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19/05/2001 - 16h37

Ministério Público prepara novas denúncias no caso Marka/FonteCindam

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da Folha de S.Paulo, no Rio

O Ministério Público Federal prepara novas denúncias contra outros supostos beneficiados pelo esquema de venda de informação privilegiada que o economista Francisco Lopes teria montado quando estava à frente do Banco Central.

Trata-se de uma virada no caso Marka/FonteCindam. Os envolvidos na história -que começou em janeiro de 1999, com a desvalorização do real e a ajuda mal explicada aos dois bancos de investimento- já respondem a processos judiciais e estão com os bens sob pedido de sequestro.

O governo brasileiro tenta negociar a extradição do principal personagem, o banqueiro Salvatore Cacciola, que está foragido em Roma desde julho do ano passado, protegido pela cidadania italiana.

"Esperamos a conclusão de inquérito sigiloso da Polícia Federal, já em andamento, para entrar com novas denúncias", afirmou hoje o procurador da República Artur Gueiros, um dos responsáveis pelo caso Marka/FonteCindam.

Gueiros não ficou surpreso com a reportagem publicada hoje pela revista "Veja", segundo a qual o banqueiro Salvatore Cacciola, ex-dono do Marka, chantageou o ex-presidente do Banco Central com base em grampos telefônicos que provariam que Francisco Lopes passava informações privilegiadas, que eram vendidas no mercado pelo economista Rubem de Freitas Novaes.

"Tínhamos todas essas suspeitas que, por falta de provas, não entraram na denúncia", explicou Gueiros. Os procuradores desconfiavam do suposto esquema de chantagem encabeçado por Cacciola, mas não sabiam, como ainda não sabem, do paradeiro das fitas.

"Espero que o Cacciola as traga para o Brasil. É mais um motivo para o governo se empenhar em sua extradição", disse Gueiros. "Achamos que o Cacciola foi fazendo o grampo para garantir que não seria traído."

De acordo com a revista "Veja", Cacciola ameaçou revelar o esquema caso não fosse ajudado pelo Banco Central, durante a desvalorização do real, em janeiro de 1999. O BC acabou vendendo dólares ao Marka e ao banco FonteCindam abaixo da cotação do mercado e teve um prejuízo calculado em R$ 1,6 bilhão.

O banqueiro guardaria, num cofre no Brasil e num banco no exterior, cópias da gravação.

Segundo o repórter Policarpo Júnior, de "Veja", Lopes passava informações sobre juros e câmbio para seu compadre, Luiz Augusto Bragança -irmão de Sérgio Bragança, sócio do ex-presidente do BC na empresa de consultoria Macrométrica. Bragança as repassava a Rubem Novaes, que faria contato com os clientes do vazamento, entre eles o próprio Cacciola e o banqueiro André Esteves, do Banco Pontual, do Rio.

Lopes, Cacciola e Bragança foram denunciados à Justiça, em junho do ano passado, com mais 10 acusados de participação na suposta ajuda ilegal ao Marka, entre eles a ex-diretora de Fiscalização do Banco Central Tereza Cristina Grossi Togni e o ex-consultor da diretoria de Política Monetária do BC Alexandre Pundek Rocha.

De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público Federal, Lopes "aceitou promessa de vantagem" em troca do socorro ao banco Marka.

Os procuradores afirmaram na denúncia que Cacciola, com a ajuda dos economistas Rubem Novaes e de Luiz Augusto Bragança, "prometeu vantagem indevida" a Lopes para obter o socorro, "logrando êxito nesse intento".

O ex-presidente do BC está sendo julgado sob acusação de prevaricação (pena de um a quatro anos de prisão, mais multa), peculato (pena de dois a 12 anos de prisão, mais multa) e corrupção passiva (pena de um a oito anos, mais multa).

Em outro processo, relativo ao bilhete encontrado em sua casa, que mencionava conta no exterior de US$ 1,675, Lopes está sendo julgado sob a acusação de evasão de divisas.

A Folha tentou ouvir Francisco Lopes e Sérgio Bragança, mas foi informada, na residência de ambos, que eles estavam viajando. Rubem Novaes não retornou os recados deixados em sua caixa postal.

Os advogados José Carlos Fragoso (de Salvatore Cacciola) e Guilherme Vieira (de Chico Lopes), também não responderam os recados deixados pela reportagem.

A reportagem ligou para os três celulares que, segundo a reportagem da "Veja", teriam sido habilitados por Luiz Augusto Bragança para o esquema de informações privilegiadas.

Os números 9916 2833 e 9995 5055 estavam fora de área. O número 9983 5660 é de Luís Carlos Souza Fontes. Ele informou ser proprietário da linha há vários anos e se mostrou surpreso quando informado que o número teria sido usado por Luiz Augusto Bragança. Ele disse que não conhece Bragança e não tem nenhuma ligação com o assunto.

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