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26/02/2001 - 13h09

Unicamp demite Ricardo Molina, foneticista que atuou no caso PC

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MÁRIO TONOCCHI
da Folha Online, em Campinas

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) demitiu o coordenador do Departamento de Fonética Forense da instituição, Ricardo Molina de Figueiredo, 44. O foneticista foi comunicado da demissão na última quinta-feira (22).

Molina trabalhou em casos de repercussão nacional como a morte do empresário Paulo César Farias, o PC; a Chacina de Eldorado dos Carajás; o crime da Favela Naval e o acidente que matou os integrantes da banda Mamonas Assassinas.

Segundo a assessoria de imprensa da universidade, o motivo da demissão são "irregularidades administrativas". A assessoria informou hoje que o reitor Hermano Tavares só vai se pronunciar a respeito do assunto na quarta-feira, por meio de nota oficial.

Molina responde a processo administrativo há um ano e quatro meses. Ele é acusado de uso indevido de verba pública. "Vamos resolver isso na Justiça", afirmou hoje o foneticista.

Para o foneticista sua saída da Unicamp já estava prevista. "Tanto que há pelo menos um ano estou trabalhando em meu laboratório em casa. Tudo começou quando denunciei a lavagem de dinheiro na Funcamp", disse.

De acordo com o foneticista, ele ainda não teve acesso ao processo de aproximadamente 600 páginas que culminou com sua demissão.

O foneticista diz que o processo deve-se a utilização de verbas da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp), que gerencia verbas próprias e que entram na universidade através de convênios entre pesquisadores e empresas ou pedidos de investigação de promotorias públicas.

Até dois anos atrás, segundo Molina, um pesquisador da universidade podia requerer junto à Funcamp dinheiro para uma viagem para congresso no exterior.

"Tinha gente que solicitava até US$ 12 mil para uma viagem a Miami e recebia. Até que o Tribunal de Contas da União acabou com isso e limitou a US$ 200 por dia para as despesas de viagem", afirma o foneticista que, na época, divulgou a decisão do Tribunal para a imprensa.

De acordo com Molina, com o limite de retirada de dinheiro, os pesquisadores passaram a preferir solicitar dinheiro para passagens a pedir complementação de salário, outra prática comum na universidade.

"Todo mundo prefere solicitar o dinheiro para viagens e apresentar notas a pedir complementação de salários, pois com a complementação o fisco fica com 27,5%. Agora, como o processo é um perseguição, o que todos fazem eu não posso fazer", explicou.

Casos

No caso do empresário Paulo César Farias, assessor do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Molina contestou o laudo do médico legista, também da Unicamp, Fortunato Badan Palhares, que apresentou um laudo apontando a tese de homicídio seguido de suicídio da namorada de PC, Suzana Marcolino.

Este laudo acabou sendo contestado três anos depois pelo próprio Molina. Ao questionar a altura de Suzana, uma nova versão para o crime se abriu, pois a nova altura contrariava a teste sobre a trajetória da bala. A namorada de PC teria seis centímetros a menos do que apontou o laudo elaborado anteriormente, assinado por Badan e outros dez profissionais.

Em 1996, o foneticista analisou as fitas de gravações de policiais militares do Rio de Janeiro, acusados de serem subornados por traficantes, que acabou com a prisão de policiais.

No mesmo ano, Molina participou da investigação sobre o acidente aéreo que matou o grupo Mamonas Assassinas, comprovando que o líder do grupo, Dinho, não estava na cabine do piloto quando aconteceu o acidente.

No ano passado, o foneticista analisou, a pedido de procuradores federais, a fita da gravação da conversa entre o deputado Talvane Albuquerque e o pistoleiro Chapéu de Couro, acusado da morte da deputada Ceci Cunha.

Hoje o foneticista trabalha na transcrição de fitas com gravações de susposta corrupção de vereadores de São Bernardo do Campo pelo atual vice-prefeito Wilson Dib, que teria oferecido favores a vereadores para a reeleição de Maurício Soares.
 

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