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10/05/2001 - 03h32

Para presidente, CPI seria o fim

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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a usar o tradicional rolo compressor (um misto de fisiologismo com pressão política) para abafar a CPI da corrupção depois de avaliar que a investigação significaria, na prática, o fim do seu governo.

Além do incontrolável potencial investigativo de uma CPI, capaz de arrancar do armário antigos esqueletos (privatização do sistema Telebrás e caso EJ, por exemplo), o governo teme uma inevitável repercussão negativa entre os investidores estrangeiros e o empresariado nacional.

A combinação dos dois fatores permitiria uma só leitura, avalia FHC: a perda do controle político do país. O passo seguinte seria a contaminação da economia pelo "falso clima de mar de lama", expressão usada pelo presidente.

Ou seja, seria comprometido o planejado final de mandato com crescimento econômico, investimento inédito em projetos sociais e cacife para tentar eleger o sucessor em outubro do ano que vem.

Clientelismo
FHC, que há dez dias havia dito recusar a "barganha para evitar a CPI", não hesitou em reativar a prática clientelista.

O Planalto está convicto de que a base parlamentar não fala outra língua e acusa também a oposição de ter se aliado a políticos fisiológicos e de biografia suspeita para tentar instalar a CPI.

"Dos males, o menor", disse FHC a um tucano que afirmou que a opinião pública crucificaria o governo por impedir a CPI.

Segundo pesquisas do Planalto, FHC já pagou o preço de ser contra a investigação. Não teria mais nada a perder. Agora, resta insistir na versão, parcialmente verdadeira, de que a CPI é mera manobra eleitoral da oposição.

Mês difícil
No final de abril, o presidente sabia que maio seria um mês difícil. Além da crise política, o racionamento de energia promete ainda mais desgaste. Mesmo assim, o presidente e seus coordenadores políticos tiveram a ilusão de que poderiam controlar a CPI.

Chegaram a preparar um plano B. Indicar parlamentares de confiança para a comissão e encerrá-la nos 60 dias regimentais. No pior cenário, o governo adotaria um ajuste fiscal para segurar investimentos externos.
FHC, entretanto, enxergou que a oposição não faria de Jader Barbalho, o desgastado peemedebista que preside o Senado, o alvo prioritário.

Tampouco seria esse alvo o fragilizado senador pefelista Antonio Carlos Magalhães. O presidente acabou percebendo que até os partidos da base aliada, como PMDB e PFL, acabariam transformando-o na bola da vez.
 

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