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30/05/2001 - 08h32

ACM amplia terror verbal e sugere que FHC tenha visto a lista

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RAQUEL ULCHÔA
da Folha de S.Paulo

Na véspera da renúncia, marcada para as 15h15 de hoje, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) tentou por várias vezes ao longo do dia envolver o presidente Fernando Henrique Cardoso no escândalo da violação do painel eletrônico do Senado. Por mais de uma vez, insinuou que FHC tinha conhecimento da lista.

A primeira vez foi logo ao chegar ao Senado. ""É possível que o presidente tenha visto a lista [com o resultado da votação que resultou na cassação de Luiz Estevão"", disse. ""Pode ser que o presidente tenha falado comigo ou com o ex-líder sobre alguns nomes."

Logo em seguida a cúpula do PFL foi em peso ao gabinete de ACM. Os pefelistas manifestaram preocupação com a contundência dos ataques contra FHC e contra o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA). ""O partido foi dizer que ele é o condutor do seu discurso, mas que ele deve sair [do Senado] da melhor maneira possível", disse o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC).

"Sugerimos que ele não fosse tão contundente", afirmou o líder da bancada, Hugo Napoleão (PI). FHC não quis comentar as insinuações de ACM. O Planalto cancelou a entrevista do seu porta-voz, George Lamazière, prevista para o final da tarde de ontem.

ACM trouxe da Bahia as 35 páginas de seu discurso prontas, mas fez algumas alterações de última hora, após receber a cúpula. "Ninguém mais vai me desrespeitar, daqui para a frente", disse. ""Se por um lado perco o mandato, por outro adquiro minha liberdade para dizer o que quero. E não vou mais ser contido."

ACM tentou tranquilizar os colegas pefelistas, dizendo que não "personalizaria" os ataques. ""A conversa foi boa, porque o ímpeto dele estava alguns graus acima", disse um dos senadores. Foi combinado que ACM não dará aparte a nenhum senador, para evitar provocações e, consequentemente, um descontrole do baiano.

O comportamento de ACM após a conversa mostrava que, aparentemente, o PFL não conseguiu convencê-lo a poupar FHC.

Discurso
Ao contrário do que os pefelistas pediram, ACM fará referências claras a FHC, com quem está rompido há cinco meses, e a Jader, adversário público.
Irônico, disse que o presidente não deve ser preocupar com seu discurso, ""já que não se preocupa com nada".

ACM vai responsabilizar FHC pela crise energética e, se for preciso, disse que mostrará os relatórios entregues ao presidente em 1996 e 2000 por ministros e técnicos da área, alertando para o risco do apagão.

O senador vai repetir que foi prejulgado e criticar o processo conduzido no Conselho de Ética por Ramez Tebet (PMDB-MS), a quem acusou na segunda-feira de ter votado contra a cassação de Luiz Estevão. ACM vai dizer que voltará ao Senado e que, a partir de agora, se dedicará à Bahia.

Em seu penúltimo dia como senador, ACM não poupou nem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao comentar a possibilidade de ele ser candidato a presidente da República. "Alckmin? Ele já morreu há muito tempo, o José Maria Alckmin. Ah! Vocês estão se referindo ao de São Paulo?", debochou.

Bornhausen também levou sua estocada. ACM disse que seu filho e suplente, Antonio Carlos Magalhães Júnior, deverá se aconselhar com Waldeck Ornélas e Paulo Souto e não com Bornhausen, "porque Santa Catarina está muito longe do Nordeste". Ironias também foram reservadas a Tebet, cotado para ministro da Integração Nacional. "Ele não cuida nem de Mato Grosso do Sul."

Mas FHC foi o alvo preferido. "Ele não é vaidoso. Se fosse, preocuparia-se com a sua popularidade. Quem gosta de apagão pode até ficar com o governo."


 

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