21/05/2001 - 15h18

Líder do governo convida Malan a prestar esclarecimento no Senado

RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PSDB ), apresentou um requerimento há pouco convidando o ministro Pedro Malan (Fazenda) para prestar esclarecimentos quanto à acusação de que ele sabia de um suposto esquema de venda de informações privilegiadas ao mercado financeiro por Francisco Lopes, ex-diretor e ex-presidente do Banco Central.

Pela acusação da revista "Veja", Malan teria ajudado a acobertar a chantagem feita pelo ex-banqueiro Salvatore Cacciola a Lopes. O ministro da Fazenda deverá prestar esclarecimento em uma sessão conjunta da CAE (Comissão de Assunto Econômico) e da CFC (Comissão de Fiscalização e Controle).

A data da audiência pública deverá ser marcada amanhã pelos presidentes das duas comissões, os senadores Lúcio Alcântara (PSDB-CE) e Ney Suassuna (PMDB-PB).

Jucá afirmou que o governo não tem nada a esconder quanto a acusação e tem tranquilidade em relação a qualquer tipo de esclarecimento que possa ser prestado pelo ministro.

O líder do governo acredita que a denúncia não reforça um novo pedido de CPI mista (Câmara e Senado) com a justificativa de que o caso já vem sendo apurado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) disse que ao convidar Malan para prestar esclarecimentos a base governista está mudando a estratégia para evitar a CPI.

"Um governo que estabelece um verdadeiro balcão de negócios sujos com liberação de cargos e verbas para impedir uma CPI estabelece agora uma nova tática. Qual o instrumento que as comissões têm para identificar se ele irá falar a verdade?", disse a senadora, lembrando que não há juramento do depoente nas audiências públicas.

Hoje, às 20h, deverá ocorrer uma reunião entre os líderes da oposição no Congresso para tratar de uma estratégia de ação nesse novo caso.

A suposta cumplicidade do governo na chantagem sofrida por Lopes no caso da venda de informações do Banco Central está sendo o tema de hoje da maioria dos senadores que discursam na sessão de hoje.