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29/05/2001 - 03h35

ACM insinua "esculhambar" Malan, que adia depoimento

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RAQUEL ULHÔA
da Folha de S.Paulo

A 48 horas da renúncia, revisando as 35 páginas de seu discurso de despedida, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) mirou mais um alvo: Pedro Malan, ministro da Fazenda, cujo depoimento no Senado seria no mesmo dia.

"Se o depoimento for mesmo na quarta-feira, adio meu discurso por uns minutos e vou na comissão esculhambar o Malan com perguntas indiscretas sobre o Cacciola", disse. Sobre o tipo de pergunta, ACM respondeu, enigmático: "Ele [Malan] sabe".

Previsto para as 17h de amanhã, o depoimento do ministro Pedro Malan (Fazenda) sobre o caso Marka/FonteCindam foi adiado para quinta, às 10h. O discurso de ACM será na quarta, às 15h30.

Malan mandou ofício se dispondo a depor amanhã, às 17h, após o discurso de renúncia de ACM, o que aborreceu o ex-presidente do Senado, que não queria concorrência.

No Senado, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, Lúcio Alcântara (PSDB-CE), resolveu adiar a audiência para quinta. Malan concordou.

"Porradinha"
O discurso de ACM deve ser recheado de acusações contra o governo e seus aliados. Fará ataques a FHC e ao presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA). "Todo mundo vai levar sua porradinha." O discurso tem por objetivo ser a pedra fundamental de uma volta triunfal nas eleições de 2002, não o fim melancólico de mais de quatro décadas de vida pública.

Em seu apartamento de Salvador (BA), ACM soube que a Polícia Federal quer ouvi-lo sobre as denúncias de desvios na extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), que atingem seu rival Jader.

ACM diz que o discurso terá novidades. "Tem que ter uma surpresa, senão não tem graça".

Jader, que estava ontem no Pará, evitou comentar a expectativa para o discurso de ACM. "Evidentemente é um ato inusitado, mas a renúncia é um ato pessoal que eu, como presidente do Senado, não posso fazer
comentários".

Fazendo os últimos preparativos para viajar a Brasília, ACM comemorava a queda da popularidade de FHC, mostrada em pesquisa de opinião a ser divulgada hoje pela CNT (Confederação Nacional do Transporte). "O governo está despencando".

ACM é irônico em relação ao futuro do presidente. Mesmo prevendo que o governo não conseguirá melhorar sua imagem até o final de 2002, o senador diz que FHC "vai sair [do governo] bem, porque pouco importa para ele como o país vai ficar".

Embora não tenha decidido se irá disputar o governo do Estado ou o Senado, ACM disse que, se a eleição fosse hoje, iria preferir ser eleito senador, "até para ver a cara dos derrotados". O pefelista tem uma certeza: a lista com os votos da cassação do ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF) vai aparecer. "Ela [a lista" vai aparecer, mas não será agora. Vai demorar. E não será pelas minhas mãos".

Segundo a Folha apurou, antes de embarcar para Brasília, ACM disse que Ramez Tebet (PMDB-MT), presidente do Conselho de Ética, votou contra a cassação.

Lista
O senador Geraldo Althoff (PFL-SC) encomendou à sua assessoria jurídica um parecer sobre a possibilidade de processar senadores que eventualmente tenham tomado conhecimento da lista de cassação de Estevão. Althoff acredita que o entendimento jurídico será pela incriminação.

Se a conclusão for pela qualificação como crime de omissão -o fato de ter acesso à lista sem denunciar a violação-, Althoff deve encaminhar representação ao Conselho de Ética contra os congressistas que supostamente conheceram o documento.

A decisão de solicitar o parecer foi tomada na quarta passada, logo depois da votação no conselho que aprovou o relatório do senador Saturnino Braga (PSB-RJ). Althoff votou pela aprovação do relatório, excluindo, no entanto, a menção à pena de cassação.
 

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