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11/05/2001
-
05h27
PATRICIA ZORZAN
da Folha de S.Paulo, em Corumbá (MS)
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em Corumbá (MS), que considera uma "indignidade" a associação da entrega de verbas à retirada de assinaturas favoráveis à CPI da corrupção. "Há liberação de recursos todos os dias. A máquina do governo não pára. Mas não há nenhuma ligação entre isso e a CPI. Isso é uma indignidade que eu não aceito", disse.
"Não acho legítimo o governo liberar verbas para tirar assinaturas. Acho necessário que libere quando houver condições financeiras, independentemente do que estiver sendo votado. Se não vou ter de parar a liberação".
Em seu discurso durante a inauguração de uma ponte sobre o rio Paraguai, o presidente chegou a dizer que tal associação pretendia "enganar" o povo. "Não é correto fazer de conta que o governo está usando métodos imorais para sustentar uma posição política. Eu posso errar, erro. Mas não de má-fé. E não erro nunca com o propósito menor, seja de colocar a sujeira debaixo do tapete, seja de beneficiar-me de qualquer tipo de coisa ilícita. Isso não é erro. É crime. E crime eu não pratico".
A liberação de verbas para emendas atingiu R$ 15,6 milhões na terça -em um ritmo que chegou a R$ 2 milhões por hora.
Ainda assim, FHC declarou que o instrumento que pretende utilizar para barrar a CPI é "político" e de "convencimento". "Olha a deformação mental que existe no Brasil. Como se instrumento político fosse sempre dar dinheiro. Instrumento político é dizer que estão fazendo uma coisa errada, que estão contra o governo. Ou entendemos que a questão no Brasil é de convencimento ou quem pensa que vai ganhar a eleição ou o que quer que seja na base da fisiologia perdeu tempo".
Segundo o presidente, pedidos de "interesse da população" serão atendidos, sejam feitos por adversários ou por aliados.
FHC admitiu, entretanto, que sua "batalha política" contra a CPI inclui a nomeação de ministros e a saída dos quadros do governo de parlamentares infiéis.
"Não vou nomear ministro que é contra [o governo". Isso seria ridículo. Quem está contra está fora. Não sou eu que estou tirando".
Na avaliação de FHC, a instalação da comissão afetará a credibilidade do país. Ao discursar, FHC agradeceu aos deputados do Estado pelo apoio contra a comissão. Dos oito deputados de Mato Grosso do Sul, apenas os dois petistas assinaram o pedido.
O governador Zeca do PT e o presidente trocaram elogios durante a cerimônia. FHC se referiu ao governador como como "poeta", por sua habilidade em contar histórias. O governador chegou a afirmar mais tarde, em conversa particular com o presidente, que costumava dizer aos que estranhavam a amizade entre os dois que, em outra "encarnação", ele [FHC] deveria ter sido seu pai ou seu filho.
Serra
O ministro da Saúde, José Serra (PSDB), um dos pré-candidatos à sucessão de FHC em 2002, definiu ontem a CPI da corrupção como "uma brincadeira" e declarou que ela pode prejudicar a governabilidade do país.
"Na verdade, [a CPI" é uma estratégia de política eleitoral", afirmou o ministro.
Serra esteve em Porto Alegre para participar do 13º Seminário de Municipalização da Saúde, promovido pelo ministério.
"Crime eu não pratico", revida FHC
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da Folha de S.Paulo, em Corumbá (MS)
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em Corumbá (MS), que considera uma "indignidade" a associação da entrega de verbas à retirada de assinaturas favoráveis à CPI da corrupção. "Há liberação de recursos todos os dias. A máquina do governo não pára. Mas não há nenhuma ligação entre isso e a CPI. Isso é uma indignidade que eu não aceito", disse.
"Não acho legítimo o governo liberar verbas para tirar assinaturas. Acho necessário que libere quando houver condições financeiras, independentemente do que estiver sendo votado. Se não vou ter de parar a liberação".
Em seu discurso durante a inauguração de uma ponte sobre o rio Paraguai, o presidente chegou a dizer que tal associação pretendia "enganar" o povo. "Não é correto fazer de conta que o governo está usando métodos imorais para sustentar uma posição política. Eu posso errar, erro. Mas não de má-fé. E não erro nunca com o propósito menor, seja de colocar a sujeira debaixo do tapete, seja de beneficiar-me de qualquer tipo de coisa ilícita. Isso não é erro. É crime. E crime eu não pratico".
A liberação de verbas para emendas atingiu R$ 15,6 milhões na terça -em um ritmo que chegou a R$ 2 milhões por hora.
Ainda assim, FHC declarou que o instrumento que pretende utilizar para barrar a CPI é "político" e de "convencimento". "Olha a deformação mental que existe no Brasil. Como se instrumento político fosse sempre dar dinheiro. Instrumento político é dizer que estão fazendo uma coisa errada, que estão contra o governo. Ou entendemos que a questão no Brasil é de convencimento ou quem pensa que vai ganhar a eleição ou o que quer que seja na base da fisiologia perdeu tempo".
Segundo o presidente, pedidos de "interesse da população" serão atendidos, sejam feitos por adversários ou por aliados.
FHC admitiu, entretanto, que sua "batalha política" contra a CPI inclui a nomeação de ministros e a saída dos quadros do governo de parlamentares infiéis.
"Não vou nomear ministro que é contra [o governo". Isso seria ridículo. Quem está contra está fora. Não sou eu que estou tirando".
Na avaliação de FHC, a instalação da comissão afetará a credibilidade do país. Ao discursar, FHC agradeceu aos deputados do Estado pelo apoio contra a comissão. Dos oito deputados de Mato Grosso do Sul, apenas os dois petistas assinaram o pedido.
O governador Zeca do PT e o presidente trocaram elogios durante a cerimônia. FHC se referiu ao governador como como "poeta", por sua habilidade em contar histórias. O governador chegou a afirmar mais tarde, em conversa particular com o presidente, que costumava dizer aos que estranhavam a amizade entre os dois que, em outra "encarnação", ele [FHC] deveria ter sido seu pai ou seu filho.
Serra
O ministro da Saúde, José Serra (PSDB), um dos pré-candidatos à sucessão de FHC em 2002, definiu ontem a CPI da corrupção como "uma brincadeira" e declarou que ela pode prejudicar a governabilidade do país.
"Na verdade, [a CPI" é uma estratégia de política eleitoral", afirmou o ministro.
Serra esteve em Porto Alegre para participar do 13º Seminário de Municipalização da Saúde, promovido pelo ministério.
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