação com FHC: Assessorou Fernando Henrique Cardoso de 1983, quando este se tornou senador, até 1998, quando deixou o cargo de secretário-geral da Presidência para coordenar a campanha da reeleição. Depois, não voltou mais ao governo
. As investigações da CPI do Judiciário, em 99, chegaram ao Fórum do TRT-SP e ao juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto
. Foram então descobertas centenas de ligações entre EJ e Nicolau. A partir daí, os procuradores centraram as investigações em EJ
. O ex-assessor de FHC depôs no Senado no início de agosto do ano passado. Negou todas as acusações
. Em setembro, EJ entregou documentos ao Ministério Público, a maioria referindo-se ao período de 1º de janeiro de 95 a 14 de abril de 98
. Neste mês, a Folha publicou que, após meses de investigação, ainda não há provas contra EJ. O ex-secretário mandou carta, publicada no jornal, criticando os procuradores
. Contestando EJ, o procurador da República Guilherme Schelb disse que há três frentes de investigação relacionadas a ele: irregularidades no Serpro, interferência em fundos de pensão e o caixa-dois nas campanhas do presidente FHC
. Na segunda-feira, ACM teria dito a procuradores que os dados que comprometem EJ ainda não foram entregues
- Ligação com Nicolau e a obra do TRT
. Há quase 200 ligações de EJ para o ex-presidente do TRT Nicolau dos Santos Neto. EJ diz que as conversas serviam para definir juízes classistas afinados com a defesa do Real e contra a indexação. Ex-presidentes do TRT contestam a importância de classistas nessas decisões
. Segundo EJ, muitas ligações não eram concretizadas. Porém, pelos critérios dele, cada discussão sobre nomeações teria durado apenas 1min27
Caixa-dois da reeleição
. No ano passado, a Folha publicou que planilhas eletrônicas sigilosas do comitê eleitoral de FHC revelam que sua campanha pela reeleição, em 1998, foi abastecida por um caixa-dois, expediente ilegal. EJ era o coordenador do comitê
. No mínimo R$ 53,1 milhões entraram no caixa. R$ 43 milhões foram registrados no TSE. Pelo menos R$ 10,12 milhões deixaram de ser declarados
EJ teria demonstrado interesse pela licitação para a escolha da empresa de serviços de informática para o Denatran, segundo depôs o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Antônio Anastasia. Ele foi exonerado este ano
O escritório de dois irmãos e de uma sobrinha de EJ pediu R$ 5,045 milhões à Organização das Cooperativas Brasileiras, para tentar beneficiá-la na Receita
EJ teria atuado no Ministério dos Transportes em favor da empresa Transroll, que faz transporte de contêneieres e que tem sede no Rio
O Ministério Público investigou suposta interferência de EJ na Aliança do Brasil, empresa de seguros do Banco do Brasil, para ajudar a Delphos, empresa da qual faz parte do conselho
EJ fez uma cobrança a André Lara Resende, então no BNDES, sobre operação envolvendo o frigorífico Chapecó. Depois, houve um aporte de R¹ 54 milhões para salvar a empresa
EJ era sócio de um ex-diretor do BB, Edson Soares Ferreira, acusado de liberar empréstimos irregulares para a construtora Encol. A sociedade era na empresa DTC-Direct To Company S/A, com sede em Curitiba
As relações tumultuadas entre FHC e ACM
Com declarações a procuradores, situação entre senador e presidente se deteriora
O senador levantou em março de 99 a bandeira de uma CPI para investigar o Judiciário. Foi ela que chegou ao caso TRT e a EJ
Para rivalizar com a CPI de ACM, o PMDB de Jader Barbalho criou a CPI dos Bancos. A comissão chegou à ajuda de R$ 1,6 bilhão do Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam
Quando surgiu documento com a assinatura de FHC liberando verbas para o fórum do TRT, o senador ACM, apesar de defender FHC, declarou que "o presidente tem que saber o que assina"
ACM passou a atacar sistematicamente o ex-protegido Pedro Malan (Fazenda). Disse que o ministro "nunca recebeu um pobre em seu gabinete''. Afirmou também que falta "sensibilidade social'' a Malan _que, por enquanto, "ainda'' mereceria respeito. O ministro é um dos cotados para suceder o presidente
Mesmo após dizer que não criaria mais impostos, o presidente do Congresso propôs a criação de um Fundo de Combate à Pobreza. ACM passou semanas defendendo a criação de seu fundo, que teve forte oposição, e dizendo que "a pobreza o constrange" e que "não acabou com a miséria porque não foi presidente da República"
No começo do ano passado, o presidente do Senado incomodou os aliados com sua bandeira de combate à pobreza e com a defesa de um salário mínimo de US$ 100. O governo defendia um mínimo menor, alegando que um aumento muito grande elevaria o déficit da Previdência
Em meio a discussões sobre o mínimo, estava outro assunto delicado, o teto do funcionalismo. Após FHC ter acertado com o Judiciário o valor de R$ 11,5 mil, ACM "sabotou" o acordo, defendendo um valor menor. À época, o presidente avaliou a atitude do senador como uma manobra para desgastá-lo
Após as eleições, questionado sobre a "recomendação" do senador para que fosse feita uma reforma do ministério, como resposta ao quadro político surgido das eleições, FHC afirmou: 'Ninguém recomenda ao presidente da República nada. Nem pessoas que se crêem muito poderosas"
Em resposta, ACM rebateu: "Quando ele (FHC) diz que não aceita que se recomende nada ao presidente da República, ele se coloca numa posição autoritária, que não está à altura do seu passado. Mas o poder, às vezes, inebria as pessoas. E as pessoas pensam que podem tudo. Mas ele não pode tudo"
ACM vê o dedo de FHC na derrota que sofreu contra o inimigo Jader Barbalho. Em discurso no Senado, atacou ministros peemedebistas, atingindo, indiretamente, o governo FHC
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