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01/03/2001 - 04h03

Disputa FHC-ACM pode manter Padilha

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VALDO CRUZ e KENNEDY ALENCAR, da Folha de S.Paulo, em Brasília

Eliseu Padilha já havia acertado com o presidente Fernando Henrique Cardoso a sua saída do Ministério dos Transportes, mas a pressão do senador Antonio Carlos Magalhães e do PFL por sua demissão pode garantir a permanência do peemedebista na pasta.

FHC confidenciou a aliados que o PFL deveria parar de "bater" no ministro, para não transformá-lo em um "novo Jader Barbalho". FHC gostaria de remanejá-lo, mas não quer parecer estar cedendo a ACM agora que rompeu com ele.

Foi o veto de ACM a Jader que ajudou o peemedebista a vencer a eleição para a presidência do Senado. Houve uma união do PMDB em torno de sua candidatura devido ao sentimento de que era preciso enfrentar ACM.

A Folha apurou que Padilha teria procurado FHC e sinalizado que seria melhor para o governo se ele deixasse o cargo. A primeira conversa foi há cerca de quatro meses. Outra, semana passada.

Alvo de ataques de ACM, avalia que um afastamento o preservaria, mas não quer parecer ter sido escorraçado pelo PFL. Seria admitir que ACM tem razão ao apontar irregularidades no ministério.

Uma alternativa é mantê-lo em outro cargo. FHC, segundo aliados, tem uma dívida com Padilha. Ele deixou de se candidatar a deputado federal em 1998 a pedido de FHC, que queria evitar uma disputa interna no PMDB pela pasta dos Transportes.

Na ocasião, o presidente dizia preferir manter Padilha, fundamental para aprovar a emenda da reeleição, a indicar outro peemedebista. Dois queriam o lugar: Jader e Moreira Franco, atual assessor especial da Presidência.

Caso o PFL não desista de pressionar pela saída do ministro dos Transportes, a única forma de transferi-lo de posto, segundo assessores de FHC, seria uma decisão unilateral de Padilha, solicitando sua exoneração a pedido.

FHC pretendia enviar recados aos pefelistas de que a saída de Padilha era certa, mas a cada pressão o PMDB reage nos bastidores.

Um cacique disse à Folha, reservadamente, que o PMDB não abrirá mão de suas pastas (Transportes, Integração Nacional e a Secretaria de
Políticas Urbanas).

Disse que o governo tem um inimigo comum (ACM), precisará estar unido para enfrentá-lo e seria imprudente reduzir o poder do PMDB. Leia-se: se quiser abafar e rebater as acusações de ACM, FHC deve poupar o PMDB.

Afirmou que foram as articulações do PMDB que deram ao presidente do PFL, Jorge Bornhausen, condições de enfrentar ACM e tomar o poder no partido.

Disse ainda que os tucanos que defendem perda de espaço do PMDB devem ao partido a eleição de Aécio Neves (PSDB-MG) para a presidência da Câmara.

FHC também está preocupado com a pressão pefelista para derrubar Francisco Dornelles (Trabalho). Para o governo, Bornhausen quer reduzir o poder de Dornelles no PPB e, com isso, fazer com que o partido de Paulo Maluf forme um bloco com o PFL.

O PFL vê em Dornelles um inimigo desde que ele trabalhou pelo apoio do PPB a Aécio Neves na eleição para a presidência da Câmara. FHC não pretende tirar Dornelles. Não lhe interessa que o PPB forme um bloco com o PFL.

Sobre os cargos abertos com as demissões de Waldeck Ornélas (Previdência) e Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), FHC já teria manifestado suas preferências. Para o posto de Ornélas, gostaria do senador José Jorge (PFL-PE). Para Minas e Energia, do deputado Eliseu Resende (PFL-MG).

Este último teria apoio do genro de FHC, o diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylberzstajn, e de empresários do setor elétrico. Contra Eliseu pesam as circunstâncias que levaram à sua saída da Fazenda no governo Itamar. Foi acusado de fazer pressão dentro do governo para liberar empréstimo ao Peru para uma obra que seria tocada por uma construtora com a qual tinha tido vínculo profissional. Na época, negou.
 

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