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24/02/2001
-
04h11
ELIANE CANTANHÊDE e KENNEDY ALENCAR, da Folha de S.Paulo, em Brasília
Ao romper com o governo e se isolar de praticamente todas as forças e partidos, Antonio Carlos Magalhães deixa de ser um dos mais fortes padrinhos e passa a ser um peso na sucessão presidencial de 2002. Hoje, seu apoio mais atrapalha do que ajuda.
A constatação interessa principalmente ao governador do Ceará, Tasso Jereissati, que disputa com o ministro da Saúde, José Serra, a indicação do PSDB para se candidatar à sucessão de FHC. ACM apóia Tasso.
O Planalto e os próprios líderes tucanos, porém, tentam insistentemente neutralizar a eventual perda de terreno de Tasso na sucessão depois dos erros de ACM nas eleições congressuais e, finalmente, da ruptura com FHC.
O enfraquecimento prematuro de Tasso e o consequente fortalecimento de Serra não interessam nem a FHC, que perderia o controle do processo, nem aos partidos, que perderiam poder de barganha, nem ao próprio Serra, que ficaria sob intenso tiroteio.
Conforme a Folha apurou, FHC tem demonstrado internamente uma preferência por Serra, mas há um empenho conjunto para equilibrar o jogo o maior tempo possível e adiar para o fim deste ano ou início do próximo o debate sucessório.
Nessa linha está o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), que
desautorizou ACM e elogiou FHC em nota. Ele teme que Serra se cristalize muito cedo como candidato da atual base governista.
Peso das bancadas
Uma peça-chave nessa operação é o novo presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), que comentou com um interlocutor esta semana: "O Serra superestimou sua participação nas eleições do Congresso, e o Tasso registrou o golpe mais do que devia".
Aécio aderiu à tese do governador licenciado de São Paulo, Mário Covas, de que o PSDB deve fazer prévias para a escolha do candidato, inclusive para ganhar tempo e dar força à bancada federal no processo.
Os eleitores de uma prévia são diretamente ligados a deputados e senadores.
Covas já manifestou apoio a Tasso, enquanto Aécio e a bancada tucana na Câmara preferem ficar em cima do muro entre as duas candidaturas.
Inclusive para serem bajulados simultaneamente por Serra e Tasso.
Os dois líderes do PSDB no Congresso - Jutahy Magalhães, na Câmara, e Sérgio Machado, no Senado- são mais identificados com Serra do que com Tasso. Jutahy por uma ligação antiga com o ministro da Saúde e Machado por ser dissidente do grupo de Tasso no Estado.
Aécio, porém, tem dito que a eleição de ambos foi um "resultado natural" porque ambos participaram ativamente de sua própria vitória para a presidência da Câmara e trabalharam bem seus nomes para as lideranças.
O candidato ACM
Políticos de diferentes partidos desconfiam que a rota de colisão de ACM com FHC faça parte de uma estratégia do senador para se lançar candidato em 2002.
O próprio ACM já admitiu, em conversas reservadas, que está tentando aumentar seu cacife nas pesquisas pré-eleitorais, não exatamente para ser candidato e vencer, mas para garantir um papel importante na sucessão.
Apesar da absoluta inviabilidade de uma aliança do PT com ACM, há entre os petistas quem acredite na possibilidade de o senador baiano mandar despejar votos num candidato de esquerda, como Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo. Não combina com a biografia, mas combina com o atual discurso de ACM.
Uma outra análise é a de que ACM poderá se unir a Tasso, se nenhum dos dois se viabilizar, para apoiar outro nome de oposição contra Serra: Ciro Gomes (PPS).
Ruptura FHC-ACM é mais um revés para Tasso
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Ao romper com o governo e se isolar de praticamente todas as forças e partidos, Antonio Carlos Magalhães deixa de ser um dos mais fortes padrinhos e passa a ser um peso na sucessão presidencial de 2002. Hoje, seu apoio mais atrapalha do que ajuda.
A constatação interessa principalmente ao governador do Ceará, Tasso Jereissati, que disputa com o ministro da Saúde, José Serra, a indicação do PSDB para se candidatar à sucessão de FHC. ACM apóia Tasso.
O Planalto e os próprios líderes tucanos, porém, tentam insistentemente neutralizar a eventual perda de terreno de Tasso na sucessão depois dos erros de ACM nas eleições congressuais e, finalmente, da ruptura com FHC.
O enfraquecimento prematuro de Tasso e o consequente fortalecimento de Serra não interessam nem a FHC, que perderia o controle do processo, nem aos partidos, que perderiam poder de barganha, nem ao próprio Serra, que ficaria sob intenso tiroteio.
Conforme a Folha apurou, FHC tem demonstrado internamente uma preferência por Serra, mas há um empenho conjunto para equilibrar o jogo o maior tempo possível e adiar para o fim deste ano ou início do próximo o debate sucessório.
Nessa linha está o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), que
desautorizou ACM e elogiou FHC em nota. Ele teme que Serra se cristalize muito cedo como candidato da atual base governista.
Peso das bancadas
Uma peça-chave nessa operação é o novo presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), que comentou com um interlocutor esta semana: "O Serra superestimou sua participação nas eleições do Congresso, e o Tasso registrou o golpe mais do que devia".
Aécio aderiu à tese do governador licenciado de São Paulo, Mário Covas, de que o PSDB deve fazer prévias para a escolha do candidato, inclusive para ganhar tempo e dar força à bancada federal no processo.
Os eleitores de uma prévia são diretamente ligados a deputados e senadores.
Covas já manifestou apoio a Tasso, enquanto Aécio e a bancada tucana na Câmara preferem ficar em cima do muro entre as duas candidaturas.
Inclusive para serem bajulados simultaneamente por Serra e Tasso.
Os dois líderes do PSDB no Congresso - Jutahy Magalhães, na Câmara, e Sérgio Machado, no Senado- são mais identificados com Serra do que com Tasso. Jutahy por uma ligação antiga com o ministro da Saúde e Machado por ser dissidente do grupo de Tasso no Estado.
Aécio, porém, tem dito que a eleição de ambos foi um "resultado natural" porque ambos participaram ativamente de sua própria vitória para a presidência da Câmara e trabalharam bem seus nomes para as lideranças.
O candidato ACM
Políticos de diferentes partidos desconfiam que a rota de colisão de ACM com FHC faça parte de uma estratégia do senador para se lançar candidato em 2002.
O próprio ACM já admitiu, em conversas reservadas, que está tentando aumentar seu cacife nas pesquisas pré-eleitorais, não exatamente para ser candidato e vencer, mas para garantir um papel importante na sucessão.
Apesar da absoluta inviabilidade de uma aliança do PT com ACM, há entre os petistas quem acredite na possibilidade de o senador baiano mandar despejar votos num candidato de esquerda, como Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo. Não combina com a biografia, mas combina com o atual discurso de ACM.
Uma outra análise é a de que ACM poderá se unir a Tasso, se nenhum dos dois se viabilizar, para apoiar outro nome de oposição contra Serra: Ciro Gomes (PPS).
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