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21/03/2001
-
03h09
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso argumentou com a piora do cenário econômico para tentar pacificar sua base aliada e retomar a votação de projetos de interesse do Planalto no Congresso. FHC combinou ontem com o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), os termos de um discurso pregando o "entendimento político" para enfrentar as turbulências externas e internas na economia.
Arruda esteve ontem pela manhã no Alvorada. O tom conciliatório foi proposto por FHC, usando como referência "o ideal juscelinista" -referência ao presidente Juscelino Kubitschek (1956-60).
"O presidente lembrou muito os métodos de articulação política de JK, que era de perdoar, de superar as dificuldades e de sempre fazer um apelo ao entendimento", afirmou Arruda. FHC, logo depois da reunião, fez um pronunciamento citando JK e comparando as ações dos dois governos.
Para o líder do governo, a preocupação do presidente com sua base governista no Congresso é a de evitar que "as fragilidades externas da economia se juntem às dificuldades políticas internas".
De acordo com Arruda, FHC disse que o cenário econômico externo "é menos positivo" do que há um mês. Ele citou as dificuldades na Argentina e a alta do dólar no mercado brasileiro como exemplos dos problemas.
Mais tarde, em plenário, Arruda aplicou no discurso a estratégia combinada com FHC. As propostas foram aplaudidas pelos aliados do governo e recebidas com desconfiança pela oposição.
O presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) estavam presentes à sessão, mas não comentaram a proposta enquanto os aliados reforçavam o "apelo" de Arruda.
Ao pregar o "entendimento nacional", Arruda se dirigiu diretamente a ACM e a Jader. Ele lembrou que, em janeiro de 99, quando houve a crise cambial, uma "convergência política" interna possibilitou a aprovação
das medidas propostas pelo governo.
"O senador Antonio Carlos, como presidente do Senado, teve uma atuação fundamental para salvar o Brasil", afirmou, provocando em ACM apenas gestos afirmativos com a cabeça. Dizendo que Jader também é uma "liderança política importante", Arruda fez um "apelo na linha da convergência e da harmonia".
Ontem à noite, os presidentes do Senado e da Câmara e os líderes governistas nas duas Casas se reuniriam para tentar estabelecer uma pauta consensual de votações para tirar o Congresso da paralisia em que está desde a escolha das presidências das Mesas.
Gripe do dólar
A eleição de Jader no Senado e de Aécio Neves (PSDB-MG) na Câmara deflagrou o racha na base aliada. O PFL se sentiu alijado do comando da aliança que apóia FHC e ACM rompeu com o governo, ficando isolado no partido e deflagrando uma série de denúncias de corrupção.
"Toda vez que o dólar espirra, o real pega uma epidemia", ironizou o líder do bloco da oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE).
Ele disse a Arruda que, além de se preocupar com os fatores econômicos externos, o governo deveria apoiar investigações de todas as denúncias de corrupção. Isso, segundo ele, também interfere na situação da economia.
"O mercado é suscetível às denúncias de corrupção no governo. A impunidade contribui para o descrédito da política", afirmou.
Saturnino Braga (PSB-RJ) afirmou que o governo brasileiro, ao contrário do argentino, tem credibilidade para defender uma união nacional e concordou que o momento é "grave", principalmente por causa da crise
econômica vivida por aquele país.
"Não podemos deixar que a política contamine a economia", disse o líder do PSDB, Sérgio Machado (CE).
FHC usa ameaça econômica para contornar crise política
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O presidente Fernando Henrique Cardoso argumentou com a piora do cenário econômico para tentar pacificar sua base aliada e retomar a votação de projetos de interesse do Planalto no Congresso. FHC combinou ontem com o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), os termos de um discurso pregando o "entendimento político" para enfrentar as turbulências externas e internas na economia.
Arruda esteve ontem pela manhã no Alvorada. O tom conciliatório foi proposto por FHC, usando como referência "o ideal juscelinista" -referência ao presidente Juscelino Kubitschek (1956-60).
"O presidente lembrou muito os métodos de articulação política de JK, que era de perdoar, de superar as dificuldades e de sempre fazer um apelo ao entendimento", afirmou Arruda. FHC, logo depois da reunião, fez um pronunciamento citando JK e comparando as ações dos dois governos.
Para o líder do governo, a preocupação do presidente com sua base governista no Congresso é a de evitar que "as fragilidades externas da economia se juntem às dificuldades políticas internas".
De acordo com Arruda, FHC disse que o cenário econômico externo "é menos positivo" do que há um mês. Ele citou as dificuldades na Argentina e a alta do dólar no mercado brasileiro como exemplos dos problemas.
Mais tarde, em plenário, Arruda aplicou no discurso a estratégia combinada com FHC. As propostas foram aplaudidas pelos aliados do governo e recebidas com desconfiança pela oposição.
O presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) estavam presentes à sessão, mas não comentaram a proposta enquanto os aliados reforçavam o "apelo" de Arruda.
Ao pregar o "entendimento nacional", Arruda se dirigiu diretamente a ACM e a Jader. Ele lembrou que, em janeiro de 99, quando houve a crise cambial, uma "convergência política" interna possibilitou a aprovação
das medidas propostas pelo governo.
"O senador Antonio Carlos, como presidente do Senado, teve uma atuação fundamental para salvar o Brasil", afirmou, provocando em ACM apenas gestos afirmativos com a cabeça. Dizendo que Jader também é uma "liderança política importante", Arruda fez um "apelo na linha da convergência e da harmonia".
Ontem à noite, os presidentes do Senado e da Câmara e os líderes governistas nas duas Casas se reuniriam para tentar estabelecer uma pauta consensual de votações para tirar o Congresso da paralisia em que está desde a escolha das presidências das Mesas.
Gripe do dólar
A eleição de Jader no Senado e de Aécio Neves (PSDB-MG) na Câmara deflagrou o racha na base aliada. O PFL se sentiu alijado do comando da aliança que apóia FHC e ACM rompeu com o governo, ficando isolado no partido e deflagrando uma série de denúncias de corrupção.
"Toda vez que o dólar espirra, o real pega uma epidemia", ironizou o líder do bloco da oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE).
Ele disse a Arruda que, além de se preocupar com os fatores econômicos externos, o governo deveria apoiar investigações de todas as denúncias de corrupção. Isso, segundo ele, também interfere na situação da economia.
"O mercado é suscetível às denúncias de corrupção no governo. A impunidade contribui para o descrédito da política", afirmou.
Saturnino Braga (PSB-RJ) afirmou que o governo brasileiro, ao contrário do argentino, tem credibilidade para defender uma união nacional e concordou que o momento é "grave", principalmente por causa da crise
econômica vivida por aquele país.
"Não podemos deixar que a política contamine a economia", disse o líder do PSDB, Sérgio Machado (CE).
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